As eleições autárquicas para 2017 já mexem. Há dias, Jerónimo de Sousa informou que a CDU concorrerá sozinha, às mencionadas eleições. Por seu lado, numa entrevista concedida ao jornal labor no mês de Outubro, Moisés Ferreira já tinha avançando que o Bloco de Esquerda iria apresentar-se com listas próprias em S. João da Madeira.
Perante este cenário, com a esquerda fragmentada no período pré-eleitoral, começam-se a definir os concorrentes para as próximas eleições. Haverá alguma semelhança com as intercalares de 24 de Janeiro de 2016, caso haja coligação entre o PSD e o CDS-PP. Desconhecendo-se ainda se o movimento de cidadãos “SJM Sempre” continuará a apresentar-se a sufrágio, necessitando para isso de voltar a reunir as assinaturas para ser aceite a sua candidatura.
É bom recordar que, das eleições autárquicas de 2013 para as eleições do início do presente ano, o voto concentrou-se em duas forças concorrentes. A bipolarização PSD / CDS-PP versus PS foi retomada, pois tal não acontecia desde 1982. Embora haja registo de período de 4 anos (1985 a 1989), com os mesmos partidos com vereadores eleitos, contudo a coligação foi entre PS e PSD, tendo ficado o CDS, vencedor, isolado. Nos 20 anos seguintes, os executivos municipais foram formados por, pelo menos, três partidos políticos, que se apresentaram a eleições municipais não coligados. Até que em 2009, pela primeira vez, o executivo se reduziu a apenas dois partidos.
Em números de votos, a coligação de direita obteve em 2016, mais de 5.200 votos, ou seja, um acréscimo de 1.100 face aos resultados individuais dos dois partidos em 2013. Por seu turno, o PS também teve um acréscimo de votos, entre as duas eleições, 800 votos, que foram insuficientes para vencer as eleições.
Se analisarmos o número de dias entre estas duas eleições, que tenho vindo a reportar, chegamos a 840 dias. Significando com isto que o PS conquistou em média um apoiante por dia. Este aproximar de eleitores num período conturbado, de permanente campanha eleitoral, criou a ilusão ao PS local de não temer umas eleições intercalares. Só que em igual período, foi maior o número de eleitores que não se reviram nesta política de oposição do PS e preferiram reconduzir Ricardo Figueiredo à presidência da Câmara Municipal de S. João da Madeira, com maioria absoluta.
Para 2017, na entrevista publicada na semana passada neste jornal, Pedro Nuno Santos defendeu que o projeto do PSD está terminado e por isso, atendendo à evolução das maiorias autárquicas neste concelho, será tempo do PS vencer. Para isso, conta com as políticas do Governo (reversão do acordo do Hospital com a Santa Casa de Misericórdia de S. João da Madeira) e com a apresentação de um “candidato forte”.
Obviamente que a questão das políticas de Estado para benefício da cidade não é nova. No passado houve a apresentação de argumentos de melhorias introduzidas na cidade por Governos do PS. Os leitores devem estar recordados da comparação da construção da Escola João da Silva Correia com a remodelação da Escola Oliveira Júnior, entre outras polémicas, que teve o ponto alto na racionalização dos serviços de urgência dos Hospitais.
Esta argumentação, meramente partidária, é distante da população, por não haver proximidade entre os agentes políticos ao serviço do Estado e a campanha eleitoral para as autarquias. Sobretudo, em localidades com um forte conceito bairrista e um espírito comunitário enraizado.
Perante estes factos, só mesmo com a apresentação de um “candidato forte” - ou seja, de alguém inserido na comunidade local, com boas relações com os movimentos associativos, com reconhecimento profissional, conhecedor da vida partidária, com experiência autárquica e dos meandros da política - é que levará o PS a poder ambicionar, inverter o ciclo político iniciado em 2001.
(a publicar no dia 01/12/2016)