O labor, o Jornal Notícias e o Porto Canal utilizaram o mesmo título, para noticiarem a demolição do Elemento Arquitetónico da Praça Luís Ribeiro. A utilização da expressão popular “pirilau” associada à sua queda, remete-nos para um registo de malícia, ajudando a focalizar o interesse dos leitores na notícia.
Poder-se-ia continuar com a mesma linguagem, perguntando se o “pirilau” cumpriu a sua função?
A sua construção não foi pacífica, por jamais ser entendida pela população. O batismo popular prejudicou a sua aceitação. Os pareceres técnicos para a sua demolição, mesmo durante a edificação, reforçaram a ideia.
A Praça Luís Ribeiro divide os pontos cardeais da cidade. É local de confluência de ruas. A edificação no lado nascente, dos anos 60 até aos anos 80 do século passado, formou uma meia-lua, não tendo sido possível a construção do círculo completo, com o mesmo tipo de edifício. A implantação do “pirilau” veio ocupar o centro, preenchendo em demasia um espaço que deveria ter ficado amplo, para se procurar encontrar o equilíbrio no complemento geométrico da zona central da cidade.
Os 25 anos de abertura ao público deram várias funções ao Elemento Arquitetónico. Sala de exposições, camarins para os músicos a atuar na Praça e sede de uma associação de jovens. Provavelmente, esta última foi a sua melhor ocupação. Sendo a Praça, no final do século passado, o local de encontro de jovens, dinamizar uma associação para os mesmos nesse local, foi uma excelente ideia. Muito apropriada e reforçada pelo trabalho desenvolvido e pela forte afluência à sede.
Em 2001, tudo mudou.
A Associação de Jovens “Ecos Urbanos” foi desalojada, em Agosto desse ano. Houve posteriormente uma mudança do executivo municipal, no final de Dezembro, só que o regresso aos moldes antigos de ocupação do espaço e mantendo a proximidade aos jovens, fazendo da Praça o seu ponto de encontro, nunca foi recuperado.
Nestes últimos 16 anos, tenho dificuldade em recordar-me da utilidade do interior do “Pirilau”. Já o seu exterior serviu para a decoração de Natal, tendo num dos anos da década passada, sido aplicadas uma sucessão de lâmpadas, dando à Praça uma iluminação festiva (e não só), extramente atraente.
Ora, isto é manifestamente pouco, para um edifício municipal localizado no centro da cidade.
A hipótese de demolição ganha efetivamente sentido. A Praça ganhará amplitude. E as outras medidas anunciadas, como a reposição do trânsito, podem efetivamente ter sentido, para aproximar os automobilistas do centro da cidade e como alternativa ao fluxo existente na Avenida Renato Araújo. Ainda assim, o equilíbrio geométrico da Praça não será alcançado, ficando a meia-lua separada do resto, já que a estética de construção assim o impôs.
Perante isto, havendo uma certa consensualidade sobre a demolição, verificando-se que a estratégia para esvaziar e retirar sentido ao edifício, começou há alguns anos, faltava vontade em promover a demolição.
Parece que será agora. Dando azo a que se termine com mais uma brejeirice: espera-se que, no futuro, não se ergam “pirilaus” de forma inútil.
(a publicar no dia 19/01/17)