quarta-feira, setembro 21, 2016

O fim do verão

                A época estival, marcadamente quente e seca, está a terminar.

O bom clima e os fogos florestais, relativamente distantes, permitiram à piscina municipal de S. João da Madeira acolher um número considerável de visitantes, durante os últimos três meses. O novo mini parque aquático, consequência de investimento autárquico, incrementou a condição de espaço de lazer da piscina pública, todavia continuando a diferencia-la dos equipamentos semelhantes da região.

Por outro lado, as condições climatéricas permitiram uma boa adesão de público aos eventos organizados no centro da cidade - com a Câmara Municipal a assumir um maior protagonismo.

A animação em Junho, com a ocupação do Jardim, obedeceu à lógica partilhada de organização conjunta entre a autarquia e as várias associações locais. Uma prática comum, durante os meses mais frios em inúmeros acontecimentos, que tem o seu apogeu na instalação das barraquinhas associativas, pelo jardim fora, nos derradeiros dias da Primavera.

Para os meses de verão, a Câmara Municipal arriscou regressar sozinha à animação da Praça. Com festas temáticas, trazendo para o efeito grupos musicais, com boa capacidade de puxar o público para a dança, tal o ritmo rápido que imprimem aos seus concertos.  

De realçar o risco, ao promover eventos no último fim-de-semana de Julho e mesmo durante o mês de Agosto, em plena época de debandada dos habitantes locais para zonas balneares. Pelos relatos da imprensa, acompanhados de fotografias demonstrativas, permitiu verificar-se a boa participação da população.

Pode-se fazer a analogia com a conclusão do segundo parágrafo deste texto, ajudando o leitor a perceber melhor a referência à piscina municipal: com produtos diferenciadores há público, logo a população permanece em S. João da Madeira, recebendo alguns forasteiros e em alguns espaços municipais pode-se ter enchentes, beneficiando com isso a cidade, os seus moradores e os agentes económicos das zonas envolvidas.

Não posso deixar de abrir um parêntesis para referir a capacidade de mobilização que a Festa Salsices Antigas imprimiu ao contexto local. Sendo certo que tenho que salvaguardar a minha declaração de interesses, por ter sido membro da organização da mesma, apenas para prestar homenagem a um malogrado amigo, não tendo qualquer interesse comercial com o evento. Independentemente de toda e qualquer interpretação que possa ser atribuída ao que vou de seguida escrever, o facto de o bar “Pé de Salsa” e a rua terem ficado repletos, inclusivamente beneficiando o negócio dos vizinhos, prova que é possível aos empresários captaram clientes.

Perante estes factos, existem quatro possibilidades para a autarquia promover a animação para as próximas estações, caraterizadas por eventos em locais protegidos do frio e sobretudo, da chuva. Ou continua a suportar-se nas Associações locais, esperando que o voluntariado seja capaz de agregar público em torno dos eventos. Ou permite que as Associações assumam a sua capacidade organizativa e demonstradora de magnetismo social, como é o caso do evento “Party Sleep Repeat”, promovido pela Associação Cultural Luís Lima. Ou assume o mesmo risco, como no verão e especialmente, na Poesia à Mesa, de continuar sozinha a promover os eventos. Ou, finalmente, permite a entrada em cena de agentes privados, numa parceria alargada visando o benefício da população da cidade.

Explicando melhor este último ponto. A parceria não deve resultar unicamente no aluguer de instalações, pode e deve ser inovadora e diferenciadora, pela introdução de novos conceitos, de novas dinâmicas, que poderiam dar bons resultados para o futuro, despertando essencialmente o interesse de outros agentes, em particular, culturais e com isto trazer mais-valias para o concelho, aproveitando as infra-estruturas que existem na cidade, criando-se uma forte agenda cultural, sem estar dependente do orçamento da autarquia.     

O Outono começa hoje.

 

(a publicar no dia 22/09/16)