1. Em 1986 quando a Praça Luís Ribeiro ficou liberta de trânsito, havia a ingénua expetativa de a tornarem num espaço amplo, como algumas praças de cidades europeias (incluindo as vizinhas espanholas), mantendo a traça arquitetónica do lado nascente, que nessa época tinha o seu lado sul a fechar. Infelizmente, o Parque América, apesar de ainda não estar finalizado, já era uma realidade edificada, demonstrando a sua monstruosidade. O anunciado progresso com arranha-céus, centro comercial, discoteca e cinema inibiram a população de se pronunciar contra a construção. Houve sempre a esperança, atendendo às dificuldades da empreitada, que o edifício jamais terminasse. Ano após ano, a obra esteve parada e durante todo esse tempo não houve nenhuma manifestação veemente, ruidosa e organizada. A passividade continuou com a ideia de aplicar uma chaminé bem no centro, retirando amplitude à Praça. Nessa época, a possibilidade de promover concertos de música era uma realidade bem aproveitada, enchendo-se o centro com centenas de pessoas, para ouvir grupos de vários estilos musicais, havendo um critério rigoroso na seleção dos mesmos. E não havia sábado, domingo ou feriado em que não estivesse a praça cheia, mesmo na véspera. O elemento arquitetónico, depois de entrar em funcionamento em 1992,nada trouxe ao centro. Na perspetiva de espaço musical, a redução de capacidade na plateia, devido ao volume de construção no centro, associado a uma escolha sofrível nos concertos promovidos, foram afastando a população. Entretanto, novos espaços da cidade recebiam concertos a sério. O elemento arquitetónico era pouco visitado, até surgir a ideia de ali instalar uma associação de jovens. Tudo mudou já neste século, esta associação foi despejada, o elemento arquitetónico ficou vazio, a ocupar espaço no centro da Praça e aos poucos a sua utilidade foi posta em causa, bem como, a sua estética. Este Agosto desapareceu. A Praça ganhou de novo amplitude, visibilidade de nascente para poente, trinta anos depois. Houve protestos. Chegaram atrasados. Três décadas, uma geração. Tempo perdido.
2. Foi simpático aparecer um cachecol da ADS, durante o concerto de Manel Cruz no Festival de Paredes de Coura. Passei por lá quatro dias, a ouvir bandas emergentes e outras consagradas, muitas ao meu gosto, noutros casos a descobrir novos sons e a educar o ouvido. Sobretudo ouvir jovens que se inspiram em bandas que acompanhei devotamente, nos tais anos 80 do século passado. No rescaldo das férias, passei o mês a ver concertos. Logo no início a assistir à homenagem da cidade do Porto e do festival PianoFest à pianista Olga Prats. Além dos dias do Alto Minho, ainda tive tempo de passar, no sul do país, pelos Xutos e Pontapés, para mesmo no fim de Agosto e passados 33 anos, conseguir assistir ao filme Stop Making Sense. Um concerto dos Talking Heads filmado pelo falecido Jonathan Demme (realizador referência do cinema norte americano da década de 90). Numa sala de cinema, tive oportunidade de ver um documento que mostra o divertimento que pode ser um concerto, para o público e para os músicos. Além disso, a prestação de David Byrne é excelente e deu para arrepiar ao assistir ao seu desempenho, levando-me a perceber como sempre gostei da exuberância, no momento apropriado.
3. Assunto de Agosto, resolvido no início de Setembro, compareço na apresentação da nova equipa de Natação da ADS. Como sócio fico contente pela aposta do clube. A ADS continua a prestar um grande serviço à comunidade local e como bem afirmou o seu presidente, Luís Vargas Cruz, seria imperdoável que a atleta olímpica da cidade, Ana Rodrigues, tivesse que ir representar um clube de outro concelho. Dos novos diretores da secção, espera-se a dedicação apropriada para constituir uma nova equipa de acordo com os pergaminhos do clube. Ao treinador, Luís Ferreira, pela experiência acumulada, pede-se o empenho de sempre e sobretudo, audácia, para lançar um projeto de longo prazo para a Natação de competição de S. João da Madeira.