Esperava-se que a partir de 24 de Janeiro, a atividade política abrandasse. Duas eleições, intercalares em S. João da Madeira e Presidenciais, em simultâneo e com o calendário eleitoral para o presente ano vazio, sem nada agendado, presumia-se uma diminuição de notícias e de notoriedade dos agentes da política local.
Os jornais locais nas últimas semanas prolongaram as questões partidárias. Primeiro o mal-estar no PS local e logo na semana seguinte, as eleições para a concelhia do PSD. Uma leitura mais alargada e verifica-se que os dois partidos vão também a votos para eleger as respetivas distritais. A movimentação partidária estende-se no PSD até à eleição da comissão política nacional.
Tanta atividade deve ocupar bastante a militância.
É evidente que deve-se separar as águas: acompanhar as eleições que envolvem a sociedade civil e apenas estar atento às dos partidos políticos. No entanto, é sempre curioso verificar-se as movimentações partidárias. Avaliar a capacidade democrática das estruturas partidárias, sobretudo, nos momentos em que existem críticos. Muitas vezes é necessário conciliar as opiniões divergentes, para transmitir uma mensagem de unidade à sociedade civil. Outras vezes, é importante assumir uma rotura, devido a um passado recente pouco recomendável em termos democráticos, levando a críticas contundentes e ao afastamento de militantes históricos, o que influência negativamente os eleitores e só mesmo um recomeçar de novo, reabilita um partido perante a sociedade civil.
Esta agitação política tem desviado a atenção dos meios de comunicação, de uma proposta do atual governo, sobre a eleição do presidente da Área Metropolitana (AM). Segundo está previsto, este cargo estará sujeito a sufrágio já em 2017, aquando das eleições autárquicas. Ou seja, para além dos três boletins de voto, normais em eleições municipais, um para a Câmara Municipal, outro para a Assembleia Municipal e outro para a Assembleia / Junta de Freguesia, o eleitor receberá um quarto impresso, para votar nos candidatos a presidente da Área Metropolitana, o que no caso de S. João da Madeira, será a respetiva AM do Porto.
Parece ser consensual a criação deste cargo, pois alguns militantes do PSD já encontraram um candidato a apoiar por esse partido. Nada mais, nada menos do que, Rui Rio. Uma candidatura dentro da lógica “da conciliação de opiniões divergentes” e que vai obrigar as outras forças políticas a elevar a qualidade dos seus candidatos, para não perder esta corrida.
Chegados a este ponto, com os eleitores de S. João da Madeira e dos restantes concelhos vizinhos, inseridos na sub-região Entre Douro e Vouga (EDV), a votar para a AM do Porto, é bom reivindicar, novamente, que os círculos eleitorais distritais sejam ajustados à nova realidade, ou seja, que os eleitores do EDV passem a eleger deputados do distrito do Porto e deixem de votar no distrito de Aveiro. Não fará sentido continuar tudo na mesma. Confirmando-se a possibilidade de eleição para o Presidente da AM do Porto, é o momento oportuno para os partidos políticos repensarem-se, modificando a lei eleitoral e ajustando a realidade política, destes concelhos do EDV, à área geográfica onde estão inseridos.
Continuo a pensar que o maior obstáculo a esta inevitável alteração, é a resistência de algumas estruturas partidárias. O mapa eleitoral só será revisto, ajustando-se concelhos periféricos a outros distritos, se as respetivas estruturas partidárias alterarem o seu perfilamento. Isso só acontecerá, ou por imposição nacional, caso se queira impor um novo mapa, ou por reivindicação da população. Esta última, objetivamente, por uma questão de proximidade, coesão e identidade geográfica a uma nova afinidade regional.
Enquanto tal não acontece, sugiro aos leitores, seguirem outras eleições: as primárias dos Estados Unidos da América. Uma das dúvidas, também por lá, é saber se os Republicanos se chegam mais à direita e se os Democratas tendem mais para a esquerda. A acompanhar atentamente nos próximos meses.
(a publicar no dia 18/02/16)