terça-feira, outubro 31, 2006

Deslizes e Mergulhos

Os estabelecimentos de ensino da cidade foram notícia, em semanas anteriores, por bons motivos.
A aposta do executivo municipal em dotar o concelho com escolas “entre as melhores do país” tem sido executada perseverantemente.
A recente inauguração da nova biblioteca na Escola EB1 do Espadanal, complementando a reestruturação global de que as escolas municipais foram alvo, terá continuidade com a expansão da Rede de Bibliotecas a mais 2 escolas, nos próximos anos.
Mesmo sem apoio para a construção da quarta Escola secundária, a atribuição de verbas do PIDDAC à Escola Secundária Dr. Serafim Leite, para ampliação de instalações, permite prosseguir a remodelação do parque escolar, procurando-se com este pressuposto que a ambicionada qualidade no ensino seja alcançada e reconhecida.
Para isto contribuem as posições no ranking nacional das Escolas Secundárias, seja qual for o critério de avaliação. A colocação da Escola João da Silva Correia entre as melhores do distrito e do país, enaltece o trabalho de todos os envolvidos no processo de ensino, em particular da própria Escola, claro está.
Tendo o vértice da estrutura piramidal reconhecido, estando o parque escolar recuperado, não havendo graves problemas, nem mesmo inclusão em listas negras de análises da DECO, poder-se-ia pensar no “dossier” ensino como pronto e a entrar em “velocidade cruzeiro”.
O próprio Presidente da Câmara reconheceu que os próximos investimentos serão “menores”, a nível de “software educativo e equipamentos desportivos”.
Na minha opinião existe aqui uma possibilidade de melhoria de instalações que não se deveria desperdiçar.
As escolas primárias foram recuperadas, é certo. Foram dotadas com espaços culturais, com equipamentos de diversão no recreio, com melhorias ao nível do conforto dos alunos e do serviço de refeições. Apesar de considerar tudo isto extremamente importante e suficiente para o bom funcionamento do ano escolar, não posso deixar de ser um pouco mais ambicioso para as escolas do concelho.
Das verbas a atribuir pelo PIDDAC, 78.838 euros provêm do projecto Conservação e Remodelação do Parque Escolar da Região Norte. Através deste montante não seria possível, atribuir uma verba para a recuperação do Tanque – Piscina da Escola do Parque?
Este equipamento desportivo está abandonado, enquanto piscina destinada a crianças em idade escolar, desde o final da década de 80. A sua recuperação permitiria aos alunos desta escola frequentarem aulas de natação em horário diurno, sem saírem das instalações da escola. Além destes, a piscina poderia ser utilizada por crianças do pré-escolar. Os horários complementares poderiam ser rentabilizados com aulas para este público específico, em especial, finais de tarde e fins de semana, os períodos mais procurados e por isso mais saturados na actual piscina municipal.
É evidente que uma piscina de 12,5 metros não se esquece, existe na memória colectiva de muitos que ali aprenderam a nadar. Mais do que o valor afectivo, é justo alertar para o desperdício de um equipamento municipal, que dotaria uma escola EB1, com umas instalações excelentes de nível europeu.

terça-feira, outubro 24, 2006

Iluminação Nocturna

Em tempos fui deputado Municipal na respectiva Assembleia de S. João da Madeira.
É verdade.
O meu mandato, de substituição a terceiro, durou 6 meses, interrompido pelo regresso do membro efectivamente eleito. Durante esse período, tive a oportunidade de perceber a dinâmica da Assembleia Municipal, o seu regimento, as tácticas e as inscrições sobre um assunto a debater. Não tive propriamente uma participação activa, preferi mais escutar e assimilar do que proferir qualquer palavra sobre determinado assunto. Penso que o facto de estar a prazo e a iniciação política me inibiram um pouco.
Lembro-me que o período antes da ordem do dia me surpreendeu bastante. Reparos, simples reparos eram abordados pelos vários deputados municipais. Estado de conservação de ruas, sinalização de obras e outros assuntos similares eram motivo de intervenções sumárias. Os mais experientes adiantaram-me que essa prática era comum a vários concelhos, pelo que passei a visitar os locais com problemas levantados, para melhor perceber o assunto. Numa sessão, nesse referido período, um determinado deputado alertou para o facto de uma das ruas da cidade, em período nocturno, se encontrar completamente às escuras. Como o assunto me pareceu grave, desloquei-me a essa artéria de noite, para verificar a escuridão. A rua não era muito grande e dois simples candeeiros tinham as lâmpadas fundidas. Com a simples troca, o problema da iluminação ficava resolvido, no entanto, em noites sem luar, de facto, não se via nada. Passado uns dias a iluminação foi reposta, para sossego dos moradores dessa rua.
Recordo este curto episódio, sem importância, para introduzir uma novidade nestes artigos de opinião, precisamente, o reparo. Não por uma qualquer rua mal iluminada mas, porque na principal Avenida da cidade a iluminação nocturna é diminuta. Associada à pequena queixa está um tema importante, a segurança rodoviária da cidade.
Existem na cidade várias passadeiras bem iluminadas, devidamente pintadas, com sinalização vertical eficaz e até com um moderno sistema de sinalização horizontal, através de pequenas lâmpadas intermitentes implantadas no chão. Penso que nessas, as pessoas não têm medo de atravessar porque sabem que o farão em segurança e serão vistas pelos automobilistas. Pelo que tenho lido, ultimamente os atropelamentos rodoviários ocorrem de dia, alguns precisamente em passadeiras e outros na zona pedonal. Infelizmente alguns são mortais, o que levanta sérias reservas sobre a eficácia do patrulhamento policial. Aliás, o principal motivo de insegurança da circulação de peões na cidade é precisamente o atravessar na passadeira. Os transeuntes apesar de já estarem na passadeira, quando um carro se aproxima nunca sabem se este pára ou não.
Na Avenida Renato Araújo entre as bombas de gasolina e a rotunda do Orreiro, devido à construção do novo centro comercial, a iluminação nocturna desta artéria é bastante reduzida. Sinceramente, as passadeiras estão apagadas, a sinalização vertical mal se vê e os modernos sistemas de lâmpadas intermitentes não existem. Como as obras estão para durar, tendo ainda a agravante da construção aérea, a visibilidade nesta avenida será cada vez menor. A probabilidade de surgirem atropelamentos aumentará. Antes que isso aconteça, é urgente intervir, garantindo que o avanço das obras não retirará a visibilidade aos automobilistas e permitirá a todos os que circulam a pé e têm necessidade de atravessar a Avenida Renato Araújo o possam fazer em absoluta segurança, sem receios de atropelamento.
Não tomem este reparo, como qualquer tentativa de oposição à construção do centro comercial. É importante que a sua construção seja efectuada com segurança para todos, prevenindo-se, ou melhor, evitando-se a ocorrência de acidentes rodoviários graves. A PSP como controladora de trânsito tem uma importante tarefa neste sentido, no entanto, a autarquia como “entidade reguladora”, deve manter e projectar os meios necessários para que a circulação de peões na cidade se faça sem receio, por parte dos munícipes.

terça-feira, outubro 10, 2006

Reentré política sinuosa

Decididamente os tempos estão difíceis para o edil local.
Uma sucessão de acontecimentos nestes últimos meses, podem ter alterado a sua imagem perante os munícipes.
Tudo começou com a implosão da vereação. A saída da Dr. Fátima Roldão, foi um momento crítico para a proclamada coesão da “equipa vencedora”. Ainda por cima, no mesmo momento, na Assembleia de Freguesia, um dos elementos afectos ao PSD optou por abdicar. No caso da ex-vereadora ficou a ideia, com fundamento ou não, de que terá acontecido algo diferente do motivo apresentado para a demissão. Na verdade, na política por mais razões pessoais que se apresentem, espera-se sempre ouvir histórias diferentes. Como as razões apresentadas não satisfizeram, conjectura-se sobre as relações entre vereadores e destes com o Presidente.
Tudo estaria bem com a remodelação efectuada. No entanto, apesar de ser defendido o contrário, o suposto traçado da A32, mais favorável a S. João da Madeira mas, com impacte ambiental negativo, revelou que houve outros concelhos mais habilidosos na arte de negociação. Uma auto-estrada que durante anos foi apresentada como sendo até S. João da Madeira, inclusivamente foi uma das principais promessas eleitorais, afinal e na melhor das hipóteses fica afastada uns 500 metros. Se o traçado A for o escolhido (o que sinceramente espero que aconteça), inaugura-se um período novo na política, promessas eleitorais com tolerâncias, tal como as cotas nos desenhos técnicos.
A capacidade de negociação de Oliveira de Azeméis ficou mais evidente ao manter as Urgências no Hospital do concelho, depois de perder o Serviço de Maternidade. Apesar do próprio Ministro da Saúde, segundo o DN de 10 de Outubro de 2006, sossegar os autarcas dizendo que o estudo não é definitivo. É certo que a Autarquia de SJM reagiu veemente, tendo inclusivamente divulgados números demonstrativos de que a equipa que efectuou o estudo para o Ministério da Saúde não é conhecedora da realidade local. Segundo os dados revelados, em SJM são assistidos mais residentes do concelho vizinho, do que do próprio. O argumento apresentado pelo Administrador do Hospital Distrital de S. João da Madeira sobre as condições da Urgência, comparados com o Hospital S. Miguel é bastante válido. Quem teve a oportunidade de ser atendido nos dois hospitais, facilmente constata as condições de um e de outro. Todos estes argumentos, obrigam a um desgaste extra dos autarcas locais. Defesa de um serviço de saúde que pode alterar a qualidade de vida dos munícipes, é obrigatória. Todavia, o Ministério da Saúde não costuma ser flexível. A ver vamos.
Apesar do endividamento público do concelho não estar entre os setenta mais elevados, o Governo anunciou que SJM iria perder verbas canalizadas do próximo orçamento de Estado. Menos 2,5%, revelava o jornal Público, o que significa que o próximo orçamento municipal será mais apertado, situação que poderá manter-se até 2009. Como se pode ver, tempos difíceis para a gestão autárquica. Nos próximos anos, a capacidade de investimento municipal será menor e a possibilidade de endividamento será muito condicionada, segundo a nova Lei de Finanças Locais. Muitas das promessas eleitorais de 2001 não serão cumpridas.
Veja-se a reabilitação da linha do Vouga, assunto sobre o qual a autarquia ainda não conseguiu enquadrar-se com os seus parceiros geográficos. O Engenheiro Ludgero Marques, presidente da AEP, voltou a referir-se à inevitável extensão do Metro do Porto a sul, até à futura Exponor, que será transferida para o Europarque em Santa Maria da Feira, mais concretamente freguesia de Espargo. Segundo as suas palavras, será uma mais valia importante para o centro de exposições, uma ligação ao centro do Porto por Metro. Em tempos, o trajecto sugerido foi uma ligação paralela à linha do Norte e com uma perpendicular a esta, sensivelmente em Maceda, ligando ao Europarque. A concretizar-se esta ideia o “progresso” volta a ficar aqui ao lado, outra vez a 7 ou 8 quilómetros. Sem querer entrar em discussões de pormenores técnicos como bitolas e distância entre carris, parece-me que a ideia da AEP se poderia conjugar com a vontade de requalificação da linha do Vouga, integrando-a no Metro do Porto. Afinal, o actual traçado do “Vouguinha” dista apenas 2,5 quilómetros do Europarque.
Para culminar, na semana passada, uma coluna do Jornal “O Regional” colocava o Presidente da Câmara de S. João da Madeira em baixa, por não ter comparecido, nem se fazer representar no lançamento de um livro, promovido pela própria autarquia, em convite assinado pelo próprio Presidente. Esta falha, num momento conturbado como este, não foi perdoada nem pelo incógnito “José” ou “Zé”, sempre defensor do trabalho do Presidente da Câmara.
Melhores dias virão.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Quando o Outono começa...

O equinócio de Setembro não deixou dúvidas, dia de chuva, para recordar a todos que o Outono tinha chegado.
Adeus dias escaldantes.
Na viagem matinal e apressada rumo à escola dos filhos, recordo as férias grandes. Meses e meses, sem aulas. Houve um ano com quatro, de 15 de Junho a 15 de Outubro. Quando chegavam os dias de chuva, sabíamos que as férias estavam a terminar. A hora recuava em final de Setembro, o que tornava as tardes mais curtas. Era o último sinal para o fim de férias. O ano lectivo era o nosso principal calendário.
A escola para quem é pai, é hoje sobretudo uma recordação. É certo que existem as várias preocupações. Analisar, avaliar e comentar as escolas e os professores. Escolher um sem número de actividades extra escolares: desportos, formação física, musical, linguistica, etc., que julgamos serem as adequadas para os nossos descendentes. Contudo, este tempo de regresso à escola, encaminha-nos para o reino da nostalgia.
Percebemos a alegria dos nossos filhos, pois recordamos a alegria do que era voltar a ver amigos, colegas, professores e demais pessoal envolvido, caras que perdemos o contacto visual, com o tempo. Nomes que são hoje apenas uma memória, que sabemos vivos, embora sem saber o seu paradeiro. Nada sabemos deles, o que julgávamos impossível nesse tempo.
É verdade que os primeiros anos escolares são os mais apreciados. O novo mundo que nos é ensinado e o fascínio proposto, não tem comparação com os demais anos. A partir da adolescência, a escola fica para segundo plano, pois o tempo livre é mais apreciado e aproveitado para outros interesses.
No período após as aulas, ou no intervalo das mesmas, enquadramo-nos com pessoas com afinidades comuns. O grupo de amigos, que nos irá acompanhar pelos anos seguintes, até sairmos para outras cidades, para seguirmos os estudos e optarmos por uma actividade profissional.
Os primeiros dias de Outono, logo chuvosos.
Afinidades com uma música de Tim e Zé Pedro. Entre a “chuva dissolvente”, verificamos que de todas as artes, a música é das mais nostálgicas. Acompanhamos novidades da sétima e de outras artes. Não conseguimos seguir, descobrir a música do momento e as tendências actuais. Invariavelmente, voltamos ao passado. Enquanto adolescentes, convivemos com gerações que tinham feito todas as revoluções, políticas, culturais e outras. Não entendíamos a constante referência a grupos musicais surgidos em décadas anteriores. Agora, recordamos e assinalamos as duas décadas da edição de alguns LPs do nosso tempo. Músicas sem videoclip obrigatório, porque a rádio era o principal meio de divulgação. Ouvir novamente a fantástica sonoridade de “How soon is now?”, dos The Smiths vocalizado por Morrissey, ao fim destes anos todos, é um puro acto de desespero. Passar alguns minutos a olhar para prateleiras de discos de vinil com capas em tamanho grande, é sobretudo uma recordação de uma actividade de juventude. O entrar da agulha em cena, com aquele barulho característico, tipo fritar de batatas, por mais escovada que aquela estivesse , ou limpo o vinil. O ouvir uma sequência 5 ou 6 faixas e repetir novamente aquele gesto, que no fundo era um ritual, para o lado B.
Esperamos os dias secos e quentinhos de Outono. A vontade de regressar aos espaços naturais. As praias próximas serão de novo itinerário, já desprovidas de domingueiros. Mais as subidas à serra, que já se deve ter “limpo” das atrocidades do verão.
A grande cidade ganha nesta época uma atracção maior. Os seus jardins e parques, envolvidos pela paisagem urbana. Pelas folhas caídas das grandes árvores, pela oferta que nos proporciona. Percebemos porque é que alguns dos nossos amigos, colegas de escola jamais voltaram à terra natal. Felizes, apesar dos contratempos do trânsito confuso. De longe, prefiro a vida recata da província.
Outono, cobertores de volta. Edredões para os mais friorentos. As primeiras constipações que degeneram em gripes. Iniciamos a preparação para o aquecimento caseiro pelo fogo envidraçado. Até haver essa necessidade, ainda escrevo mais umas linhas. Certamente.