Após meses de devidas críticas e justas reparações, retificando-se erros iniciais, a Rua da Liberdade vive agora um período tranquilo.
A reposição do trânsito em sentido ascendente em corredor central, criando zonas de estacionamento, intercaladas com canteiros relvados e dotando a rua de dois largos passeios laterais – apenas na metade inferior da via ficando a metade superior para posterior intervenção, foram as grandes mudanças estruturais operadas. O melhor de tudo foi o eliminar da totalidade dos degradantes chapéus de ferro. Uma simples ação, que permitiu transformar a perspetiva da rua comercial.
Enquanto se espera pela conclusão da obra, faltando retirar os degraus centrais e continuar o trabalho efetuado na primeira metade, é tempo de se analisar o efeito destas intervenções de retificação, ou requalificação das vias públicas, no comércio local.
Dos vários indicadores possíveis, elegi o número de estabelecimentos comerciais abertos após a referida intervenção. Dos quatro disponíveis, na parte agora com trânsito, nenhum foi alugado e muito menos, passou a local de comércio. Na metade superior, ou seja, entre a Rua Júlio Dinis e a Praça Luís Ribeiro existiam cinco lojas fechadas. Destas, abriram três no último meio ano.
Friamente, apenas 3 em 9, ou seja, um terço na totalidade da rua.
Se dividirmos a rua em dois, zona com mais intervenção e a área com apenas a retirada de chapéus, ficamos com zero para um dos lados e 60% para o outro, respetivamente.
Não é possível retirar conclusões. Embora alguns gostassem logo de o fazer.
A relação causa-efeito provocada pela reabilitação não pode ser equacionada. Falta tempo (leia-se meses) para percebermos se a procura de espaços comerciais no centro é uma tendência, ou se coincidiu com a intervenção municipal, ou é tudo fruto do acaso, ou pelo contrário, da dinâmica económica da cidade.
É bom recordar que, o estacionamento à porta da loja, sempre foi uma exigência dos comerciantes instalados na zona pedonal.
A solução para todos os seus males.
Este da Rua da Liberdade é grátis.
Devo abrir um largo parêntesis acerca do estacionamento, alargando a análise à cidade e não apenas às ruas centrais.
Identifica-se em S. João da Madeira três tipos de estacionamento: grátis, pré-pago e pós-pago.
O facto de o estacionamento ser grátis no shopping é motivo de discriminação relativamente às restantes zonas comerciais da cidade. Como pode um comerciante na área da restauração competir com a oferta do shopping, se os seus clientes têm que pagar estacionamento à hora de almoço? O mesmo podendo perguntar outro comerciante, que não tem possibilidade de oferecer estacionamento e verifica a injusta concorrência a que está sujeito, comparando-se com a grande superfície. A título de exemplo, veja-se a igualdade a que estão sujeitos os comerciantes de Aveiro.
Por cá, o pós-pago inserido em parques subterrâneos, segundo apurei, oferece a primeira meia hora aos clientes. Não deveria ser dado oportunidade igual aos automobilistas que estacionam mais perto do comércio?
Todo este processo deveria ser analisado, por quem de direito, apresentando-se conclusões e soluções integradas, não se esperando por 2020, concursos ou por fundos comunitários, para minorar o efeito do estacionamento sobre os munícipes, comerciantes ou não.
Fecho o parêntesis e regresso à análise inicial, recordando outra das reivindicações dos comerciantes.
Outro apontamento histórico, que merece referência, é a reabertura de trânsito na zona pedonal. A passagem de carro permite conhecer as lojas existentes, ver as suas montras, ver os artigos expostos… é a lógica apresentada.
Na confluência da Rua da Liberdade, com a Praça 25 de Abril e com a Rua João de Deus não há uma placa indicando a possibilidade de acesso àquela rua. A sinalética poderia indicar o estacionamento da Praceta Júlio Dinis, o acesso ao centro, ou mesmo, à rua comercial. Sem esta ou outra qualquer informação mais relevante, o número de carros que acede à Rua de Liberdade é reduzido - um indicador fácil de controlar.
Trânsito, zonas de estacionamento, passeios largos e canteiros são a nova referência diurna da Rua da Liberdade. Uma melhor iluminação é a necessidade noturna. Esperando-se que nos canteiros sejam plantados arbustos de médio porte, para manter a sustentabilidade ambiental da rua, dotá-la de beleza natural, como nos anos em que por ali existiam magnólias, encantando os invernos da cidade.
O toque essencial para voltar a harmonia à rua.
O texto já vai longo, por isso, cumpre-me informar que as ideias apresentadas são compilações de queixas ou sugestões de comerciantes instalados na Rua da Liberdade, que ao longo do último ano se foram dirigido à minha pessoa.
Espaço livre somente para desejar boas férias aos leitores.
(a publicar no dia 31/07/14)