segunda-feira, março 05, 2012

Ideias úteis

A Praça Luís Ribeiro tem sido tema recorrente dos colunistas da imprensa local. Sempre no mesmo tom. Saudosismo para uns e para outros, atribuição de erros.

Sucedem-se os escritos, permanecem os problemas.

Nos meus últimos textos publicados no labor incidi sobre a Praça. No da semana passada, evidenciei alguns erros da gestão municipal e no anterior demostrara o lado positivo do centro, utilizando para o efeito, o título de uma música dos B-52’s (Funplex), som que me recorda bons momentos vividos ali na Praça, no final da década de 80.

Lentamente, começa-se a apresentar a ideia que a praça só volta a ser o que era com mais obras. Solução incipiente que visa terminar com a zona pedonal, trazendo o trânsito automóvel e muito estacionamento para o centro e pouco mais.

Mais obras?

Mais transtorno para quem ali vive. Com pó no ar nos dias secos, lama nos dias de chuva, barulho e movimentação de máquinas. Mais os taipais, para afugentar de vez os clientes do comércio resistente.

Resultará?

Não creio.

A intervenção da autarquia na Praça, só se justifica para minimizar os erros do passado recente. No entanto, a edilidade deve exercer algumas ações.

O movimento centrífugo da cidade idealizado nos últimos anos, retirou à Praça a sua importância como zona habitacional, comercial e de serviços. Nem concertos são para ali programados.

O problema do centro consiste na redução do número de habitantes.

A recuperação de edifícios degradados não foi promovida – optou-se pela sua demolição - e a construção de novas habitações há muito que não é projetada, nem os tempos são para isso.      

A fixação de população jovem na cidade pode ser conseguida pela promoção de arrendamento com preços adequados a jovens. Casais ou não. Ao olhar para o edifício que domina o centro, ao olhar em redor para a quantidade de habitações devolutas, ao olhar para antigos escritórios vazios, apetece sugerir isso mesmo. Acrescente-se as dificuldades dos jovens em conseguir crédito bancário e pode-se seduzir os proprietários de todas essas potenciais habitações a alinharem num “povoamento” da zona central.

Outra forma de trazer pessoas à Praça, é transferir serviços que se destinem ao grande público. O atendimento aos clientes da empresa Águas de S. João devia estar no denominado “pirilau”. Nos tempos modernos os pagamentos são efetuados por débitos diretos, ou por pagamento por multibanco. Só que existe sempre aquela pessoa que se atrasa, que tem uma reclamação a fazer. Obrigá-la a ir à Praça, no horário de expediente, anima o centro e alegra os comerciantes.

Outros serviços municipais deslocarem-se para a Praça não fará sentido.

Existem delegações de Ministérios em espaços alugados e espalhados pela cidade. Conseguir a sua transferência para a Praça seria o ideal. Não haverá muitos espaços municipais para alberga-las, no entanto, se as novas rendas forem vantajosas para o erário público é um ganho ótimo, em tempo de crise e de austeridade.

Estas medidas serão úteis para o movimento durante a semana. Enquanto o Centro Artes Espetáculo e Criatividade (leia-se antigo Imperador) não abre ao público, os fins de semana na Praça terão que receber alguma iniciativa. Festival da juventude, por exemplo. Cidade no jardim. Leram bem. A iniciativa “Cidade no Jardim” é perfeitamente realizável na Praça e ruas adjacentes. Com palco instalado e tudo o resto. E criando-se de novo esta dinâmica à volta do centro, será possível noutros dias de descanso, realizar concertos de fim de tarde, de princípio de noite. Ao ar livre e com bom gosto, trazendo público para a Praça e de futuro para a sala de espetáculo.

Ideias úteis e gratuitas. Sem investimento municipal. Com baixo custo de execução e grande probabilidade de sucesso.

Ideias partilhadas para serem encontradas soluções para a Praça. Para o seu futuro não ser um tormento.

 

(a publicar dia 08/03/12)