quarta-feira, junho 17, 2015

Futebolland

                No último mês, o país dedicou-se ao futebol.

Atolou, semana após semana, como provam as capas de jornais publicadas neste período.

Futebol nacional, com títulos conquistados, festejos exacerbados e trocas de treinadores. Futebol internacional, com eleições suspeitas na FIFA, finais europeias e jogos de seleções.

Neste clima, a imprensa local não fugiu ao tema e deu também o seu contributo. Entrevistas e conferências de imprensa foram o mote.

Pelo meio decorreu o ato eleitoral da Associação Desportiva Sanjoanense.

Acompanhei pela comunicação social este processo.

Registei o adiamento das eleições e o motivo anunciado – dar oportunidade aos concorrentes de se apresentarem aos sócios e debaterem ideias.

Um dado curioso: a data, inicialmente prevista para estas eleições, era no dia anterior às eleições da FIFA. Apesar das suspeitas lançadas sobre o processo eleitoral do organismo internacional e do apelo para o adiamento, a teimosia de um dos candidatos, querendo manter-se a toda a força no poder, demonstrou que as eleições em associações, se não houver bom senso e não se salvaguardar o bom nome da instituição, podem ser processos nebulosos.

Das eleições da Fifa, nada mais direi. Das eleições da ADS, aproveito para felicitar o presidente reeleito, Luís Vargas Cruz, desejando-lhe as maiores felicidades para o próximo biénio.

Não posso deixar de fazer uma analogia entre estas eleições (da ADS) e o ato eleitoral realizada em Outubro passado, noutra associação de S. João da Madeira, a Associação Estamos Juntos (AEJ).

Em ambos os casos, duas listas.

Numa das eleições, a tentativa de informar os sócios do propósito e objectivos de cada lista. Mais, concedeu-se tempo para os elementos concorrentes passarem a ser conhecidos pelos eventuais votantes. Isto tudo, nestas eleições de Maio / Junho, da ADS.

Em Outubro de 2014, na AEJ, foi solicitado por um sócio, no inicio da Assembleia Geral, o adiamento do ato eleitoral, colocando os concorrentes em pé de igualdade. De igual modo, foi pedido que ambas as listas apresentassem na Assembleia os seus programas eleitorais. Conforme foi divulgado, na época, ambas as solicitações foram rejeitadas.

Compare-se os processos dos dois clubes.

Compreende-se melhor porque razão, o ato eleitoral da AEJ foi sujeito a impugnação judicial. No fundo, quem ficou a perder pela não transparência das eleições, foi o próprio clube e claro está, os seus sócios, que poderiam ter um processo eleitoral pacífico, com debate de ideias, com conhecimento dos candidatos, ficando a conhecer os objectivos de cada lista concorrente para a sua Associação.

Provavelmente, com o adiamento das eleições na AEJ, o desfecho seria o mesmo do das eleições da ADS: uma só lista a concorrer.

Dois últimos apontamentos para a AEJ: o pedido de demissão, seis meses depois, de um dos diretores reeleitos, demonstrando que a coesão diretiva era efémera. Por fim, apesar de todas as dúvidas sobre o ato eleitoral, expressas nas semanas seguintes na imprensa local, alguns agentes da política concelhia não hesitaram em reconhecer a direção eleita. A eterna atração dos políticos a processos sombrios.

 

(a publicar no dia 18/06/15)