quarta-feira, setembro 18, 2013

Opiniões

                Nas páginas do labor destinadas às crónicas, vai imperando o pluralismo. Nos tradicionais artigos de opinião, juntam-se textos de militância com artigos de cidadania. Esta salgalhada evita o unanimismo. Havendo críticas para ambos os lados, trocando-se argumentos e sugerindo-se ações.

                Eu leio com particular atenção os artigos dos meus companheiros de páginas. Não tenho o hábito de publicamente tecer comentários mas, por vezes, comunico diretamente com alguns deles, quando verifico ser necessário.

                No contexto eleitoral que atravessamos, este equilíbrio de publicação de artigos de opiniões, é quebrado com os textos dos candidatos.

Por estes dias, as páginas dos jornais enchem-se de campanha eleitoral. Além das várias reportagens sobre as ações dos vários partidos, surgem textos de opinião, nos quais alguns candidatos discorrem sobre temas, por eles considerados plausíveis de apreciação.

Para os leitores mais distraídos, um artigo assinado por um colunista não usual nas páginas dos jornais, confere-se sempre de novidade. Se não reconhecer aquele rosto, há sempre a tendência de leitura do texto, para conhecer a opinião do autor. É claro, que ao fim de algumas linhas, o mistério está desvendado e o colunista identificado com algum partido político, o que pode refrear o entusiasmo do leitor, ou pelo contrário, aumentar o interesse, conforme as opiniões e sensibilidades de cada um.

Alguns articulistas identificam-se, juntando à fotografia e nome, o seu estatuto de candidato. Uma opção honesta para com o leitor, que pode assim, escolher previamente a leitura ou não do artigo assinado. 

                Em democracia, todas as opiniões são válidas. 

                Não consigo classificar do mesmo modo os argumentos esgrimidos. Apreciações pessoais utilizando-se proveniência social e guarda-fatos são extremamente penalizadores para quem as utiliza. Do mesmo modo, agitar com o bairrismo, numa época em que os oito quilómetros quadrados da cidade não são suficientes para a população local, que necessita de trabalhar ou dormir fora do concelho, é um argumento redutor. Já questionar a independência política, quando no geral, todos os partidos têm candidatos e cabeças de lista aos demais órgãos na mesma condição, não é percetível.

                Esperava-se mais dos textos políticos publicados. Acreditava-se que fosse esclarecido o programa eleitoral dos vários partidos. Promessas esmiuçadas. Medidas tangíveis, com números concretos associados a cada uma. Já para não falar do cabimento orçamental. Do ganho associado, indicando o valor de investimento de cada promessa.

Sobre isto nada li.

Ingenuamente, aguardava uma campanha eloquente, sem se utilizar a arma do ataque ao adversário, com alegação básica. Uma campanha esclarecedora, sem procurar a vitimização. Uma campanha com debates de ideias, sem a preocupação de promover manchetes dos jornais.

Provavelmente terei que esperar mais alguns anos…

Enquanto isso, vou continuando a seguir os textos do Artur Nunes, do Pedro Neves, da Joana Costa, do Fernando Moreira, já que a partir de Outubro… só estes me acompanharão na edição do jornal labor.  

 

(a publicar no dia 19/09/13)