Para o regresso, quatro breves apontamentos do mês findo:
1. A sondagem publicada no jornal “O Regional” condicionou as próximas eleições autárquicas. Em especial, por ser divulgada a menos de dois meses da data agendada para o escrutínio e ao ser publicada na última edição, antes das férias de Agosto.
Ao não permitir qualquer reacção política, nem comentário, nem estudo contraditório, nem acção de mobilização dos eleitores, por coincidir com o mês em que a maioria da população está de férias, existe a forte convicção que as eleições já estão decididas.
Os números divulgados, a confirmarem-se no dia 29 de Setembro, permitem antever uma folgada vitória de Ricardo Figueiredo, uma disputa curiosa pelo segundo lugar, entre o candidato do PS e a candidatura do Dr. Jorge Lima e uma feroz disputa entre as restantes três forças políticas – CDS/PP, CDU e Bloco de Esquerda – pelo quarto lugar, ou pela fuga à menos votada.
A sondagem confirma a ideia, expressa anteriormente, da população local se identificar com a independência política. Entre a entrega desinteressada à causa pública ou a luta partidária, os eleitores preferem a primeira, assim como, optam pela elevação argumentadora em detrimento do ataque insultuoso. São sinais democráticos bem visíveis por todo o país e a maioria da população sanjoanense reconhece-se neles.
2. Uma notícia do Jornal Notícias, sobre a hipotética devolução de alguns hospitais aos respectivos núcleos concelhios da Santa Casa da Misericórdia, evidenciou outra forma de fazer política: a assertividade. Um comunicado curto, vincando uma ideia antiga, a necessidade de o Hospital de S. João da Madeira permanecer no Serviço Nacional de Saúde. Em contraste, uma longa lista de acusações, esquecendo a necessidade de racionalizar meios do Estado, tão correctamente apregoada durante os anos 2005 a 2009.
3. As características essencialmente urbanas do concelho de S. João da Madeira permitem encarar a época de incêndios com alguma distância. Apesar de muitos fogos serem em freguesias de concelhos vizinhos, as chamas raramente incomodam a população local. O fumo, esse faz-se sentir e permite visualizar ao longe a desgraça que outros estão a viver. Neste contexto, a notícia da detecção de um eventual incendiário, oriundo de S. João da Madeira, não possibilita encarar todo este processo sem se questionar o falhanço da educação e da acção cívica comunitária.
4. A exposição de Joana Vasconcelos no Palácio Nacional da Ajuda com 235.000 espectadores, a grande maioria durante o mês de Agosto e a exibição do filme “A Gaiola Dourada”, ao qual assistiram em Portugal no último mês, o da estreia, 430.000 espectadores, demonstram a capacidade dos criadores nacionais em atrair público. Contribuí para esses números, intervalando os banhos e as sessões de leitura, para, em família, visualizar as concepções de Joana Vasconcelos e a divertida história filmada pelo luso-francês Ruben Alves. Depois do sucesso da exposição em Versailhes da artista portuguesa, temos outro bom exemplo da exploração do filão: comunidades portuguesas.