Ao assumir o incumprimento do seu programa eleitoral, o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira revelou uma forte auto – confiança. Os valores anunciados de 30%, implicam a concretização de alguns projectos da responsabilidade do Governo. A construção da A32 - com uma saída que sirva os interesses de S. João da Madeira para ficar com uma ligação terrestre rápida ao Porto e a renovação da linha do Vouga, com a introdução do vai e vem local são as empreitadas pretendidas, cuja conclusão é esperada antes das próximas eleições autárquicas. O risco do executivo municipal, torna-se maior se a renovação do Cinema Imperador não se concretizar e a projectada Sala de Espectáculos não abrir as portas até 2009.
Nesse cenário as metas anunciadas não serão alcançadas e o programa eleitoral ficará concretizado em apenas 40%.
Perante este panorama estatisticamente desolador, o programa eleitoral do ano de 2005, que suportou a maioria do partido vencedor, servirá de modelo a novos projectos políticos, para o ciclo eleitoral seguinte.
Outros argumentos políticos serão revelados.
Um iniciado na causa política descobre desde muito cedo as preocupações dos partidos no período que antecede umas eleições autárquicas. Essas inquietações são normalmente e hierarquizando: candidato, elementos das listas, promessas eleitorais, acções de campanha e programa político. O método não varia muito de partido para partido. Vencidas as duas primeiras etapas - ficando as listas constituídas e divulgadas, procura-se uma série de frases fortes para elaborar as promessas eleitorais. Depois desta fase, as energias passam a estar concentradas em questões de propaganda eleitoral: cartazes de várias dimensões, sites na Internet, folhetos e jornal de campanha, campanhas de rua, uma ou outra acção política programada, os jantares característicos e claro, a caravana de encerramento.
O programa político, o projecto, as ideias sobre e para o município, por vezes não conhecem a luz do dia.
Manifestamente por falta de tempo. O arranque tardio, com a escolha de candidatos e a constituição de listas de forma intermitente, não permite muito mais.
Habitualmente fazem-se programas eleitorais com duas ou três ideias sobre um determinado assunto – tópico político. Elegem-se os assuntos mais relevantes, ou por questões de mediatismo momentâneo e assim consegue-se atingir números como quarenta a cinquenta ideias soltas para os municípios. Por vezes, nada mais são do que promessas.
Tudo isto tende a repetir-se nos vários concelhos do país.
Os partidos consideram o mais importante nas eleições autárquicas a apresentação de candidatos. Retirando significado a questões como projecto político e consequente programa eleitoral. Esta atitude, impõe uma ideia de menoridade destas eleições e revela um desinteresse das concelhias pela causa comum, a pública.
Utilizando uma linguagem desportiva, concretamente do golfe, diria ser este o “handicap” das estruturas locais dos partidos políticos. O atraso com que iniciam a campanha eleitoral, relativamente ao partido do executivo Camarário, não lhes permite ter oportunidade de reduzir a diferença para quem já tem projecto político e obviamente candidato pré - definido. A menos que alguma “tacada” mal efectuada, provoque situações de crise política ou financeira.
Como foi o caso da Câmara Municipal de Lisboa.
Para as próximas eleições intercalares, os partidos e listas de independentes apresentaram candidatos fortes: ex-ministros, ex-presidentes de Câmara, ex-autarcas e políticos com inegável currículo.
Na comunicação social, os últimos dois anos da Autarquia Lisboeta não foram esquecidos, exigiu-se aos candidatos ideias para a Capital, nalguns casos por estas serem desconhecidas, obviamente.
A fórmula autárquica dos partidos, para Lisboa não foi suficiente.
Enquanto uns alegam a natureza intercalar das eleições, para conseguirem ganhar tempo e apresentarem um projecto estruturado para a cidade, outros preparam o ataque ao candidato que lidera as sondagens. Assim, só serão divulgados alguns programas, sendo certo, que a concretização efectiva dos mesmos ficará por números idênticos aos revelados há dias em S. João da Madeira.
(a publicar dia 07/06/07)
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