A eleição de Jorge Sequeira, com a vitória autárquica do Partido Socialista foi, sem sombra de dúvidas, o grande acontecimento neste concelho, no ano que por estes dias termina.
Uma alteração da cor maioritária do executivo camarário é sempre um facto a democrático a realçar. Assim foi em S. João da Madeira, em 1979, quando o PS perdeu as eleições para a extinta AD. Repetiu-se em 1984, com a vitória do CDS. Voltou a acontecer em 2001, com a vitória maioritária do PSD. E agora em 2017, quase quatro décadas depois de ter sido o partido mais votado em eleições autárquicas, o PS volta a vencer na cidade.
A vitória inesperada, pelos votos alcançados e mandatos conquistados, teve o seu fundamento na estratégia de ataque ao seu opositor. Baseando-se nas ruturas partidárias e na descontinuidade do anterior executivo camarário, o PS passou a mensagem da sua própria competência. Enquanto, do lado do PSD/CDS nem a descontinuidade, nem as desavenças com alguns militantes foram minimamente desconstruídas, nem foi esclarecido todo o processo de convites, o que implicou a desconfiança dos eleitores na lista proposta.
Por não ser caso inédito, em que uma força partidária no poder não consegue eleger um novo candidato, é necessário analisar as especificidades dos antecedentes da eleição autárquica. Depois dumas eleições intercalares em 2016, o ano e meio que se seguiu permitiu ao novo executivo pôr em prática vários dos seus propósitos, ou promessas eleitorais. Com destaque para a inauguração do museu do calçado, a requalificação da zona central, incluindo a demolição do elemento arquitetónico da Praça Luís Ribeiro e claro está, a promoção de eventos na cidade, por forma a fixar por cá a população nas suas horas de lazer. É evidente, neste capítulo, que a recusa de Ricardo Figueiredo em se candidatar nos moldes propostos, equilibraram os pratos da balança. Não querendo repetir os argumentos escritos em outubro, em que referi que havia mérito de Jorge Sequeira na vitória, é importante comparar estratégias para entender melhor a mudança de voto dos eleitores. Se por um lado, o PS teve uma tática eleitoral bem definida e passou bem a sua mensagem, por outro, a coligação PSD / CDS esqueceu-se de contra-atacar, mantendo-se na sua estratégia, sem verificar a desconfiança do eleitorado. E o eleitorado respondeu dessa forma: não confiando num candidato e votando maciçamente noutro.
O que esperar de 2018? Esta é a pergunta que se coloca neste momento.
Em primeiro lugar, há eleições partidárias. O PSD aparentemente só com eleições para líder nacional. O PS com eleições para a concelhia. Umas e outras dizem respeito aos seus militantes. No entanto, ambas podem desencadear processos inesperados para futuras eleições autárquicas.
O PSD pode entrar num processo novo, com a preparação imediata das eleições de 2021, como é propósito do candidato Rui Rio. Neste sentido, haverá necessidade de reabrir o dossier autárquico e pensar num candidato a longo prazo e claro, como está bem presente o desaire eleitoral deste ano, a concelhia em funções terá que ter perspicácia para escolher um candidato com perfil vencedor.
Do lado do PS, as hipotéticas duas candidaturas para a concelhia poderão provocar um ajuste de contas inesperado, com desfecho imprevisível a longo prazo.
Tudo isto acontecerá no mês de Janeiro, depois disto e mais importante, será verificar como o novo executivo municipal põe em prática o seu plano de atividades. Existe uma grande expectativa, por parte dos parceiros associativos, entre outros, para verem agendadas as várias iniciativas, que nos últimos anos fizeram o calendário de eventos da cidade. Para já, com um orçamento para 2018 mais composto, tudo fica em aberto e com possibilidade de ser concretizado.
(a publicar no dia 28/12/17)