quarta-feira, maio 17, 2017

Finalmente tetra

Finalmente tetra

                O sábado passado foi intenso. Um sábado resumido em três “F”, pelo centenário das aparições de Fátima, pelo futebol e pelo Festival Eurovisão.

                Como podem ler no título da crónica, apenas vou referir o futebol, mais concretamente a conquista do tetra campeonato pelo Benfica. 

                O primeiro tetra campeonato foi conquistado em Portugal pelo Sporting. Corria o ano de 1954 e a mítica equipa deste clube ficou conhecida pelos “cinco violinos”, pela qualidade do futebol praticado, por igual número dos seus jogadores. Nas décadas anteriores, o Benfica tinha conquistado um tricampeonato, nas primeiras edições do Campeonato Nacional, feito igualado anos depois pelo Sporting. Conhecendo-se a rivalidade dos clubes lisboetas, percebe-se perfeitamente que alcançar um tetra campeonato foi uma obsessão para o Benfica. Depois de 1954, por quatro vezes, os encarnados conquistaram três campeonatos seguidos. O quarto escapou sempre. Umas vezes por poucos pontos, outras por mais e na última delas, em 1977/1978, o campeonato foi perdido pela diferença de golos marcados e sofridos.

Foi preciso esperar 39 anos, em rigor quase este número, pois faltaria um mês para se completar o aniversário, para os adeptos do Benfica conseguirem concretizar um sonho antigo: de igualar o feito da equipa de Jesus Correia, Travassos, Vasques, Albano e Peyroteo. É sabido que durante estas quase quatro décadas, aquele feito foi superado pelo Futebol Clube do Porto, pelo que, como se percebe, para os adeptos do Benfica um novo ciclo se inicia.

Os jogos decisivos são vividos por mim de forma especial. Transformo-me em adolescente, salto (quando não permaneço os 90 minutos sempre de pé), grito, enfim, vibro a ver os jogos. Este ano, optei por ver estes jogos acompanhado, em espaços públicos, como referi na crónica a propósito do Oliva Beer Mind, outros em espaços privados, quer em ambiente amigável, quer em ambiente hostil, ou em casa de amigos em ambiente de fraternidade e completo acordo na devoção ao clube. Adotando sempre a mesma postura de adepto, crítico nos maus momentos, incentivando quando as coisas correm mal e feliz por o jogo ter terminado. Há muito, optei por digerir rapidamente qualquer resultado.

Ver a festa de Lisboa, via BTV, apenas até à entrega da Taça ao capitão Luisão e depois repetir o ritual do banho de multidão na Rua João de Deus.

Quatro anos consecutivos, cada vez mais gente a encher as ruas.

A longa fila de automóveis, as perícias dos automobilistas, os fogachos, as tochas, os petardos a ecoar são as atrações da festa espontânea. Um manto vermelho, saltitante, repetindo os cânticos de incentivo à equipa são o motivo de união e os afetos trocados entre aqueles que se encontram por ali, tornaram as imediações do Largo do Souto, até à metade superior da Rua João de Deus, o principal destino do adepto do Benfica, residente na região envolvente de S. João da Madeira.

Apesar de toda a desordem observada, da ocupação da rua, do incumprimento do código da estrada, não foi preciso um contingente policial para serenar ânimos. A espontaneidade levou à desmobilização, contrastando com receções a equipas de futebol nos aeroportos, em que uma dezena de adeptos irritados, obriga à presença de três dezenas de polícias. Provavelmente terão razão as forças de segurança, em propor que os clubes de futebol passem a pagar diretamente o policiamento, nos estádios e não só, pois assim, os seus dirigentes, após a apresentação da fatura, seriam mais comedidos e deixariam de incentivar o ódio, retomando o desporto a sua vertente mais lúdica.

Feito o intervalo, nas próximas semanas retomo a análise política.

 

(a publicar no dia 18/05/17)

 

quarta-feira, maio 03, 2017

Dias de sossego

Em Abril ficaram a conhecer-se os primeiros candidatos às eleições autárquicas de 1 de Outubro. Apesar de ser prematuro fazer qualquer análise, por não serem conhecidas todas as candidaturas, é possível esboçar um pequeno comentário, face às decisões das últimas semanas.

Quem abriu as hostilidades eleitorais foi a CDU, com a apresentação dos três cabeças de lista. Tal facto comprova a eficiência desta coligação partidária, apostando na continuidade de alguns dos seus mais conhecidos militantes, o que é uma garantia para os eleitores que preferem votar em candidatos com provas dadas na comunidade, do que em políticos aventureiros e inconsequentes, com tendências demagógicas.

O anúncio da candidatura de Jorge Sequeira causou maior surpresa. Em primeiro lugar, por ser dado adquirido que o presidente da concelhia do PS seria o candidato do partido a presidente da Câmara Municipal. Esteve bem Rodolfo Andrade. Não seguiu as apostas dos comentadores políticos e provou que o PS pode ter outras soluções, que demonstram que o partido é democrático e não autocrático. Rodolfo demonstrou que é possível haver candidatos que não sejam simultaneamente líderes da concelhia, provando ser líder para servir o partido e não para se impor ao partido.

A reação do PS ao anúncio da candidatura de Jorge Sequeira foi curiosa.

Na primeira semana, quando o jornal O Regional anunciou em primeira mão o candidato, surgiram nas caixas de comentários na página da internet, sob um cobarde anonimato, uma série de críticas tanto ao presidente da concelhia, como ao visado. Na semana seguinte, já com certezas e informando o calendário da Comissão Política Concelhia, continuaram os comentários depreciativos. Ao ler tudo isto, esperava-se uma divisão do partido e que o nome proposto fosse aceite com uma diferença de votos muito baixa. Assim não aconteceu. Conforme foi notícia a semana passada, o nome de Jorge Sequeira foi aceite e bem, tendo recebido apenas um voto contra e dezasseis favoráveis.

Rodolfo Andrade e Jorge Sequeira ganharam o partido e isso verificou-se no dia 25 de Abril, com militantes e independentes afetos ao PS a acompanhar o candidato pelas ruas da cidade. Não se pense que são tudo rosas, os espinhos continuam a abundar nos comentários online no outro semanário local, obviamente anónimos e no mesmo tom de despeito e de falta de respeito, como se verificou nestes primeiros dias de Maio.

Independentemente de tudo isto, o regresso de Jorge Sequeira foi uma lufada de ar fresco para a política local. Ele é um militante indefetível do PS, com muita experiência política. O seu currículo demonstra-o. A garantia de serviço à comunidade é uma mais-valia do candidato do PS, em especial, pela sua ligação desinteressada ao associativismo, como se pode comprovar pela diversidade de instituições em que desempenhou funções, bem como pelos diferentes cargos ocupados.

Por ora, é isto que importa realçar. Permitindo que os democratas de S. João da Madeira fiquem descansados, pois sabem que seja qual for o resultado das eleições de 1 de Outubro, o progresso da cidade não será posto em causa, atendendo à sensatez que Jorge Sequeira demonstrou ao longo dos últimos 30 anos de vida pública. 

Duas notas finais: a primeira para dar os parabéns a ADS e à sua secção de basquetebol pela capacidade de mobilização demonstrada ao longo do último fim-de-semana, ao encher a sala de fornos da Oliva, na exposição levada a público. A segunda para as eleições presidenciais francesas, deste Domingo, fazendo votos para que os próximos tempos na Europa, não se tornem em dias de desassossego.      

 

(a publicar no dia 04/05/17)