terça-feira, dezembro 07, 2010

Estagnação

                O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, no passado dia 9 de Novembro, as estimativas anuais da população residente.

                A estimativa do INE indica, para S. João da Madeira, uma população de 21.797 habitantes, para o ano de 2009. Recorde-se que, no último Censos em 2001 foi apurado o valor 21.102 indivíduos. Em oito anos, a população do concelho praticamente aumentou em 700 pessoas, o que significa um ganho de 3,3%. Em média essa variação populacional é de 0,4%, por ano, correspondente a 87 novas pessoas. Até 2004, essa variação anual situava-se em 0,7%, decaindo em termos médios, até à última estimativa - de 2008 para 2009 a previsão do INE apontou um aumento de 35 pessoas (0,17%), o que dá um valor próximo da estagnação populacional.

                É importante, antes de prosseguir, relembrar as taxas médias anuais de variação populacional de S. João da Madeira entre Censos:

1930-1960: 3,9%

1960-1981: 1,8%

1981-1991: 1,2%

1991-2001: 1,4%

                Estes últimos dados são concretos e importa vincar a ideia, o referente a 2009 é ainda uma estimativa, a dois anos do próximo Censos.

                Abro mais um parêntesis, lembrando que, em 1991 os valores apurados pelo Censos foram contestados pelo executivo municipal da época, tendo inclusivamente promovido um estudo paralelo, que chegou à mesma conclusão do recenseamento.

                Pelo modelo de cálculo utilizado pelo INE, em 2011, a população da cidade não chegará a 22.000 habitantes, mesmo contando com o crescimento natural da população - as taxas brutas anuais de natalidade e de mortalidade são 9,6% e 7,9% respectivamente, indicando um reforço populacional de 1,6%, ou seja, 300 habitantes por ano (INE – 31/07/2010).

                Perante este cenário e confirmando-se a previsão do INE, é perfeitamente legítimo surgirem questões interpretativas entre a variação natural e real da população. Os dados indicam uma debandada anual significativa dos habitantes da cidade. Seja por viverem nas imediações da cidade, obrigando-se por questões fiscais a declararem a nova residência, ou pela necessidade de obter emprego compatível com as suas habilitações e por esse motivo abandonam S. João da Madeira. Qualquer um dos casos é uma hipótese credível e visível nas habitações devolutas, existentes por toda a cidade.

                Na sub-região Entre Douro e Vouga, apenas Santa Maria da Feira apresenta valores de crescimento anuais acima dos 1%, mais concretamente 1,2%. O crescimento natural cifra-se em 1,9%, valor muito próximo do real, que ajuda a reflectir sobre eventuais migrações da região, à semelhança do que acontece um pouco por todo o país.

                A distribuição da população de S. João da Madeira por idade demonstra um dado curioso, com menos de 19 anos existem 4.569 habitantes, cerca de 21% do total. O que vem de novo pôr em causa, o número de eleitores apurados para a freguesia, embora não seja esse o propósito deste texto, nem da apresentação do valor. Retomando, cerca de um quinto da população tem menos de 20 anos, contrastando com o número de habitantes com mais de 65 anos, 3.309, o que equivale em termos percentuais a 15,2%. Dados reveladores da idade relativamente baixa da população da cidade, em concordância com a região Norte (igualmente 21% para 15,8% de idosos) e destoando da tendência nacional (20,5% de jovens para 18% de idosos). É difícil explicar, perante esta distribuição, a insistência da autarquia em requalificar zonas centrais da cidade, equipando-as de equipamento geriátrico (para pouca utilização) e deixar parques infantis nas zonas periféricas.       

                Como é óbvio, esta década, de baixo crescimento populacional, será sempre associada às acções desencadeadas pelo executivo camarário. Incapaz de contrariar a perda de valências do Estado e sobretudo, impotente para perceber a tendência económica do concelho. Se nos últimos anos temos assistido a uma corrida contra o tempo, ao recordarmos a primeira metade da década, evocamos a promoção de festas, de galas e de inaugurações, tudo com muita pompa e circunstância. O resultado está à vista.   

 

(a publicar no dia 09/12/10)