A disputa partidária, em torno da reabertura da urgência no hospital de S. João da Madeira, não permitiu o melhor esclarecimento à população local.
Compreende-se o regozijo de quem defende o Serviço Nacional de Saúde, por se ter obtido uma valência que imprime um carater de maior proximidade à população, após meses de luta, incluindo a organização de petição, que poderá ter culminado com a reversão do anterior acordo entre o Estado e a Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira (SCM).
Sendo certo que existe uma data prevista para o Hospital albergar de novo o serviço de urgência, aberto 24 horas por dia, será necessário perguntar se este desfecho é suficiente para melhorar a oferta de cuidados de saúde da população de S. João da Madeira?
Há um exercício imediato que devia ser feito, comparar o que está previsto ficar disponível em Janeiro de 2017, com o acordo revertido com a SCM, que deveria ter entrado em vigor no princípio deste ano. O jornal labor, por ocasião da divulgação das intenções Ministeriais, publicou a comparação do atual estado do Hospital com os ganhos associados, tendo-o efetuado de forma factual.
Atendendo à recente divulgação do decreto de lei no mês de Agosto, seria um trabalho jornalístico consequente fazer a publicação da referida comparação, para permitir aos leitores tirar as devidas conclusões. A sugestão não pretende ser uma interferência na linha editorial do labor. Sendo estes artigos, apenas de opinião, ser eu próprio a divulgar esse estudo, seria maior a ingerência. Além disso, já manifestei anteriormente a defesa da entrega da gestão do hospital de S. João da Madeira à SCM, pela sua história na criação do mesmo e pela competência que tem demonstrado ao longo dos vários anos na gestão das suas valências, muitas delas em parceria com o Estado Português. Por isso, ser eu a dinamizar a comparação, ficaria sempre a ideia de que não seria isento, independentemente do resultado obtido.
Antes de avançar, recordo que o acordo com a SCM, mantinha o Hospital no Serviço Nacional de Saúde, com a gestão a ser assegurada pela entidade sanjoanense, à semelhança de outros acordos que o Estado fez com a União das Misericórdias.
Dentro do princípio da incerteza da data para abertura das urgências, surgiu o anúncio de obras no Hospital para acolher a nova valência. Mesmo os mais otimistas ficaram receosos, prevendo um adiamento para data dúbia – o título deste texto pretende exemplificar isso mesmo.
Espera-se um cumprimento do prazo e que a população da cidade e dos arredores possa rapidamente ver melhorada o seu acesso aos cuidados hospitalares.
Os acontecimentos do último ano na maioria dos Hospitais nacionais, com tempos de espera híper elevados e sem camas para internar doentes, terão pesado de que maneira para a reabilitação da rede de urgência nacional.
É importante, contudo, deixar um alerta.
Mais do que motivos partidários, o que levou no passado ao encerramento das urgências em S. João da Madeira, foram as estatísticas da adesão de utentes aos serviços. A reduzida frequência da população durante o período noturno, culminou com o seu fecho. Para evitar um desfecho idêntico no futuro é imprescindível informar a população da abertura da urgência, evitando-se a procura do Hospital S. Sebastião como primeiro acesso ao atendimento público. Do mesmo modo, dispersar durante o dia, a urgência por Centros de Saúde, dará um mau resultado estatístico, com consequências imprevisíveis dentro da dinâmica do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga.
Estou convicto que o verdadeiro balanço sobre o estado do Hospital será feito em Janeiro de 2018. Confiando que à época, a vida hospitalar não se resumirá a um ou dois pisos ocupados e a uma urgência com pouca frequência. Se assim acontecer, de pouco serviu a reversão.
(a publicar no dia 29/10/16)