sábado, setembro 17, 2005

Tendências de voto

Os resultados eleitorais em S. João da Madeira nos últimos 10 anos permitem constatar que os eleitores Sanjoanenses votam em sentidos opostos: quando se trata de eleições legislativas ou europeias, o voto tende para o Partido Socialista e nas eleições autárquicas o voto tende a divergir. Em 1995, 1999 e 2005, para as eleições legislativas, a vitória nacional do PS sempre foi acompanhada, também nesta cidade, pelo maior número de votos neste partido. Mesmo em 2002, após o descalabro do governo de António Guterres, o PS foi o partido mais votado em S. João da Madeira nas eleições legislativas desse ano, contrariando a tendência distrital e nacional, que permitiram a vitória ao PSD.
Se analisarmos os resultados locais das várias eleições na década anterior, de 1985 a 1991, verificamos um acompanhamento da tendência nacional da época, isto é, vitórias claras do PSD. Ou seja, desde 1995, houve uma inflexão na tendência de voto dos eleitores Sanjoanenses, que passaram a votar maioritariamente no PS.
Em termos de eleições locais, desde esse ano que os resultados tiveram desfechos diferentes. Nas autárquicas de 1997, o CDS/PP venceu por apenas 199 votos de diferença e em 2001,o PSD triunfou com maioria absoluta, no tocante ao número de vereadores eleitos. Entre as duas eleições, o PS local passou de segunda força política para terceira. Passou da derrota por apenas 200 votos, com maioria na Assembleia Municipal e conquista da Junta de Freguesia, para o pior resultado de sempre em eleições autárquicas.
Se quiséssemos analisar as causas para esta diferença na tendência de voto entraríamos num vasto campo de especulações. No entanto, se perguntarmos a um militante local do PS, este naturalmente justificará as derrotas com o CDS/PP pelo efeito Manuel Cambra e a última, com o PSD, pela “onda laranja”, que percorreu o país em 2001. Se a primeira justificação tem raízes em 1985, numa coligação em bloco central de apoio a José Pinho - que provocou uma cisão profunda dentro da estrutura local do PS, já a segunda, não tem razão alguma, pois passados três meses, como anteriormente referi, o PS venceria em SJM para as eleições legislativas, contrariando precisamente essa “onda”.
Em jeito de seriedade, um destacado membro da concelhia local confidenciava-me há uns meses atrás que o problema era essencialmente de personalidades. A questão é essa mesma, pois existe a máxima que “quem ganha as eleições autárquicas são as pessoas”, à qual este Concelho não parece fugir.
Para as eleições do próximo dia 9 de Outubro, o PS formou listas com mais equilíbrio. À primeira vista venceu o complexo Manuel Cambra, fazendo regressar à vida política alguns dos seus militantes antigos. Em segundo lugar, encontrou candidatos que abrangem várias gerações e sem fazer qualquer tipo de avaliação pessoal, qualquer uma das três listas, é formada por candidatos com um currículo político superior aos das listas formadas há 4 anos. O próprio candidato a Presidente da Câmara, com o seu jeito dinâmico e empresarial, é uma mudança na história recente do partido.
Poderá não ser o suficiente para vencer, é certo. Mas uma derrota do PS será por mérito de quem vença e não por causas externas, como seria tentador pensar face “ao desagrado dos eleitores locais pelas políticas do governo”. Esta fuga à responsabilidade e atitude do tipo “avestruz”, já não se justifica. A actual liderança da concelhia encontrou as estratégias para que o partido saia do abismo em que outrora mergulhou. Não se pode voltar atrás.