1. Simplificar, visualizar e normalizar são ferramentas eficazes de gestão. A administração pública com o intuito da sua modernização, aplicou há alguns anos o programa simplex. Os resultados foram sendo conhecidos, pensando-se que a relação dos cidadãos com o Estado passaria, a partir da implementação do dito programa, a ser mais simples e infalível.
O processo de transformação das scut em auto-estradas pagas pelo utilizador veio evidenciar o contrário. Não me refiro apenas à intolerável ruptura nos identificadores de via verde, que confirmou a impreparação de todos os envolvidos para o novo sistema de cobrança, obrigando os novos aderentes a esperar pelos aparelhos e a pagar a respectiva taxa de regularização, de cada vez que passam por baixo de um pórtico. Rocambolesca foi a forma como o pedido de isenção – discriminação positiva - para essas portagens foi projectado. Quando me explicaram como o fazer, não me quis acreditar. Aceder ao site, preencher on-line o pedido, imprimir e de seguida, entregar o mesmo documento numa loja via verde, portanto, as etapas para se obter a isenção - significa uma duplicação de operações, o desaproveitar dos meios informáticos e um esforço suplementar para os contribuintes. Nem sei se já houve resposta aos pedidos. Independentemente disso, parece-me que o conceito do programa simplex foi esquecido. Ou o Estado não assimilou a modernização, ou então, o actual Governo não conseguiu passar o conceito ao operador privado.
A solução parece simples, sabendo-se quais os concelhos abrangidos pela isenção, basta cruzar a morada do cliente com essa informação, numa operação informática de fácil execução e consegue-se verificar se o pedido apresentado é válido.
É evidente que complicar é mais proveitoso para o Estado, no entanto, utilizar pequenos subterfúgios, para ter oportunidade de arrecadar um pouco mais de receita, assemelha-se a desonestidade.
2. O primeiro – ministro visitou uma empresa de S. João da Madeira. Em meias, descalçou a política económica defendida durante anos, recuperando um antigo estudo com mais de uma década. Potenciar as indústrias tradicionais era a recomendação, lembrou perante os mais de cem empregados de uma só indústria do calçado. Houve quem não gostasse da inversão no discurso do primeiro-ministro. Ser oposição, procurando fazer melhor do que um Governo que se esquece das boas práticas e muda de vontades, dá nisto.
3. Um grupo de empresários de origem chinesa fez um investimento em S. João da Madeira. Notícias não têm faltado sobre o Retail Park: anúncio de trespasse antes de abrir, arresto de bens devido a incumprimento de pagamento e por fim um incêndio foram sendo capa dos jornais locais. Pelo meio, foi instaurado um inquérito a funcionários municipais e um autarca não digeriu bem a presença do Governador Civil do distrito, na inauguração do referido espaço. É caso para questionarmos porquê a agitação política em torno deste investimento? A criação de quarenta postos de trabalho, equivalente a quase metade dos potencialmente criados no CET – Centro Empresarial e Tecnológico de S. João da Madeira - sem qualquer financiamento público, não devia preocupar tanto uma cidade de empreendedores. É certo que toda a publicidade negativa, devido a essas estranhas ocorrências, em nada abona sobre a viabilidade do investimento, contudo, a empresa ainda não decretou insolvência.
4. Eleições Presidenciais à porta. Recordo-me sempre das palavras do actual Presidente, quando criticava a má aplicação dos fundos estruturais europeus, citando como exemplo, obras desnecessárias promovidas por várias autarquias. O que dizer dos projectos semelhantes que as Câmaras Municipais de S. João da Madeira e Santa Maria da Feira estão a desenvolver, para captar indústrias criativas? Fica a informação, as obras no concelho vizinho já arrancaram.
5. Manoel de Oliveira lançou o seu enésimo filme, com o título semelhante a outro “hollywoodesco”. Estranha coincidência.
(a publicar no dia 13/01/11)