quarta-feira, abril 05, 2017

Os dias no Oliva Beer Mind

À chegada ao festival de cerveja artesanal foram-me propostas duas opções: beber limonada e ginger ale, ou em contrapartida, beber o líquido em promoção na Sala dos Fornos da Oliva. O espaço estava composto de pessoas, ainda se conseguia circular facilmente, pelo que optei por circular pelos cervejeiros, cumprimentar os que estavam atrás do balcão que eu conhecia e fazer uma refeição, escolhendo uma primeira cerveja para degustação.

À partida sabia que não provaria os 120 sabores presentes no certame, nem muito menos conseguiria percorrer os 20 expositores. A minha estratégia para a primeira noite foi consumir as marcas mais conhecidas, dando preferência aos vizinhos regionais: Ossela, Santa Maria de Lamas, Aveiro e Porto. Deixar-me levar pelos sabores, aceder ao chamamento de alguns cervejeiros mais hábeis a contactar os visitantes do festival. E enquanto percorria as zonas iam observando a evolução das marcas, a melhoria da oferta, a forma como os produtos estavam expostos, ou mesmo, os seus nomes escritos a giz em ardósias pretas, como em tabernas antigas. Sorri com as charadas com o nome de estrela da música rocK, quer de artistas, quer de bandas, ou de títulos de álbuns associados a sabores, lembrando-me a minha ousadia na crónica da semana anterior.

Pelo meio ia revendo amigos de sempre (alguns 30 anos depois), ia vendo famílias a chegar. Pais acompanhados pelos filhos e avós acompanhados de filhos e netos e senti que o evento tinha atingido nessa primeira noite o seu objetivo: dar a conhecer aos sanjoanenses a cerveja artesanal portuguesa (e alguma espanhola) e em contrapartida, proporcionar-lhes um local de encontro, de reencontro, em espaço animado e com bom ambiente. Retive dessa noite, sinal claro do convívio proporcionado pelo festival, as crianças “invadindo” o palco e dançando ao som do ritmo jamaicano, produzido pela banda a atuar.

No segundo dia, já foi difícil estacionar. A rua interior da Oliva Creative Factory, de acesso ao evento, tinha imensas pessoas a circular. Seria bom para o espaço que todos os sábados à tarde fossem assim. Na Sala dos Fornos estava já uma multidão. Alegria no palco e junto aos expositores. Prometia ser mais uma noite de muita animação. É claro que havia o jogo de futebol, que poderia desmobilizar adeptos, ou criar atritos entre ambas as fações. E havia sempre a debandada sanjoanense de sábado à noite, com destinos vários, o que transmitia incerteza à adesão noturna ao festival.

Antes desses momentos, deu para saber que os forasteiros, cervejeiros, estavam encantados com a cidade e as suas gentes. A senhora da venda de copos e fichas à entrada estava surpreendida pela compreensão e simpatia do público visitante.

Para este segundo dia, depois do jogo, tinha definido visitar os restantes cervejeiros, menos procurados pelo público, por isso, menos afortunados. Lá fui conhecendo outros sabores, uns aceitáveis, mesmo que doces, outros intragáveis, pelo menos ao meu paladar. Enquanto isso, o espaço encheu, literalmente. Fiquei um pouco no exterior, vendo a chegar mais gente, muito nova, um público diferente do dia anterior. Ainda assim, em grande quantidade e igualmente um número razoável de famílias completas. 

Com o avançar da hora, o público disse presente. Os visitantes iam desarmando devagarinho, sempre com cara de satisfeito pelo momento vivido. Ainda assim, deu para ver jovens a dançar no palco e ouvir o som de Iggy Pop, proposto pelo DJ de serviço.

Ao terceiro dia, mais curto, sem prolongamento noturno, com menos público e igualmente diferente dos dois anteriores, ao som de música de inspiração balcânica, o festival continuava acolhedor. Visitei o espaço de culinária, repleto de crianças, que até esse dia não tinha tido oportunidade. Por ali circulei, perguntando pelos negócios, confirmando com ou outro fabricante como estava o volume de vendas. Nalguns casos nem precisava de perguntar, nas ardósias demonstrava-se a indisponibilidade de alguns paladares.

Momento de fim de festa e um pouco antes do final, dirigi-me à venda de limonada e ginger ale e comprei um copo de cada. Um último e surpreendente paladar.

 

(a publicar no dia 06/04/17)