terça-feira, março 31, 2020

Até ao confinamento

No inicio de março, optei por enviar para o jornal labor um longo texto, dividido em três partes, cada correspondendo a uma edição semanal, por prever que o mês seria difícil e pouco tempo me restaria para o exercício de escrita. 
Assim foi.  
Apesar de na primeira semana de março estar convalescente, devido a um bloqueio no esófago, obrigando-me a fazer uma endoscopia baixa, que não resolveu o problema e uma alta, definitiva, no bloco de pequenas cirurgias do Hospital de Santo António do Porto, tudo na madrugada de 29 de Fevereiro, consegui ter discernimento para decidir o que publicar nessa semana. Como senti que a aproximação do vírus covid-19 era inevitável, naquele mesmo dia surgiu o primeiro caso em Portugal, com internamento no mesmo hospital, onde horas antes eu tinha feito os tratamentos, fiquei apreensivo, decidindo editar uma breve história da AEJ, nos moldes atrás descritos.
Nos catorze dias seguintes fiquei de alerta aos possíveis sintomas físicos. Recorrendo a uma tabela sintomática ilustrativa, publicada pela Organização Mundial de Saúde, fui avaliando o meu estado, esperando que rapidamente ultrapassasse o período de incubação, sem qualquer complicação. Entretanto, surgiam noticias de testes ao vírus covid-19 positivos nos concelhos de Ovar e de Santa Maria da Feira, com uma grande proximidade ao meu perímetro de residência e de trabalho. Na segunda semana de março, a aproximação foi cada vez maior. A freguesia onde habito passou a ser notícia nacional e a freguesia onde trabalho, faz fronteira com outra freguesia, que se tornou mundialmente famosa, por ser dali oriunda a mãe infetada a fazer o primeiro parto nessa condição. No final dessa semana, estando eu a perfazer a quinzena pós noite no Hospital Santo António, mais confiante portanto, sou informado que a esposa de um colega de trabalho tinha acusado positivo. Apesar do colega ter ficado em isolamento uns dias antes, desde que havia suspeitas de contaminação, o perigo de contágio era agora muito superior. 
A terceira semana de Março foi terrível. Cada dia, mais casos em Portugal, piores notícias vindas de Espanha e de Itália, enfim, do mundo inteiro. Trabalhei a semana toda de máscara, sempre a limpar as mãos, a desinfetar objetos, impondo regras sanitárias aos restantes elementos da equipa de trabalho, evitando o aproximar, o aglomerar, o falar sem máscara. Enquanto isso, no município de Ovar pedia-se uma cerca sanitária e o Estado ficava em emergência. A dupla condição e a confusão gerada, ainda me permitiram atravessar a calamidade, com um certificado da empresa durante dois dias.  Entretanto, apesar dos seus esforços, junto do SNS24, para realizar o teste ao vírus covid-19, apenas ao fim de uma semana, o meu colega conseguiu fazer o exame. Ainda assim, apenas dois dias depois, o resultado foi divulgado – positivo. Ao chegar a casa, no final de sexta-feira à tarde, respondo ao inquérito telefónico do SNS24, apesar de eu não ter sintomas, só tinham passado nove dias desde o último contacto com o infetado, sendo que a partilha de espaço fechado, por mais de quinze minutos, foi condição determinante. Passei a estar referenciado, ficando em isolamento profilático durante cinco dias.
O fim de semana foi penoso. Mantive-me de máscara. Aprendi finalmente a respirar com este equipamento de proteção individual. Lembrei-me da respiração de Carlos Lopes, campeão olímpico, enquanto fazia a maratona: pelo nariz. Deste modo, a boca não seca tanto e não é preciso beber tanta água. Aproveitei o isolamento para a leitura, colocando em dia a leitura diária do Público e dedicando-me à releitura do livro "Os Irmãos Karamazóv" de Fyodor Dostoevsky.
Os restantes dias estive em teletrabalho, sempre confinado ao quarto. Uma experiência curiosa, sem tempos de deslocação: acabar de lavar os dentes, em seguida ligar o portátil e entrar em contacto com os restantes elementos da empresa; o regresso "a casa", em sentido contrário, fechar o portátil e começar a ler, ou fazer outra atividade (aproveitei para visualizar uma série britânica, sobre os adeptos de futebol do Surderland). Sintomas, não tive. Passei a medir a temperatura duas vezes por dia (obtendo valores disparatados como 34,9º ou 35,2º); não tive dores de cabeça, nem de garganta, nem outras complicações (comi com apetite e não perdi o olfato). Apesar de tudo, perdi peso. Teste não fiz. Prioritários por estes dias eram os profissionais de saúde e os doentes com sintomas. Entre estes contavam-se alguns colegas da empresa,  que apesar de terem pequenos sintomas, o teste efetuado revelou estarem limpos do covid-19.
Ao quinto dia tive alta. Apesar disso, como a cerca sanitária de Ovar tinha-se tornado mais seletiva, não pude sair do concelho. Passei do isolamento profilático para o estado de quarentena comunitária. Deixei o quarto, para começar a trabalhar em teletrabalho em qualquer compartimento da casa, podendo fazer as refeições com a restante família.
No final dessa tarde, outro caso do vírus covid-19, provocado por outro foco, colocou a totalidade da empresa em quarentena. Voltei a ficar em isolamento. Desta vez, não me confinei ao quarto. Nem em teletrabalho.
O meu segundo isolamento profilático já terminou. 
Continuo sem sintomas. 
Aprendo a viver em confinamento.
O relato desta experiência ficará para uma próxima edição.

(a publicar no dia 02/04/20)

terça-feira, março 10, 2020

Breve história da AEJ - 3ª parte - nas Corgas

Apresento hoje o último texto sobre a história da AEJ. Se o leitor se recorda, no texto anterior descrevi a dedicada ação da nova direção, com as alterações desencadeadas no clube, demonstrando como esta associação estava dispersa pela cidade.

Apesar da nova dinâmica, a AEJ precisava de concentrar toda a sua atividade nas Corgas. A Câmara Municipal de S. João da Madeira em outubro de 2001 cedeu umas salas disponíveis no complexo desportivo das Corgas, mais a gestão dos courts de ténis. Apesar de realizado o desejo, as eleições autárquicas em dezembro de 2001 elegeram um novo Presidente da Câmara Municipal, o que significou que o processo de mudança para a nova sede demorou um pouco mais.

É neste clima de negociação que se inicia o mandato de Nuno Fernandes. Após vários meses de negociações, a AEJ conseguiu a cedência das instalações atuais, concentrando a sede social, a organização do campo de férias, a secção de xadrez, a de capoeira e a de natação, tudo nas Corgas. Na nova sede, nasceram novas secções – ténis e parapente e estendeu-se o apoio a outras atividades – karting e motociclismo. Com tudo isto, a AEJ passou a ser um clube eclético e reconhecidamente ganhou o estatuto de segunda associação desportiva da cidade.

Os resultados desportivos continuaram a aparecer, sobretudo, nas secções desportivas mais antigas. Com destaque para a natação e o título de Campeão Nacional de Gustavo Costa, treinado por Augusto Macedo. 

Em outubro de 2005, é eleito presidente da AEJ, Artur Barbosa. Pela primeira vez, um sócio não fundador passa a liderar os destinos do clube. Do seu curto mandato, destaque para a aproximação à juventude, com um conceito de animação envolvendo os jovens monitores dos Campo de Férias Estamos Juntos (CFEJ). É neste ano que surge um novo projeto na Natação, com Luís Ferreira a treinar um novo lote de nadadores e onde prontificavam entre outros, Diogo Moreira e Ana Rodrigues.

A mudança de presidente, com a eleição de Pedro Neto, em 2007, permitiu à AEJ ser liderada por um jovem, oriundo dos monitores dos CFEJ. Pedro Neto liderou o clube até 2010. No seu mandato fecharam as atividades de parapente, motociclismo e karting e em contrapartida, o judo esteve em atividade durante o ano de 2008. Um regresso às origens do CFEJ. O judo infelizmente não teve continuidade, essencialmente, porque a atividade estava localizada fora do Complexo Desportivo das Corgas, o que contrariava a essência da AEJ dos últimos anos.

É por estes anos, que o trabalho individual de Ana Rodrigues na Natação começa a sobressair. A Federação Portuguesa de Natação aponta-a para o projeto Olímpico de Londres, para o ano de 2012.

Em 2010, surge um novo capítulo na história da AEJ. António Deville é eleito presidente. Depois de dezanove anos de sucessivas lideranças de sócios fundadores e de mais cinco com direções de antigos participantes em Campos de Férias, surge um sócio, sem aqueles predicados, a comandar os destinos do clube. Condição que se manteve ao longo dos últimos 9 anos.

Os resultados desportivos são igualmente melhorados. Antes de fechar portas, o xadrez chegou a competir durante uma época no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, ou seja, entre as 10 melhores equipas do país. Em 2013, demonstrando a longevidade desta secção, Rodrigo Ribeiro, filho de um dos primeiros xadrezistas do clube sagra-se vice-campeão Nacional de sub-08.

               Embora nem só de destacados resultados desportivos viva um clube, a atividade da secção de ténis, nunca chegou a sobressair no contexto distrital ou nacional da modalidade. Para isso, pode ter contribuído o sucessivo mau estado do piso dos courts municipais e o adiar da resolução e modernização daquelas instalações desportivas.

Relativamente à Natação, destaque para o trabalho de Ana Rodrigues. Em 2010, consegue a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados em Singapura. Dois anos mais tarde, Ana Rodrigues sempre conseguiu o apuramento para os Jogos Olímpicos de Londres – a página dourada do desporto desta Associação. Aliás, da cidade de S. João da Madeira.

Era o culminar do sonho desportivo da AEJ, premeditado nos anos 80 do século passado, ainda no Tanque-piscina da Escola Primária do Parque, por Armando Margalho, enquanto monitor de natação, que traçou um desafio para o desporto de S. João da Madeira: “com o complexo desportivo das Corgas, estavam reunidas condições para um sanjoanense participar nos Jogos Olímpicos”.

Em 2020, esta associação, sob a liderança de Joaquim Fial, procura consolidar o seu projeto desportivo, contando com cinco secções: Natação, Ténis, Triatlo, Surf e Fitness, envolvendo mais de 100 atletas. O CFEJ continua a ser organizado, tendo-se adaptado aos novos tempos, aumentando a sua duração, com maior diversificação de atividades, procurando ser uma solução de confiança, para os pais que pretendem ocupar os seus filhos nas férias escolares.

Novos talentos desportivos, entretanto, despontaram. Um novo nadador, Henrique Silva, está referenciado pela Federação Portuguesa de Natação, treinando regularmente no Centro de Alto Rendimento de Rio Maior, conseguindo obter títulos nacionais.

Novos objetivos serão traçados, novos sonhos se concretizarão.

 

(a publicar no dia 26/03/20)

 

 

Breve história da AEJ - 2ª parte - pela cidade

Na semana passada abordei a história da AEJ no período circunscrito às traseiras da escola do Parque. O artigo terminava com a oficialização do conceito “Estamos Juntos” e pela vontade da AEJ em participar em provas oficiais de basquetebol e de natação.

A inscrição em Campeonatos Nacionais na Federação Portuguesa de Basquetebol não foi realizada atempadamente. Só em 1987 é que a AEJ competiu em termos federados. Nesse ano, além de promover a internacionalização Campo Férias Estamos Juntos (CFEJ), recebendo em S. João da Madeira, um grupo de jovens ingleses, é inaugurado o Complexo Desportivo Municipal das Corgas, com pavilhão e piscina interior de 25 metros. Durante as três épocas seguintes, a AEJ competiria no Campeonato Nacional da 3ª Divisão em Basquetebol e estaria inscrita na Associação de Natação de Aveiro. Durante esse período, já no ano 1988, após um interregno na organização do CFEJ, José Miguel Guerra assume a presidência da AEJ, sendo na sua presidência que é organizado em 1989 o espetáculo “Adeus ao Verão”, com a subida ao palco, montado na Praça Luís Ribeiro, de vários artistas locais.

Em 1990 é extinta a secção de basquetebol. A secção de Natação vê os seus atletas saírem para a Associação Desportiva Sanjoanense e António Pinho, após demissão de José Miguel Guerra, assumindo o cargo de presidente interinamente, procura consolidar o seu trabalho desenvolvido na organização do CFEJ, já no complexo das Corgas, lançando um novo técnico, Luís Ferreira e consequentemente um novo projeto para a secção de Natação e apoia a criação da secção de xadrez.  

É com base no trabalho destas duas secções que a AEJ atravessa a última década do século passado. Com o xadrez a viver em salas emprestadas e a natação a utilizar a piscina para treinos (cada secção reunia os documentos em casa do seu diretor), ressaltavam os resultados desportivos alcançados. Durante estes anos o tronco comum da AEJ era a organização do CFEJ, que abandonou o modelo simplesmente desportivo e passou a proporcionar aos participantes momentos de diversão, adequados aos tempos de férias escolares, tendo sempre como ponto alto, a sua festa final, preparada para ser exibida na Praça Luís Ribeiro, no meio da programação das noites de verão da cidade.

O xadrez arrancou com bons resultados a nível Nacional, como o 2º lugar no Campeonato Nacional feminino de Alzira Silva, logo em 1991, organizado em S. João da Madeira, pela AEJ, que valeu à jogadora a internacionalização, tendo participado nas Olimpíadas da modalidade em Novi Sad (ex-Jugoslávia). Apesar deste resultado, a grande aposta da AEJ passou a ser a partir de 1992, os escalões de formação, com a conquista de vários títulos distritais e tendo-se atingido bons resultados no Campeonato Nacional de Sub-20 por Stephane Silva e Ricardo Pinho. Com base nesses jovens, criou-se uma equipa forte que atingiu o seu máximo ao subir à 2ª Divisão, em 1999, colocando-se entre as 20 melhores equipas do país.

Os resultados da Natação nesta década são essencialmente individuais, com uma sucessão de atletas a conseguirem atingir a marca de campeão nacional, em escalões de tenra idade. Títulos em campeonatos e ótimos resultados nacionais conseguidos por Inês Aleixo, João Bastos, André Bastos, Daniela Azevedo acompanhados por outros atletas fizeram a AEJ aparecer no contexto distrital como um clube de referência e projetar o clube para patamares episódicos de disputa da 3ª Divisão Nacional. A partir de 1992, a AEJ voltou a ser o único clube com secção de Natação em S. João da Madeira, com o regresso ao clube de Augusto Macedo.

Ao longo destes anos desta década de 90, sempre com Lisete Costa a liderar o clube, ainda surgiu uma nova secção de desporto automóvel, para apoio a pilotos locais como Paulo Lima e Pedro Correia.

Na viragem para o novo milénio, Rui Guerra assumiu a presidência da AEJ. O clube passou a ter uma sede social, embora reduzida, alteraram-se os estatutos, criou-se o ficheiro de sócios, realizaram-se Assembleias Gerais duas vezes por ano, mantiveram-se as duas secções desportivas (natação e xadrez), o campo de férias alargou o seu horário para a tarde, diversificando a oferta aos participantes e ainda houve oportunidade para a inscrição da AEJ como associação juvenil, no então denominado, Instituto Português da Juventude. A reorganização do clube, fez a cidade aproximar-se da AEJ, passando esta a ser vista como uma solução para a concretização de projetos desportivos e é assim que surge a secção de capoeira, que passava a treinar na Escola Secundária Dr. Serafim Leite.

 

(a publicar no dia 19/03/20)

 

 

Breve história da AEJ - 1ª parte - à volta do Parque

No dia 27 deste mês será realizada a Assembleia Geral Extraordinária da Associação Estamos Juntos para revisão da totalidade dos seus Estatutos. Oportunidade para dar relembrar aos leitores do jornal labor a história, em modo breve, desta associação.

Dividi os quase quarenta anos, em três textos. Hoje publico a primeira parte, intitulada à volta do Parque. Nas próximas duas semanas serão publicados os textos com as etapas posteriores.

Apesar do ano de fundação da Associação Estamos Juntos ser 1986, a atividade sob designação “Estamos Juntos” começou em julho de 1982. As traseiras da Escola Primária do Parque acolhiam o 1º Campo de Férias, que contou com 65 participantes, de idades compreendidas entre os 4 e os 12 anos. As atividades realizavam-se durante as manhãs dos dias de semana, propondo-se aos participantes o contacto com diversas modalidades desportivas: Natação - aproveitando-se o tanque piscina de 12,5 metros, construído à época naquele espaço; Futebol – atendendo à existência de um ringue em terra batida, com duas balizas no recreio da referida Escola; Voleibol – por existir uma rede da modalidade num outro ringue, igualmente em terra batida; Judo – colocando-se os colchões apropriados no refeitório da referida Escola; Xadrez – com tabuleiros a partilhar o espaço do Judo. Estas atividades tinham como complemento os passeios em grupo pelo Parque Nossa Senhora dos Milagres, no qual o circuito de manutenção era desafiador para as crianças verificarem a sua apetência para exercitar os seus dotes físicos. Esta atividade foi inovadora na ocupação de tempos livres de crianças, em período de férias escolares.

Todas as manhãs, pelas 9 horas, os participantes eram recebidos sempre do mesmo modo. Crianças e monitores davam as mãos fazendo uma grande roda, ouviam de Armando Margalho as novidades do dia, ou as recomendações, conselhos e no final da palestra todos gritavam “Estamos Juntos”, precedida da contagem “1, 2, 3”. Este ritual manteve-se durante os anos que o Campo de Férias Estamos Juntos (CFEJ) se realizou nas traseiras daquela Escola. Cada nova edição trazia uma novidade: uma faixa do CFEJ à passagem para as traseiras da Escola do Parque; os cartazes promocionais distribuídos por S. João da Madeira; uma bandeira do CFEJ, hasteada todas as manhãs, antes da receção na roda; a festa final, noturna, inicialmente com o encerramento dos torneios desportivos e passado uns anos com a atuação dos demais grupos etários, exibindo em palco as suas competências artísticas; o acampamento na Serra da Freita e houve um ano que nos quinze dias de preparação do CFEJ, além de limpar as ervas dos ringues, houve tempo para roçar e montar um campo de basquetebol, com duas tabelas chumbadas, aproveitando-se a experiência acumulada na construção de um pequeno lado, que iniciado em 1982, apenas terminaria em 1987. Um ponto mais para explicar a simbologia dos CFEJ, inicialmente para melhor identificar os participantes, solicitava-se aos pais das crianças uma t-shirt, estampando-se monocromaticamente o logótipo da edição do Campo de Férias. Ainda nesta fase da história do CFEJ, surgiu a oferta dessa t-shirt, primeiro como o símbolo em bicolor e mais tarde com várias cores estampadas e com desenhos mais imaginativos.

A envolvente desportiva do CFEJ iria marcar o inicio de atividade da Associação Estamos Juntos. O aproveitamento do campo de basquetebol, promovendo jogos ao fim de tarde, entre um grupo de antigos atletas federados e a vontade de jogar semanalmente vestindo um equipamento de um clube, fizeram nascer a Associação Estamos Juntos (AEJ). Em agosto de 1986, oficializava-se o conceito Estamos Juntos. O seu primeiro presidente foi Armando Margalho. O grupo informal que organizava o CFEJ, que durante anos se autointitulou de Cooperativa, passava a associação, abrindo-se assim, uma nova etapa no desporto de S. João da Madeira. Ao basquetebol, juntava-se a secção de natação, procurando-se potenciar os melhores alunos da escola de natação municipal, que funcionava até então, claro está, no tanque piscina da Escola do Parque.

 

(a publicar no dia 12/03/20)

 

quarta-feira, março 04, 2020

18 meses

Sensivelmente daqui a ano e meio serão agendadas as eleições autárquicas de 2021. Em final de setembro ou princípio de outubro do próximo ano, conforme o calendário a afixar pelo Governo. Pode parecer uma data distante, mesmo havendo umas eleições Presidenciais no inicio do ano, contudo, já há movimentações partidárias que permitem tecer algumas considerações.

O Partido Socialista tem como objetivo consolidar o resultado obtido em 2017, mantendo o maior número de Câmaras Municipais conquistadas nessas eleições. Por seu lado, o Partido Social Democrata pretende recuperar o que perdeu, meta definida antes das eleições legislativas de 2019. Os restantes partidos, atendendo à expressividade de cada um, ainda não se focaram totalmente no processo.

Na prática, o PS tem um programa já a decorrer – Diálogo Olhos nos Olhos – que consiste na promoção de debate entre elementos do grupo parlamentar, eleitos por cada ciclo eleitoral, com habitantes dessa região. Um itinerário distrital, com periodicidade mensal, que deverá percorrer a totalidade do país, permitindo assim, acertar ideias e slogans para a campanha eleitoral.

Do lado do PSD, a técnica é diferente. Primeiro sugerem-se candidatos, com as concelhias a convidarem, para encabeçar a lista, os seus militantes melhor posicionados para vencerem as eleições. Os convites podem ser endereçados a militantes de outras concelhias, ou recorrer-se a independentes perfeitamente identificados com o partido. A título de exemplo, observe-se a sugestão do nome de Paulo Rangel, atualmente eurodeputado, como candidato à Câmara Municipal do Porto.

Em São João da Madeira o processo não será diferente.

O cenário é novo.

Após 16 anos de executivos de maioria PSD, em 2021 tudo se altera, com o PS a chegar na confortável posição de ter maioria na autarquia. Este conforto proporciona a possibilidade de apropriação da execução do plano de atividades municipal. Ou escrito de outra forma, a procura da execução do programa eleitoral. Ora, nesta matéria, os dezoito meses que faltam para as eleições parecem ser pouco para o atual executivo.   

Tarda o lançamento de obras na Praça Luís Ribeiro, com consequência imediata de causar desconforto aos habitantes, comerciantes e seus clientes (pó e lama durante a execução). Quanto mais tarde terminar, ou mais próximo do ato eleitoral, a assimilação do novo conceito por parte da população poderá não ter o efeito esperado (em 2017, nos meses anteriores às eleições, a retirada do Elemento Arquitetónico da Praça não foi nada pacífica). Por outro lado, não fazer nada é prejudicial, sobretudo, depois de três anos à espera e de tal empreitada ter sido amplamente propagandeada. Para não fazer, já existe o tema da Piscina, o adiamento da gestão elétrica de baixa tensão, entre outras promessas que não serão cumpridas, como a instalação da Casa da Memória.

Ainda há outros temas que podem gerar desconforto, como a política de continuidade na gestão da água, em que a mudança de executivo nada alterou, nem trouxe benefício direto para a população, ou seja, não houve reversão simbólica, nem devolução de rendimentos à população, com a respetiva redução das taxas cobradas na fatura da água.

É neste desequilíbrio que o PSD poderá apostar. Fazendo analogia com a sua história, este partido terá que convidar um candidato com perfil dinâmico, conhecido no concelho, com uma visão clara para a cidade. Atributos que poderão agradar aos eleitores e alterar o sentido de voto daqueles 1700 que em 2017 votaram no PS e que nas intercalares de 2016, tinham votado na coligação PSD/CDS.

Por tudo isto, em 2021, as eleições autárquicas de São João da Madeira deverão ser extremamente interessantes, se se proporcionarem escolhas partidárias adequadas. No limite poderão desencadear um processo eleitoral sem vencedor anunciado.

 

(a publicar no dia 05/03/20)