O Campeonato de Mundo ou o Mundial é um momento único para o apreciador de futebol. O efeito deste Campeonato sobre as pessoas é inexplicável. Assisti em 2002 à transmissão do jogo de atribuição do 3º lugar, na companhia de dois fulanos de aspecto curioso. Um sem cabelo algum, todo rapado e com um sem número de tatuagens pelo corpo, mais uns brincos e os inevitáveis piercings. O outro tinha o cabelo grisalho, não muito comprido e encaracolado e usava um casaco largo, tipo boémio. Formavam um par curioso. Sentaram-se rapidamente, pediram umas coisas para pequeno – almoço e ali ficaram a vibrar com o jogo. Falavam uma estranha língua entre eles e festejavam os golos da Turquia exuberantemente. Nessa noite, ao assistir nos Jardins do Palácio de Cristal ao concerto de Goran Bregovic e a sua banda (Wedding and Funeral Band), fiquei aparvalhado quando reconheci os meus companheiros de jornada, nem mais nem menos do que o próprio Goran Bregovic (o grisalho) e o vocalista, Sacha (o tatuado), oriundos da ex-Jugoslávia. Para quem não sabe, aquele músico foi o autor da bandas sonoras dos filmes de Emir Kusturica e em parte, deve-se a ele a divulgação da música cigana oriunda dos balcãs.
Não se pense que para os aficcionados apenas os jogos interessam. Desde a fase inicial, a das convocatórias, até ao rescaldo final, tudo é absorvido. A loucura começa com a pressão sobre os seleccionadores para influenciar a convocatória. Na web, durante três meses circulou uma petição, sobre a inclusão de Maradona nos convocados da Argentina, com o objectivo do antigo “astro” jogar apenas 5 minutos. Não teve o efeito esperado mas, conseguiu reavivar a memória dos adeptos, em especial, aqueles que deliraram com os seus golos no Mundial de 86 e que nunca o esqueceram.
A divulgação das convocatórias tem como primeira reacção a contestação, o que é comum nos quatro cantos do mundo. As opções dos vários seleccionadores são contestadas por jogadores não eleitos e também por adeptos, que nesta fase ainda estão presos à cor do seu clube, considerando a não convocação deste ou daquele jogador como uma provocação. Com o desenrolar da prova, tudo se altera...
À contestação segue-se a surpresa. Uma série de nomes há muito esquecidos do nosso dia – a – dia, são convocados para a grande competição desportiva. Jogadores que alinharam em Portugal, nos mais variados clubes, outros que fizeram jogos fantásticos em Mundiais precedentes e que desapareceram sem mais nem menos.
Da República Checa chega-nos a notícia da convocação de Karel Poborsky. O ex-benfiquista, que actua na segunda divisão do seu país, no Ceske Budejovice, é uma das “surpresas” do seu seleccionador, juntamente com o avançado Jan Koller, o gigante do Borussia de Dortmund, que vem depois de sete meses de paragem devido a uma lesão no joelho esquerdo.
Poborsky surgiu no léxico português com um golo que retirou Portugal do Euro 96. Este nome soava a uma saudação eslava, um cumprimento fraterno de amigos e a isso mesmo foi adaptado. Uma forte exclamação: Poborsky, obtinha como resposta uma igual saudação.
A sua transferência para o Benfica foi uma novela do “está pago, não pagou, continua sem pagar” que caracterizaram os anos de presidência de Vale e Azevedo. A saudação de amigos passou a cântico monótono das claques de futebol. Esperava-se tudo da magia de Poborsky, no entanto, os anos passaram e o checo saiu sem grandes alegrias para recordar. Anos sem glória. Talvez por isso, a sua loja de artigos desportivos em Praga, segundo me contaram, não expõe nenhuma camisola do Benfica.
Poborsky depois do Mundial, será assim uma recôndita recordação. Um nome gravado numa camisola, guardada algures numa gaveta, até que a necessidade de espaço e o consequente arrumo, a colocarão de novo nas costas de alguém que ao ler esse nome, jamais perceberá o que significa.
compilação dos textos publicados no jornal labor (www.labor.pt), de 2004 a 2020.
quarta-feira, maio 24, 2006
terça-feira, maio 16, 2006
Hobbies
Em tempos tive a oportunidade de conhecer um Espanhol de Pamplona, engenheiro e director de uma unidade de produção que tinha um hobbie curioso: percorrer os caminhos de Santiago. Segundo ele, todos os anos fazia o percurso entre a sua cidade e Compostela, conhecido como o percurso Francês. Estava organizado em grupo e percorria, em várias etapas e durante vários fins de semana, os 730 quilómetros de distância.
Nessa época, eu estava dedicado a palmilhar a Serra da Freita. Ligava, caminhando, aldeias ou testemunhos arqueológicos, com o propósito de chegar via pedestre a S. Macário. Não por qualquer devoção ao eremita, apenas por considerar o morro como o fim lógico do caminho. A meta. O final dessa cadeia montanhosa encantadora, que me seduz desde pequeno. A curiosidade desse percurso foi-me despertado em tempos remotos ao cruzar-me em plena Serra da Freita com 2 peregrinas, que em finais de Julho, deslocavam-se sob um sol abrasador para a festa em honra do dito “santo”, cumprindo assim uma promessa delas.
A minha ideia era delinear o caminho ou os vários caminhos evitando ao máximo o alcatrão. Apenas pequenos trilhos, alguns sem utilização há muitos bons anos. Com as várias etapas, apercebi-me da existência de várias alternativas o que me deixou deliciado. Confidencio que nunca percorri nenhuma das variantes na totalidade, nem terminei o levantamento das sucessivas etapas, ficando por calcorrear 2 desses percursos, entre Côvelo e Regoufe e no final entre Drave e S. Macário. O resto do percurso foi anotado num pequeno bloco, com indicações de distâncias, tempo demorado, pontos de interesse, grau de dificuldade por mim encontrado e outras considerações pessoais. Duas mudanças de casa devem-no ter colocado no fundo de algum caixote, ainda por desarmar.
Ironicamente o hobbie do Espanhol lembrava-me o filme de Luís Buñuel “Via Láctea”. No entanto, era grandioso. Existe sempre aquela admiração nacional pelo que os estrangeiros fazem. Muitas vezes esquecemo-nos dos sacrifícios dos nossos compatriotas e tentamos sempre desvalorizar o que é nosso. Atiramos desculpas para a tipologia da estrada, para o alcatrão e para a sucessão de pequenas vilas e aldeias sem interesse cultural, do nosso principal roteiro de peregrinação.
As autarquias do Norte que são atravessadas pelos Caminhos de Fátima não deslumbram a quantidade de peregrinos que percorrem o mesmo. O Centro Nacional de Cultura em tempos reconstituiu os caminhos de Fátima a partir de Lisboa e mais tarde também do Porto, o caminho do Norte que em parte é o sentido oposto ao Caminho Português de Santiago. Curiosamente, essa pesquisa faz a referência a S. João da Madeira, que é para muitos, uma das paragens desta longa marcha.
Estima-se 25 mil peregrinos nas estradas portuguesas, nos primeiros dias de Maio. Durante uma sucessão de dias, terras como esta cidade são atravessadas por caminheiros, agora de colete fluorescente vestido, com um objectivo comum. Alguns dormem em tendas montadas para o efeito, outros refugiam-se em pequenas pensões ou hospedarias de clientela duvidosa porque a oferta é reduzida ou no oposto, demasiado onerosa.
Existe um potencial de promoção da cidade que poderá valer mais do que qualquer suplemento de jornal. Faltam 345 dias para a próxima grande peregrinação, algo será feito até lá?
Nessa época, eu estava dedicado a palmilhar a Serra da Freita. Ligava, caminhando, aldeias ou testemunhos arqueológicos, com o propósito de chegar via pedestre a S. Macário. Não por qualquer devoção ao eremita, apenas por considerar o morro como o fim lógico do caminho. A meta. O final dessa cadeia montanhosa encantadora, que me seduz desde pequeno. A curiosidade desse percurso foi-me despertado em tempos remotos ao cruzar-me em plena Serra da Freita com 2 peregrinas, que em finais de Julho, deslocavam-se sob um sol abrasador para a festa em honra do dito “santo”, cumprindo assim uma promessa delas.
A minha ideia era delinear o caminho ou os vários caminhos evitando ao máximo o alcatrão. Apenas pequenos trilhos, alguns sem utilização há muitos bons anos. Com as várias etapas, apercebi-me da existência de várias alternativas o que me deixou deliciado. Confidencio que nunca percorri nenhuma das variantes na totalidade, nem terminei o levantamento das sucessivas etapas, ficando por calcorrear 2 desses percursos, entre Côvelo e Regoufe e no final entre Drave e S. Macário. O resto do percurso foi anotado num pequeno bloco, com indicações de distâncias, tempo demorado, pontos de interesse, grau de dificuldade por mim encontrado e outras considerações pessoais. Duas mudanças de casa devem-no ter colocado no fundo de algum caixote, ainda por desarmar.
Ironicamente o hobbie do Espanhol lembrava-me o filme de Luís Buñuel “Via Láctea”. No entanto, era grandioso. Existe sempre aquela admiração nacional pelo que os estrangeiros fazem. Muitas vezes esquecemo-nos dos sacrifícios dos nossos compatriotas e tentamos sempre desvalorizar o que é nosso. Atiramos desculpas para a tipologia da estrada, para o alcatrão e para a sucessão de pequenas vilas e aldeias sem interesse cultural, do nosso principal roteiro de peregrinação.
As autarquias do Norte que são atravessadas pelos Caminhos de Fátima não deslumbram a quantidade de peregrinos que percorrem o mesmo. O Centro Nacional de Cultura em tempos reconstituiu os caminhos de Fátima a partir de Lisboa e mais tarde também do Porto, o caminho do Norte que em parte é o sentido oposto ao Caminho Português de Santiago. Curiosamente, essa pesquisa faz a referência a S. João da Madeira, que é para muitos, uma das paragens desta longa marcha.
Estima-se 25 mil peregrinos nas estradas portuguesas, nos primeiros dias de Maio. Durante uma sucessão de dias, terras como esta cidade são atravessadas por caminheiros, agora de colete fluorescente vestido, com um objectivo comum. Alguns dormem em tendas montadas para o efeito, outros refugiam-se em pequenas pensões ou hospedarias de clientela duvidosa porque a oferta é reduzida ou no oposto, demasiado onerosa.
Existe um potencial de promoção da cidade que poderá valer mais do que qualquer suplemento de jornal. Faltam 345 dias para a próxima grande peregrinação, algo será feito até lá?
segunda-feira, maio 08, 2006
Vícios perdidos
Na adolescência elegemos ídolos. Precisamos e identificamo-nos com eles. Procuramos novas referências através de um texto, uma frase, um filme, um quadro ou até uma música. Pelo meio, uma imagem, uma mensagem ou uma atitude têm a particularidade de nos fascinar e por vezes, de nos fazer sonhar, numa idade em que acreditamos que vamos ser fabulosos e que a nossa vida será única.
Praticamos o culto de ícones, sem o saber. Fixamos o olhar nos nossos ídolos. Das poses com estilo, reparamos nos pormenores, nos acessórios de vestuário, nos metais cravados no corpo, no cigarro na boca, etc.
Procurei nas minhas memórias quem seria o meu ícone do cigarro.
Ao visionar um DVD de Nick Cave ao vivo, apercebi-me que guardo dele essa imagem. Ao vê-lo ali de cigarro em punho, envolvido em fumo, cantando as suas músicas, recuei no tempo. Lembrei-me do episódio da invasão do palco na sua actuação no Teatro Rivoli, quando um cigarro na boca do australiano foi aceso por um solicito espectador.
O fenómeno Nick Cave surgiu na minha adolescência. Na época ainda estava distante das baladas. Um músico associado a canções depressivas, de sofrimento e de loucura, de narrativas macabras, etc. Como era meu costume pesquisei os seus primeiros trabalhos a solo, extremamente sombrios e “suportei” os Birthday Party, sua banda anterior. Mas, o primeiro grande momento do compositor australiano seria a edição do seu disco “Tender Prey”. Presenteava-nos com um humor ácido e pouco usual, alternando ideias musicais sempre dentro de um formato semi-acústico que não permitia o seu encaixe em termos de catálogo musical como "gótico", "pós-punk" ou outros clichés afins. Consequentemente, a sua apresentação na Cidade do Porto no final do ano de 1988, no tal concerto atrás referido, foi um momento inesquecível.
O seu trabalho seguinte, “The Good Son”, marca uma nova fase da sua carreira, um disco de baladas, cheio de referências bíblicas. Por aqui fico, pensei. Cansado com desilusões musicais: apreciar bons músicos transformados em mega estrelas pop, assistir à decadência dos ídolos da cena musical da década de 80; por tudo isto, a blasfémia de Nick Cave em lançar um álbum de baladas foi mal interpretada.
Os anos seguintes foram engraçados, as pessoas “reconheciam” no meu caminhar o estilo Nick Cave, comentavam comigo que o tinham visto num filme, que tinham adquirido o seu disco. Pediam-me antigos discos emprestados. Entretanto, uma sequência de edições de novos discos, reabilitaram o músico. A ligação com a fenomenal Kylie Minogue, em “Murder Ballads”, ao jeito de a Bela e o Monstro, fizeram-me apreciar as suas baladas. Pelo meio, a leitura do seu livro, “And the Ass saw the Angel” ajudou-me a compreendê-lo melhor.
O seu estilo reconhecido de “songwriter” perdurou, o trabalho seguinte “The Boatman’s Call” é um álbum fantástico e tive uma agradável surpresa quando em pleno “Shrek 2”, na primeira incursão ao cinema no papel de Pai, ouço a sua voz cantando “People Ain’t no Good”, com o Gato das Botas inconformado, afirmando “Detesto baladas!”.
Recordar tudo isto a propósito da proposta da nova lei que proíbe de fumar em locais públicos, surge na sequência da indignação de uma série de colunistas de jornais e da blogsfera. Nessa semana, passei horas a ler manifestos de fumadores. O cigarro de Humphrey Bogart, de James Dean e de outros mais, eram os ícones associadas aos textos postados.
Nunca fumei.
Sendo não fumador aprecio o cheiro a tabaco, o que é curioso. Não penso algum dia começar a fumar. Aprecio a boa história de quem conseguiu atempadamente largar o vício, como a da longevidade do mesmo.
Até ter filhos sempre permiti que fumassem em minha casa, mesmo sendo asmático crónico, porque sempre acreditei naquele princípio que a nossa liberdade termina quando estamos a incomodar os outros.
Ao ver Nick Cave cantando “New Morning” no tal DVD, pedindo um cigarro ao público e sendo brindado com dezenas, numa cena algo humorística, imagino o que seria proibir um concerto sem tabaco. Onde ficava esta representação, que pelo vistos perdura desde o espectáculo do Rivoli?
Praticamos o culto de ícones, sem o saber. Fixamos o olhar nos nossos ídolos. Das poses com estilo, reparamos nos pormenores, nos acessórios de vestuário, nos metais cravados no corpo, no cigarro na boca, etc.
Procurei nas minhas memórias quem seria o meu ícone do cigarro.
Ao visionar um DVD de Nick Cave ao vivo, apercebi-me que guardo dele essa imagem. Ao vê-lo ali de cigarro em punho, envolvido em fumo, cantando as suas músicas, recuei no tempo. Lembrei-me do episódio da invasão do palco na sua actuação no Teatro Rivoli, quando um cigarro na boca do australiano foi aceso por um solicito espectador.
O fenómeno Nick Cave surgiu na minha adolescência. Na época ainda estava distante das baladas. Um músico associado a canções depressivas, de sofrimento e de loucura, de narrativas macabras, etc. Como era meu costume pesquisei os seus primeiros trabalhos a solo, extremamente sombrios e “suportei” os Birthday Party, sua banda anterior. Mas, o primeiro grande momento do compositor australiano seria a edição do seu disco “Tender Prey”. Presenteava-nos com um humor ácido e pouco usual, alternando ideias musicais sempre dentro de um formato semi-acústico que não permitia o seu encaixe em termos de catálogo musical como "gótico", "pós-punk" ou outros clichés afins. Consequentemente, a sua apresentação na Cidade do Porto no final do ano de 1988, no tal concerto atrás referido, foi um momento inesquecível.
O seu trabalho seguinte, “The Good Son”, marca uma nova fase da sua carreira, um disco de baladas, cheio de referências bíblicas. Por aqui fico, pensei. Cansado com desilusões musicais: apreciar bons músicos transformados em mega estrelas pop, assistir à decadência dos ídolos da cena musical da década de 80; por tudo isto, a blasfémia de Nick Cave em lançar um álbum de baladas foi mal interpretada.
Os anos seguintes foram engraçados, as pessoas “reconheciam” no meu caminhar o estilo Nick Cave, comentavam comigo que o tinham visto num filme, que tinham adquirido o seu disco. Pediam-me antigos discos emprestados. Entretanto, uma sequência de edições de novos discos, reabilitaram o músico. A ligação com a fenomenal Kylie Minogue, em “Murder Ballads”, ao jeito de a Bela e o Monstro, fizeram-me apreciar as suas baladas. Pelo meio, a leitura do seu livro, “And the Ass saw the Angel” ajudou-me a compreendê-lo melhor.
O seu estilo reconhecido de “songwriter” perdurou, o trabalho seguinte “The Boatman’s Call” é um álbum fantástico e tive uma agradável surpresa quando em pleno “Shrek 2”, na primeira incursão ao cinema no papel de Pai, ouço a sua voz cantando “People Ain’t no Good”, com o Gato das Botas inconformado, afirmando “Detesto baladas!”.
Recordar tudo isto a propósito da proposta da nova lei que proíbe de fumar em locais públicos, surge na sequência da indignação de uma série de colunistas de jornais e da blogsfera. Nessa semana, passei horas a ler manifestos de fumadores. O cigarro de Humphrey Bogart, de James Dean e de outros mais, eram os ícones associadas aos textos postados.
Nunca fumei.
Sendo não fumador aprecio o cheiro a tabaco, o que é curioso. Não penso algum dia começar a fumar. Aprecio a boa história de quem conseguiu atempadamente largar o vício, como a da longevidade do mesmo.
Até ter filhos sempre permiti que fumassem em minha casa, mesmo sendo asmático crónico, porque sempre acreditei naquele princípio que a nossa liberdade termina quando estamos a incomodar os outros.
Ao ver Nick Cave cantando “New Morning” no tal DVD, pedindo um cigarro ao público e sendo brindado com dezenas, numa cena algo humorística, imagino o que seria proibir um concerto sem tabaco. Onde ficava esta representação, que pelo vistos perdura desde o espectáculo do Rivoli?
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