O desporto promovido pelas associações locais tem vivido sob o paradigma da formação.
Os clubes aproveitaram as significativas melhorias das condições de treino e de jogo, resultado dos investimentos municipais no complexo das corgas, posteriormente no pavilhão das travessas e mais tarde, na transformação do campo pelado no centro de formação desportiva. A maior capacidade das infraestruturas desportivas permitiu o aumento do número de praticantes. O recrutamento de técnicos, teoricamente melhor preparados, possibilitou a melhoria de resultados desportivos nestes escalões. O dirigismo rendeu-se às evidências e as equipas de jovens passaram a estar no topo nacional, ao contrário das suas congéneres seniores.
As competições jovens atraem assistentes à cidade. Hoje em dia, qualquer equipa visitante é acompanhada pelos respetivos progenitores e demais familiares. No último domingo de Março, pelas nove da manhã, fui assistir no centro de formação desportiva, a um jogo de futebol de juvenis C, entre a ADS e o Gondomar, já que nesta equipa joga um dos meus sobrinhos. Um jogo de treino. A assistência afeta aos visitantes fazia-se ouvir constantemente e provavelmente estava em número superior aos adeptos locais. Duas ou, no máximo, três dezenas é certo.
Não tenho outras experiências como assistente, em S. João da Madeira. A única comparação que posso fazer é com um jogo da presente época da Primeira Liga de futebol, em que o União de Leiria enquanto equipa visitante arrastou consigo 4 (quatro!) adeptos, com direito a área restrita, daí ser fácil contá-los.
Os dois exemplos servem apenas para evidenciar que o desporto, em idades de formação, é um meio mais eficaz de promoção de uma localidade. Além das dezenas de atletas que visitam a cidade semanalmente, arrastam assistência em número superior aos das equipas de escalão sénior. Seja em que modalidade for, arrisco sem pestanejar.
As dificuldades em consolidar o modelo desportivo da formação estão inerentes à duração do mandato de cada direção. É normal, nos clubes com mais visibilidade da cidade, a mudança de presidente e outros diretores, a cada dois anos. A pouca longevidade do exercício da gestão desportiva não permite solidificar os propósitos dos diretores e os sócios acabam por capitular, sem entender os objetivos a longo prazo.
Existe uma lacuna no modelo da formação. Aos dezoitos anos os jovens devem continuar a praticar desporto. A competir, tal como em idades inferiores, caso estejam interessados. O quadro desportivo é mais complicado a partir destas idades. Com as limitações no número de jogadores, os clubes não conseguem absorver, todos os anos, os maiores de 18. A rejeição atira muitos para outro tipo de complicações sociais, anteriormente impensáveis.
Só que isto não é apenas um problema das associações locais, antes pelo contrário. Aqui entra-se em outro assunto, na capacidade da autarquia de proporcionar uma vida saudável à maioria dos seus habitantes.
Tema para outra oportunidade.
(a publicar no dia 26/04/12)