Uma reportagem publicada na imprensa económica, sobre uma cervejeira artesanal, sediada em Coimbra, trazia a história do nome com que habitualmente se designa o copo de cerveja, na região norte e centro de Portugal. O fino, como vulgarmente é utilizado, deve a sua origem à cidade de Coimbra. Conta-se que um cliente especial, pedia a cerveja em copo alto e fino, com o tempo adotou o singelo “copo fino” e daí até ficar apenas “fino”, foi uma pequena simplificação temporal. Esta é uma história antiga, que os mais velhos conhecem, por ter sido editada no livro “Boémia Coimbrã“ da autoria de António Nicolau da Costa. A edição faz referência aos anos quarenta do século passado e compila esta e outras histórias da cidade, com especial relevo as dos seus estudantes.
Convém recordar, que o autor era natural de S. João da Madeira e exerceu a sua atividade nesta localidade, sendo conhecido como Doutor Nicolau. O livro está registado no espólio da Biblioteca Municipal desta cidade. Para aquisição, é difícil de encontrar à venda, mesmo em alfarrabistas. O livro é um precioso documento, guardou memórias de Coimbra e o esforço do seu autor permitiu às gerações futuras ter um conhecimento mais aprofundado sobre a tradição daquela cidade. Quando pesquisei um pouco mais sobre o assunto na internet, apareceram referências à forma singular como o Doutor Nicolau transpôs a vivência Coimbrã para S. João da Madeira. À sua maneira, pelo seu modo de atuar, as histórias do nosso conterrâneo perpetuaram-se pelos anos e é um desperdício não ficarem, também elas, documentadas para memória futura.
Fiz alusão, em texto publicado no mês passado, há necessidade de incrementar o acervo municipal com o património humano que se encontra fragmentado, dando como exemplo as coleções de fotografias que tardam em estar à disposição da população da cidade. Podemos acrescentar a compilação das histórias do Doutor Nicolau, como as famosas consultas em tascas, ou outras igualmente conhecidas. Do mesmo modo, a compilação e recolha de outras histórias de outros conterrâneos podem e devem merecer a devida atenção. Até porque isso possibilitaria entender-se melhor a história da localidade, as suas transformações e o seu desenvolvimento.
Não é só de passado que se deve encher o acervo municipal. A atividade dos agentes culturais deve igualmente ser merecedora do reconhecimento da autarquia. Numa fase imediata, a parceria poderia passar por expor algumas dessas obras nas instalações municipais, promovendo os artistas de maior nomeada, dando visibilidade aos seus trabalhos. Neste contexto, a expansão do acervo municipal, com a aquisição dos seus trabalhos mais significativos, será a consequência da divulgação e reconhecimento dos principais vultos da cultura local.
Por outro lado, pensando no futuro e na totalidade dos artistas emergentes, seria importante equacionar uma mostra anual de novos talentos criativos. Juntar num evento anual, a produção artística local, desde pintores, músicos, escritores, desenhadores, artistas de rua e também bandas, grupos de dança ou de teatro, entre outros, que não me ocorrem de momento. Promovendo exibições e atuações individuais, mas também sinergias entre as várias artes, ou estilos.
É com esta proposta, com o objetivo promover o espirito comunitário, que é chego ao fim do texto idealizado para esta edição. Por ser nos últimos dias do advento natalício, aproveito para desejar Boas Festas a todos os leitores.
(a publicar no dia 21/12)