quinta-feira, dezembro 27, 2007

Balanço: Impasse, Justiça e Fuga

A actividade da política local no ano de 2007 foi marcada por factores exógenos. A alteração e animação do quotidiano da cidade deveu-se a relações com entidades de índole nacional, que marcaram fortemente o ano que agora termina.

O impasse nas negociações com o Governo actual foram o ponto negativo, por não terem sido profícuas para a Cidade.

Os grandes assuntos pendentes do ano anterior (Encerramento das Urgências, construção e ligação à A32, aplicação na Linha do Vouga de vaivém) não se alteraram. As últimas notícias vindas a público relativamente a estes assuntos, demonstram que a crença, em se obter uma solução adequada à pretensão dos Autarcas locais, é cada vez menor. A prova disso são as verbas orçamentadas para o ano de 2008. Às dúvidas colocadas na Assembleia Municipal de 13 de Dezembro, o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira adiantou que a concessão da A32 não previa a construção da ligação a Ovar. Uma atitude que difere com a sustentada no passado, quando se procurava saber em que situação estava a ligação por auto-estrada ao Porto. Desta vez, houve vontade em trazer más notícias em primeira mão. Do encerramento das urgências, processo que a oposição política habilmente delegou a responsabilidade negocial no Presidente da Câmara, a convicção é que qualquer dia terá data marcada. O Ministro da Saúde contínua firme na ideia de transferir responsabilidades para os Centro de Saúde e para os médicos de família. Os próximos tempos deverão ser decisivos, até porque os serviços de Urgência do distrito de Aveiro com o encerramento previsto, já começaram a fechar.

Se no campo político, a grande acção da oposição foi engavetar o Presidente da Câmara, uma ajuda maior e preciosa foi obtida em matéria de acções judiciais. Por um lado, o capital político adquirido do processo que visava Teresa Correia, por outro, em processo ainda sem desfecho e este já envolvendo directamente o Presidente da Câmara, o poder autárquico foi beliscado pelo poder judicial. Estes processos trouxeram um outro factor importante, clarificaram perante os eleitores os negócios privados do Dr. Castro Almeida, o que foi extremamente importante para terminar com insinuações.

Neste panorama, o Dr. Castro Almeida encetou uma fuga para o futuro. Em termos de política local, procurou algo diferente do que apresentar Planos de Actividades repletos de conclusões de obras, inaugurações, lançamento a concurso público, ou início de empreitada. A apresentação em Outubro através do Engº. Mira Amaral do Plano de Inovação: “S. João da Madeira 2015” conseguiu trazer algo diferente de uma sucessão de pretensas obras municipais, com co-financiamento do Estado. Provavelmente não muito bem assimilado pela totalidade da população, este é um importante projecto que pode ajudar a alavancar a transformação da economia local, tornando-a mais competitiva.

Um autarca sabe que tem um contrato de quatro anos com os seus eleitores. Está a prazo no desempenho da sua função. Com a alteração da Lei, impondo a limitação do número de mandatos, sendo impossível aos autarcas cumprirem mais de três, o edil local tem a sua carreira política para rever. No máximo será autarca em S. João da Madeira a médio prazo, por um período de 6 anos. Desta forma, seguindo a ambição de outras figuras do seu partido a exercerem funções de Autarca, tornou-se figura nacional e consagrou-se como a voz da contestação ao líder populista do Partido Social Democrata.

Bem sei que muita gente espera com esta projecção política de Castro Almeida, que o Governo actue de forma diferente com a Cidade. Ambiciona-se que o seu protagonismo pessoal seja traduzido em melhores relações com os Ministros (não apenas com secretários de Estado) e que o concelho consiga inverter a tendência recente de perda de valências e de investimento público.

O próximo ano ficará caracterizado pela capacidade de afirmação na política nacional do Dr. Castro Almeida. Obviamente, a capacidade de execução enquanto Autarca estará em análise. A mediatização conseguida na imprensa pela cobertura por banda larga, dando acesso gratuito à internet, em todo o território geográfico deste concelho, foi o arranque. O plano de actividades para 2008 promete inaugurações várias e a resolução de problemas antigos da Cidade. Nada com direito a projecção nacional. Apenas e só a inauguração do Centro Empresarial e Tecnológico, desde que previamente dinamizado, poderá ter o efeito pretendido.

Estando já em campo de projecções, desejo um Bom Ano de 2008 a todos os leitores.

(a publicar dia 28/12/07)

domingo, dezembro 16, 2007

Dezembro

Nos últimos anos, a quadra natalícia tem-se expandido, correspondendo ao último mês do calendário.

As hostilidades abrem cedo, logo nas primeiras noites do mês são inauguradas em vários pontos do país as respectivas iluminações natalícias, promovidas essencialmente por Câmaras Municipais, aliando-se ao efeito Associações de Comerciantes. A dinâmica pretendida, de convocar as pessoas para as ruas, para junto do comércio tradicional, acarreta a preparação de várias iniciativas, todas elas consagradas ao Natal: árvores alusivas (com a maior da Europa aqui tão perto); a chegada do ícone da época vestido de vermelho; concursos promovendo a participação da população - quer através das iluminações dos exteriores das casas ou de prédios, quer impulsionando a decoração de rotundas, ou através de receitas de culinária. Algumas das iniciativas há mais tempo promovidas, entretanto perdem brilho, tornando-se mais moderadas.

Para quem habitualmente procura assunto para escrever umas linhas para partilhar com os leitores, este é um mês difícil. O “Espírito de Natal” bloqueia qualquer tentativa de um texto mais agreste, de uma chamada de atenção, de uma crítica. Mesmo até textos mais suaves, de sugestões, de propostas alternativas ao quotidiano da cidade, não conseguem receber o alento devido. Por outro lado, a disponibilidade para compor textos diminui já que a profissão exige mais dedicação. A necessidade de manter os indicadores de produtividade, pensanso na satisfação dos clientes, constrangem a vontade de escrever.

Os dias foram passando.

Para manter a regularidade de textos publicados, vejo-me “obrigado” a abordar a quadra do Natal. Sinceramente não sei o que escrever.

Assisti à dificuldade de um pai em explicar o significado da palavra Natal a um filho e o resumo conseguido, da festa de família onde se trocam presentes, é demasiadamente perigosa, apesar de todo o afecto incluído.

Poderia ser o mote.

Apesar da laicização do Estado, é bom preservar alguns valores tradicionais, para se perceber a origem dos festejos. Por todo o lado surgem presépios, de todas as formas, o que é importante para ensinamentos futuros.

O Natal é feito em torno da idade da inocência. É deles que surgem os melhores momentos, pela alegria demonstrada ao receberem as prendas, como pelas cantorias, isoladas ou em coros dos temas alusivos à quadra. Pela experiência vivida, neste período do novo conceito de Natal, verifico que o velho barbudo, apesar do fascínio que cria nos pequenos, contribui mais tarde para a primeira desilusão da vida.

Os adultos incutem a ilusão colectiva, sendo positiva e sadia, embora reconheça advenha maioritariamente, ou resumidamente, da possibilidade de poder-se consumir.

Em época de crise, os menos afortunados não são esquecidos. Efectuam-se várias e profícuas campanhas de solidariedade. Este ano, os Bancos Alimentares contra a fome recolheram mais 10% de alimentos do que em 2006. Os festejos de Natal lá em casa, começaram com a participação neste contributo. Serviu para os mais pequenos entenderem e interiorizarem o que devia ser o “Espírito de Natal”.

Oferecer antes de receber, uma compilação apressada para o significado do termo fraternidade.

A melhor forma de terminar o texto relativo à quadra.

Finalizo estas linhas, enviando a todos os leitores votos sinceros de um Bom Natal.



(a publicar no dia 20/12/07)