As opiniões recolhidas pelo labor, analisando os dez anos de mandato do atual presidente da Câmara Municipal, provam que em política a memória é curta.
Em geral, o balanço incidiu sobre os últimos cinco anos. Os factos mais focados, em especial os pontos negativos, ocorreram neste último mandato, ou nos três anos anteriores.
E na primeira metade? Além da capacidade de executar obras, sobretudo, herdadas do executivo anterior, foram lançadas algumas iniciativas que criaram empatia junto da população, tendo como resultado em eleições sucessivas, a maioria absoluta.
Perante estes dados, vasculhar o passado de pouco serve. A menos que a justificação, para alguns dos problemas atuais da cidade, tenham origem nessa época.
Para o estado a que chegou a Praça, analisa-se constantemente a última intervenção municipal. Obra de fachada, com péssima escolha de materiais, que apesar de permitir a circulação e criar estacionamento em algumas artérias, não impediu o encerramento de alguns estabelecimentos. A intervenção no pavimento foi mal executada, como provam as constantes obras de reparação. No entanto, não é a principal causa para os problemas sociais e económicos da Praça.
É necessário recuar alguns anos.
Em 2003, a Câmara Municipal anunciava um projeto revolucionário na área de tratamento a toxicodependentes. Mal apoiada, a edilidade iludia-se e acreditava ter encontrado uma solução para um vasto problema social. A pretensão transbordou para os ecrãs da televisão, convidando-se outros concelhos a copiar o modelo local. É sempre bom referir que o projeto Trilho da Santa Casa da Misericórdia, na época já em ação, foi ignorado e hostilizado, por seguir diretrizes contrárias, em concordância com o Ministério da Saúde.
Após nove anos, os toxicodependentes ainda resistem na Praça. Habituais todos os dias. São o exemplo do falhanço de uma péssima medida de política social e são apontados como um dos principais motivos para o degredo do centro.
Ainda nos primeiros mandatos e continuando na Praça, temos uma iniciativa não continuada. Refiro-me à animação de Natal. Com alguns exageros mas, com vasto programa entre o sagrado e o profano. Terminou o apoio. Precisamente nos anos em que era necessário dinamizar a área comercial, pela concorrência direta do shopping 8ª Avenida, os comerciantes foram abandonados. Em Dezembro, claro. E no resto do ano. Não existe nenhuma iniciativa para atrair pessoas ao centro.
Os erros do passado projetam-se no presente.
A Praça perdeu importância?
Momentaneamente, devemos dizer que sim, no entanto, as cidades vivem dos seus centros, da sua história.
Na era democrática, houve duas intervenções nas ruas do centro que modificaram a política de S. João da Madeira. O pavimento da rua Alão de Morais nos anos 80 e mais tarde, a oposição à intervenção na rua do Castilho podem ser apontados como ações decisivas, que conduziram a sucessivos mandatos de dezoito e agora de doze anos.
O apreço pela Praça é reconhecido pela população.
O futuro não está escrito e o da Praça pode começar agora.
(a publicar dia 01/03/12)