Antuérpia e Bruges têm histórias contrastantes. Bruges foi capital da Flandres durante vários anos e até ao século XV. Era nesta cidade, servida pelo estuário do rio Zwin, que se faziam as principais trocas comerciais dos produtos produzidos no Norte da Europa e também com as sedas e especiarias do Oriente, comercializadas por Italianos. Bruges prosperou e desenvolveu novas indústrias, como a lapidação de diamantes e no século referido tinha o dobro da população de Londres.
No século seguinte, o assoreamento do rio afastou os grandes navios das docas de Bruges e devido a este facto, os grandes comerciantes transferiram-se para a costa de Antuérpia. Nessa época, esta cidade transformou-se numa das maiores potências económicas da Europa. Apesar do aparecimento de transportes rodoviários, ferroviários e aéreos, o porto de Antuérpia ainda é um dos principais da Europa e os negócios de diamantes passam infalivelmente por esta cidade Belga. Bruges, em contrapartida, é uma cidade museu virada essencialmente para o turismo.
A partir desta descrição sobre a evolução destas duas cidades da Bélgica, Tim Harford, no seu livro “O Economista Disfarçado”, chegou ao seguinte postulado: “se quiser ser rico, é boa ideia forjar ligações estreitas com o resto do mundo(...)”.
Os economistas adoram fornecer exemplos de pequenos países prósperos. A Europa tem vários que assim souberam manter-se ao longo de anos, até ao presente.
Pretender alavancar a economia de um concelho, sabendo da importância das acessibilidades e esperando que a prosperidade surja de acordo com a evidência de Tim Harford, tem sido a intenção dos últimos anos da Autarquia local.
A verificar-se a opção pelo traçado B na construção da A32 entre Gaia e Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira volta à estaca zero. Terá que reivindicar acessos rápidos ao nó mais próximo, construídos por concelhos vizinhos. Como se viu em todo este processo, as vontades dos autarcas dos concelhos vizinhos são oficiosamente diferentes.
Mesmo que seja esta a solução política a encontrar, a promessa eleitoral do candidato Castro Almeida, de ligação por auto-estrada de SJM ao Porto, dificilmente será cumprida.
Este é um importante ponto para ponderar sobre o “estado de graça” do Presidente da Câmara.
Apesar de ecos na imprensa local, em especial no Jornal “O Regional”, os eleitores estão expectantes.
O ano de 2007 será decisivo para a relação dos munícipes com o Presidente da Câmara. Nos próximos meses, a decisão sobre o futuro do serviço de Urgências do Hospital de S. João da Madeira poderá implicar algumas mudanças.
Caso se altere a vontade do estudo prévio do Ministério da Saúde, tudo continuará bem, ou melhor, ficará bem melhor para um eventual terceiro mandato do actual Presidente da Câmara. Os argumentos apresentados para a manutenção da Urgência do Hospital revelar-se-ão fundamentais e obviamente o ”estado de graça” permanecerá.
Tudo muda de figura, caso se verifique o anunciado fecho. Penso que muitos eleitores encararão mal o facto e com desconfiança questionarão as várias acções e obras em curso na cidade. A unanimidade desaparecerá e a contestação subirá de tom. A oposição terá oportunidade para dizer “Nós bem avisámos”.
Este cenário dois anos antes das eleições autárquicas, pode levar o actual Presidente a repensar a sua opção política, já que o calendário eleitoral prevê eleições Legislativas e Europeias antes das Autárquicas de 2009.
(publicado em 11/01/07)
Sem comentários:
Enviar um comentário