Nos dias seguintes às eleições, a imprensa nacional tem o bom hábito de apresentar os resultados por via de mapas do nosso país, indicando quem foi o vencedor em cada concelho e atribuindo a cada partido ou coligação partidária uma determinada cor. Esta perspectiva, permite verificar tendências de voto em determinadas zonas do país e encontrar de forma rápida o resultado eleitoral de alguns concelhos, cuja localização nos é familiar.
Nas eleições do passado dia 9, a observação da zona entre rios Douro e Vouga conduz-nos a uma sucessão de concelhos pintados a cor de laranja – concelhos com vitória do PSD, com as faixas laterais pintadas a cor de rosa – concelhos com vitória do PS. Nesses mapas globais, os editores têm sempre dificuldade em contemplar o concelho de S. João da Madeira por motivos vários, como por exemplo, na revista Visão do dia 13 de Outubro, que sobrepôs o nome do distrito à área deste concelho, ficando uma letra a tapar os seus contornos, o que não permitiu evidenciar a separação dos concelhos vizinhos.
Esta tendência editorial surgiu na década anterior, quando os jornais passaram a apresentar páginas a cores. A partir dessa época a apresentação no tocante a resultados das eleições autárquicas era bem mais dignificante para S. João da Madeira. A sua visibilidade era sempre maior, devido a ser apresentado por um ponto azul – símbolo da vitória do CDS/PP - no meio do mesclado laranja e rosa.
Chamava sempre a atenção. Sobretudo, para aqueles que do seu imaginário infantil, se recordam dos livros de Astérix. À terceira página surgia o mapa da Gália e por baixo da lupa a aldeia do herói gaulês. A legenda continha as seguintes frases: “Toda a Gália está ocupada pelos Romanos... Toda? Não! Uma aldeia habitada por irredutíveis gauleses resiste sempre ao invasor”. Com as devidas proporções, evidentemente. A situação ainda ficou mais bizarra, quando nas várias entradas da cidade se colocaram “dois menires” em paralelo.
Apesar da longevidade de Astérix, os tempos são agora outros. O próprio autor do nosso (ou meu) herói, apesar de ser um digno representante da banda desenhada europeia, tem introduzido nos seus livros sinais de mangas – BD japonesa – e de comics americanos, como no último livro, lançado a 14 do presente mês, “ O Céu cai-lhe em cima da cabeça”.
Sinal dessa mudança de tempos, o PSD saiu claro vencedor das eleições autárquicas neste concelho. Uma vitória por maioria absoluta em todas as frentes. A eleição do 5º elemento para o executivo camarário foi deveras uma surpresa, mesmo sabendo que era esse o propósito do reconduzido Presidente da Câmara, desde Dezembro de 2001. Conseguiu-o por pouco mais de 400 votos, os mesmos que fugiram ao PS, para eleger o segundo vereador e sair destas eleições de cabeça erguida, pois teria contrariado o objectivo do PSD. Curiosamente, na votação para a Assembleia Municipal e para a Junta de Freguesia, o PS obteve esses votos!?
Espera-se que a oposição saída destas eleições não hiberne. O PS tem que continuar a sua reestruturação, apresentando alternativas construtivas aos projectos e à dinâmica imposta por Castro Almeida. Não pode esperar por Maio de 2009 e verificar que é necessário encontrar um candidato às eleições autárquicas desse ano. A menos que encontre uma solução semelhante à do PSD em 2001...
E do executivo Camarário, o que se espera? Pelo apresentado e pelos votos conquistados, espero que a meta não seja chegar ao sexto vereador em 2009. A sucessão de inaugurações nos próximos 4 anos vão transformar a cidade. Elejo apenas estas: Centro Empresarial, Cinema Imperador e o novo Centro Comercial na Avenida Renato Araújo. Contudo, gostaria que o novo executivo, perante as questões sociais deste concelho e dos limítrofes, promovesse uma política de emprego ambiciosa, à semelhança do prometido pelos seus correligionários de partido e de área metropolitana.
A poção mágica de S. João da Madeira foi, é e será na minha opinião, a sua capacidade industrial. Reformular o tipo de produção, qualificando os seus agentes, procurando novos produtos com maior valor acrescentado é um desafio da economia nacional e que se aplica particularmente a este concelho.