quarta-feira, setembro 25, 2013

Mobilização

                A quatro dias das eleições autárquicas, não posso deixar de apreciar a capacidade de mobilização das mais variadas forças políticas, durante a campanha eleitoral.

As campanhas eleitorais estão mais ou menos padronizadas. Visitas aos aglomerados populacionais, com o intuito de falar com os moradores dos vários prédios, são hoje prática corrente. Do mesmo modo surgem as visitas às instituições e associações da cidade, assim como, a algumas repartições Estatais mais emblemáticas. Comum é também a visita a empresas, alguns autorizados a conhecer o interior e outros ficando à porta, distribuindo brindes, sorrisos e propaganda. Por fim, temos as arruadas, umas bandeiras, uma troca de palavra com os transeuntes, a entrada em algum comércio e a visita ao mercado municipal.

Tudo isto foi visto e revisto pelos demais eleitores.

A capacidade de mobilização varia entre cada força política.

Com o recurso às redes sociais, os candidatos vão divulgando fotos, procurando demonstrar o trabalho efetuado. Alguns espalham-se ao aparecerem praticamente sozinhos, em locais pouco movimentados, em dia de jornada laboral para a maioria dos trabalhadores. Para contrariar esta tendência, publicam várias fotos, de vários acontecimentos, retirando importância aos momentos menos felizes e procurando esconder a pouca mobilização extra partidária.

Existem as forças políticas que enchem espaços públicos recuperados da cidade, ou que promovem concertos gratuitos, ou que promovem convívios com fila para a merenda. Isto é demonstrativo do magnetismo dos candidatos e significa votos no dia das eleições.

Este é o cerne de uma campanha eleitoral.

Há indicadores curiosos: gestão do orçamento da campanha e apreciações globais positivas no facebook – neste campo, convém referir que por motivos exógenos, a campanha do CDS / PP, no dia 18 de Setembro, alcançou uma visibilidade nacional incomparável.

Voltando ao raciocínio, aqueles dados poderão acalentar alguma surpresa no resultado final das eleições, na disputa pelo segundo lugar, já que a lista independente, do movimento AD SJM Sempre, apresenta-se em qualquer dos dois indicadores mencionados, uns furos acima do principal adversário.

A acontecer, isto penalizará a incoerência política de alguns candidatos, pela não realização de um debate sério sobre a Praça, afastando a campanha do centro, optando por ações populistas maioritariamente nos bairros periféricos. A apresentação de soluções avulsas para a Praça, algumas após a divulgação do programa eleitoral, assemelha-se a atos desesperados ao jeito dos candidatos a presidentes de clubes de futebol. 

No domingo, a contagem de votos será esclarecedora.

Será um serão com um ouvido em S. João da Madeira e outro em Setúbal, onde João Ribeiro concorre à autarquia local, com uma certeza, atendendo ao número de eleitores daquela cidade, será o conterrâneo a obter mais votos nas eleições de 2013.

 

(a publicar no dia 26/09/13)

 

quarta-feira, setembro 18, 2013

Opiniões

                Nas páginas do labor destinadas às crónicas, vai imperando o pluralismo. Nos tradicionais artigos de opinião, juntam-se textos de militância com artigos de cidadania. Esta salgalhada evita o unanimismo. Havendo críticas para ambos os lados, trocando-se argumentos e sugerindo-se ações.

                Eu leio com particular atenção os artigos dos meus companheiros de páginas. Não tenho o hábito de publicamente tecer comentários mas, por vezes, comunico diretamente com alguns deles, quando verifico ser necessário.

                No contexto eleitoral que atravessamos, este equilíbrio de publicação de artigos de opiniões, é quebrado com os textos dos candidatos.

Por estes dias, as páginas dos jornais enchem-se de campanha eleitoral. Além das várias reportagens sobre as ações dos vários partidos, surgem textos de opinião, nos quais alguns candidatos discorrem sobre temas, por eles considerados plausíveis de apreciação.

Para os leitores mais distraídos, um artigo assinado por um colunista não usual nas páginas dos jornais, confere-se sempre de novidade. Se não reconhecer aquele rosto, há sempre a tendência de leitura do texto, para conhecer a opinião do autor. É claro, que ao fim de algumas linhas, o mistério está desvendado e o colunista identificado com algum partido político, o que pode refrear o entusiasmo do leitor, ou pelo contrário, aumentar o interesse, conforme as opiniões e sensibilidades de cada um.

Alguns articulistas identificam-se, juntando à fotografia e nome, o seu estatuto de candidato. Uma opção honesta para com o leitor, que pode assim, escolher previamente a leitura ou não do artigo assinado. 

                Em democracia, todas as opiniões são válidas. 

                Não consigo classificar do mesmo modo os argumentos esgrimidos. Apreciações pessoais utilizando-se proveniência social e guarda-fatos são extremamente penalizadores para quem as utiliza. Do mesmo modo, agitar com o bairrismo, numa época em que os oito quilómetros quadrados da cidade não são suficientes para a população local, que necessita de trabalhar ou dormir fora do concelho, é um argumento redutor. Já questionar a independência política, quando no geral, todos os partidos têm candidatos e cabeças de lista aos demais órgãos na mesma condição, não é percetível.

                Esperava-se mais dos textos políticos publicados. Acreditava-se que fosse esclarecido o programa eleitoral dos vários partidos. Promessas esmiuçadas. Medidas tangíveis, com números concretos associados a cada uma. Já para não falar do cabimento orçamental. Do ganho associado, indicando o valor de investimento de cada promessa.

Sobre isto nada li.

Ingenuamente, aguardava uma campanha eloquente, sem se utilizar a arma do ataque ao adversário, com alegação básica. Uma campanha esclarecedora, sem procurar a vitimização. Uma campanha com debates de ideias, sem a preocupação de promover manchetes dos jornais.

Provavelmente terei que esperar mais alguns anos…

Enquanto isso, vou continuando a seguir os textos do Artur Nunes, do Pedro Neves, da Joana Costa, do Fernando Moreira, já que a partir de Outubro… só estes me acompanharão na edição do jornal labor.  

 

(a publicar no dia 19/09/13)

quarta-feira, setembro 11, 2013

Ambição

                A nova piscina municipal tem sido tema recorrente nos meus textos. Sempre me manifestei contra, atendendo a que considerava ser possível fazer uma adaptação das atuais instalações, economizando-se uns largos milhares de euros.
Sobre o assunto escrevi várias vezes, idealizando um plano B, caso não fosse garantido financiamento para a nova piscina, através de fundos comunitários.
                Não vou repetir os argumentos de outrora.
Nem mudei de opinião.
Perante a possibilidade, cada vez mais real, do financiamento ficar garantido, é necessário olhar-se para o projecto com outros olhos.
Longe de mim criticar o projecto vencedor e muito menos o seu autor.
Acontece que, por linhas tortas, o dono da obra vai pedir ao autor umas pequenas alterações.
Esta abertura deve ser aproveitada.
A flexibilidade da Câmara Municipal de S. João da Madeira, em pretender dotar o complexo de uma vertente de apoio à natação de alta-competição regional, permite apresentar algumas considerações desportivas. 
Sendo eu um optimista e ambicioso, nada me impede de escrever as seguintes linhas.
A natação, como actividade desportiva e física, engloba cinco fases distintas:
- adaptação ao meio aquático
- ensino
- manutenção física
- treino
- competição  
A estas, deve-se acrescentar a utilização da piscina por aqueles que procuram momentos de lazer: uns mergulhos, umas brincadeiras refrescantes e uma boa dose de diversão.
                Tendo tudo isto presente, o caderno de encargos da nova piscina solicitava soluções para todas utilizações: um tanque para adaptação; um tanque para lazer e outras actividades físicas; uma piscina de 25 metros, com duas pistas de 50 metros acopladas, permitindo o ensino, o treino e também a manutenção física.
                De fora ficava a componente competitiva, pois para receber provas homologadas pelas entidades competentes, é necessário uma adaptação, ficando, para o efeito, a piscina com apenas com 25 metros, o que não permite receber todo o tipo de competições.
                Convém referir que os Campeonatos Nacionais de Natação, em qualquer escalão, atraem centenas de participantes, familiares e demais apreciadores da modalidade, como S. João da Madeira teve oportunidade de verificar no segundo fim-de-semana de Julho passado, na piscina exterior.
                Se for construída como projectada, a nova piscina ficará amputada. Gastar cinco milhões e não construir bem será um erro. Além do desperdício de verbas comunitárias.
                A maior ambição de S. João da Madeira será construir um equipamento público diferenciador. Ora, tal só será conseguido através de uma piscina que englobe todas as vertentes da natação, incluindo a possibilidade de receber, no Inverno, provas nacionais e internacionais homologadas.
                A melhor forma de o fazer é construir uma piscina multiusos.
Tal como os pavilhões modernos, a ideia será dotar a nova piscina com todas as 8 (ou 10?) pistas com 50 metros de comprimento, permitindo adaptar o plano de água às reais necessidades: no dia-a-dia aulas, treinos, horário de actividade física para idosos e espaço de lazer; quando necessário, todas as divisões seriam retiradas e todo o volume de água seria destinado à realização de provas de competição, ou para qualquer outra actividade.
Ressalvo, para evitar erros de interpretação, que sou favorável à construção do tanque de adaptação ao meio aquático, tal como idealizado no projecto vencedor. A grande alteração, seria a fusão dos outros dois num só, repito-me para vincar a ideia.  
                A quinze dias das eleições autárquicas é de estranhar que os vários candidatos ignorem este assunto, não se referindo a ele de forma objectiva e clara. É um grande investimento, espera-se que seja co-financiado, no entanto, vai obrigar a autarquia a contrair um empréstimo, a aumentar a sua dívida e pela cidade espalham-se cartazes partidários e nem uma só palavra sobre o assunto.
                Um debate que não surge, evidenciando que o resultado da sondagem publicada em Agosto, não é fruto do acaso.
                A Câmara Municipal de S. João da Madeira, caso queira, poderá construir na cidade uma piscina ao nível das melhores no país, agradando aos seus habitantes, à comunidade da natação e a todos os forasteiros que a procurem, para os mais variados fins.
                Acredito que será esse o caminho.
 
(a publicar no dia 12/0913)
 

quarta-feira, setembro 04, 2013

Fim de Agosto

Para o regresso, quatro breves apontamentos do mês findo:

1.            A sondagem publicada no jornal “O Regional” condicionou as próximas eleições autárquicas. Em especial, por ser divulgada a menos de dois meses da data agendada para o escrutínio e ao ser publicada na última edição, antes das férias de Agosto.

Ao não permitir qualquer reacção política, nem comentário, nem estudo contraditório, nem acção de mobilização dos eleitores, por coincidir com o mês em que a maioria da população está de férias, existe a forte convicção que as eleições já estão decididas.

                Os números divulgados, a confirmarem-se no dia 29 de Setembro, permitem antever uma folgada vitória de Ricardo Figueiredo, uma disputa curiosa pelo segundo lugar, entre o candidato do PS e a candidatura do Dr. Jorge Lima e uma feroz disputa entre as restantes três forças políticas – CDS/PP, CDU e Bloco de Esquerda – pelo quarto lugar, ou pela fuga à menos votada.

                A sondagem confirma a ideia, expressa anteriormente, da população local se identificar com a independência política. Entre a entrega desinteressada à causa pública ou a luta partidária, os eleitores preferem a primeira, assim como, optam pela elevação argumentadora em detrimento do ataque insultuoso. São sinais democráticos bem visíveis por todo o país e a maioria da população sanjoanense reconhece-se neles. 

2.            Uma notícia do Jornal Notícias, sobre a hipotética devolução de alguns hospitais aos respectivos núcleos concelhios da Santa Casa da Misericórdia, evidenciou outra forma de fazer política: a assertividade. Um comunicado curto, vincando uma ideia antiga, a necessidade de o Hospital de S. João da Madeira permanecer no Serviço Nacional de Saúde. Em contraste, uma longa lista de acusações, esquecendo a necessidade de racionalizar meios do Estado, tão correctamente apregoada durante os anos 2005 a 2009.

3.            As características essencialmente urbanas do concelho de S. João da Madeira permitem encarar a época de incêndios com alguma distância. Apesar de muitos fogos serem em freguesias de concelhos vizinhos, as chamas raramente incomodam a população local. O fumo, esse faz-se sentir e permite visualizar ao longe a desgraça que outros estão a viver. Neste contexto, a notícia da detecção de um eventual incendiário, oriundo de S. João da Madeira, não possibilita encarar todo este processo sem se questionar o falhanço da educação e da acção cívica comunitária.

4.            A exposição de Joana Vasconcelos no Palácio Nacional da Ajuda com 235.000 espectadores, a grande maioria durante o mês de Agosto e a exibição do filme “A Gaiola Dourada”, ao qual assistiram em Portugal no último mês, o da estreia, 430.000 espectadores, demonstram a capacidade dos criadores nacionais em atrair público. Contribuí para esses números, intervalando os banhos e as sessões de leitura, para, em família, visualizar as concepções de Joana Vasconcelos e a divertida história filmada pelo luso-francês Ruben Alves. Depois do sucesso da exposição em Versailhes da artista portuguesa, temos outro bom exemplo da exploração do filão: comunidades portuguesas.