Quem entra na cidade pelo IC2, vindo do Norte, depara-se com um out-door de divulgação municipal, terrível para a cidade. Simplesmente anuncia o Piquenique de 18 de Setembro de 2005. Os mais atentos verificam que, já no passado recente, alguns eventos como as jornadas do UEFA futsal de há dois anos e a chegada da Volta a Portugal em Ciclismo de 2003 foram anunciadas durante vários meses, após se terem realizado.
Esta tendência revela algum marasmo sazonal na promoção de eventos, o que é grave. Sabe-se que a partir desta data, o Carnaval das Escolas, o Dia da Poesia, a Semana da Juventude, a Festa do Parque, a festa do Jardim, o S. João da Ponte e mais alguma organização de Verão irão suceder-se na divulgação. Depois chegará o Outono e lá ficará mais um out-door, ao tempo, anunciando o que aconteceu há meses. Tudo isto poderia ser evitado, colocando a branco (ou a negro) o referido espaço. Penso ser preferível nada informar, do que anunciar organizações passadas e portanto, obsoletas. No entanto, a solução mais cómoda é a praticada em S. João da Madeira.
A inauguração dos Paços da Cultura antevia uma mudança na programação Cultural da Cidade. Passados 7 meses verificamos o contrário. Apesar de uma série de eventos já promovidos, segundo a crítica e as crónicas, com qualidade e alguma adesão, esperava-se uma dinâmica diferente. Pelo menos, que conseguisse alterar os hábitos culturais da cidade. O desejado seria garantir a assiduidade do público nos eventos, organizando-se para isso, regularmente, actividades que proporcionassem vontade de trocar o lar pelo auditório dos referidos Paços.
A programação cultural é segundo vários entendidos, composta por três vertentes: divulgação, acolhimento e espectáculo. Se a primeira e última são de fácil compreensão, convém explicar que por acolhimento se entende a recepção, a qualidade e o conforto da sala que acolherá o espectáculo. O facto de existir em SJM um novo auditório, não evita que se esteja atento às restantes componentes da programação. Falhando a divulgação, faltará público e perderá o espectáculo. É tempo de alterar este estado de coisas. Promover concertos, bailados, peças de teatro ocasionais em actos isolados já não se usa. Para um auditório com capacidade para 200 pessoas é necessário uma programação especial, sobretudo enquadrada e em sucessivas datas, de forma a que o conjunto criado seja forte e apetecível para o público. Aqui a divulgação poderá tomar várias formas, podendo-se publicitar em out-doors, tanto ao gosto dos políticos e das autarquias.
Nos Paços da Cultura o que realmente se verifica é estranho. Existe algum desnorte na programação. No inicio do presente mês foi distribuída a Agenda Municipal de Actividades. Para o dia 20 de Janeiro, sexta-feira passada, não era mencionado qualquer evento, para os Paços da Cultura. Passado quinze dias, em cima do acontecimento surge a divulgação do espectáculo “Encores”.
A ideia que se transmite é que a programação daquele espaço é feita a curto prazo, não parecendo haver uma orientação estratégica, o que dificulta a divulgação de eventos e também a fidelização da assistência. Até porque tendo um público fiel e interessado pode-se divulgar atempadamente, toda a programação através de e-mail, o que hoje em dia é perfeitamente habitual nos modernos espaços culturais.
É necessário impor mais energia na programação cultural, procurando organizar interessantes e apelativos eventos de forma a atrair público à Cidade. Só com esta dinâmica é que o desafio da Casa das Artes e do Espectáculo, que é afirmar e promover culturalmente SJM, será atingido. Caso contrário, estaremos a hipotecar o futuro na construção de um “elefante branco”.