O historial da participação Portuguesa nas competições Olímpicas de Verão, se perspectivarmos a conquista de medalhas, demonstra ter existido três períodos diferentes:
a) uma fase inicial com a obtenção de bons resultados e a consequente conquista de medalhas em Vela, no que parecia ser a continuação do desígnio nacional de país de marinheiros, nos Jogos Olímpicos de 1948, 1952, 1960;
b) uma fase fantástica do Atletismo Português iniciada em 1976, por Carlos Lopes – Medalha de Prata nos 10.000 metros, no que se seguiriam os feitos históricos do mesmo Carlos Lopes – Medalha de Ouro na Maratona em 1984, Rosa Mota – Medalha de Ouro na Maratona em 1988 e Fernanda Ribeiro – Medalha de Ouro nos 10.000metros em 1996;
c) finalmente, um ciclo demonstrativo de outra capacidade técnica do Desporto Nacional, iniciado em 1996 na Vela com a obtenção da medalha de Bronze, à qual se seguiram em Sidney no ano 2000, duas medalhas de bronze, uma em Judo por Nuno Delgado e outra por Fernanda Ribeiro na corrida dos 10.000m. Em Atenas 2004, Portugal alcançou três medalhas: duas de Prata - novamente em Atletismo, desta feita em provas com um índice técnico mais elevado, Rui Silva nos 1.500 e Francis Obikwelu nos 100 metros - e uma de bronze por Sérgio Paulinho, no Ciclismo.
Esta mudança significativa dos resultados, que fazem a história das participações Olímpicas, foi acompanhada pela diversidade de modalidades englobadas na comitiva Portuguesa ao longo das últimas participações.
Os sacrifícios individuais dos atletas dos anos 80 não foram em vão. Portugal optou por outro tipo de política desportiva. Construíram-se mais e melhores infra-estruturas desportivas, adequadas à prática de desporto e não para recreio e lazer; as Federações desportivas organizaram-se de forma a prever e a apostar em ciclos Olímpicos; foi criado o estatuto de atleta de alta-competição; tendo sido dada a oportunidade a alguns atletas de profissionalização; nos últimos anos nasceram dois Centros de Preparação Olímpica em Portugal – Vila Real de Santo António e Rio Maior.
A um ano dos Jogos Olímpicos de Pequim, Portugal tem previsto a participação de 70 atletas, em diversas modalidades, com incidência nos desportos individuais. Razões existem para esta coincidência, que passam por critérios de qualificação e de apuramento mais difíceis de obter nos desportos colectivos.
Um dos atletas qualificados é Diogo Carvalho do Clube Galitos de Aveiro na modalidade Natação, o que vem provar o bom trabalho efectuado por treinadores e dirigentes de pequenos clubes, além do mérito pessoal do próprio nadador.
Para verificarmos que tudo está diferente no desporto nacional, já existe um Projecto Esperanças para os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. Engloba 144 atletas de 20 modalidades.
O desporto acompanha as histórias das nações.
Em meados do próximo ano as atenções públicas estarão viradas para os Jogos Olímpicos. Aí, ilustres desconhecidos passam a receber a atenção duma nação (e a esperança da conquista de um resultado surpreendente).
Em 2012, em S. João da Madeira tudo pode ser diferente.
Em 2007, existe uma Nadadora da AEJ – Ana Rodrigues – com bons resultados desportivos e tempos fantásticos. Recentemente esteve presente no Dia Olímpico, em prova decorrida em Rio Maior, organizada pelo Comité Olímpico Português.
Devidamente apoiada e com boas condições de treino, o que implica atender às sugestões e melhorias aventadas pelo seu treinador Luís Ferreira, uma nova página pode-se abrir no desporto local.
Haja vontade.
Tudo seria mais fácil, se ao lado quantitativo do desporto (n.º de praticantes, de atletas federados), aliássemos o lado da qualidade (títulos conquistados) e da excelência (resultados desportivos relevantes).
Esta forma de encarar um ciclo Olímpico, poderia ser pioneira na Gestão Desportiva Municipal e daí exemplar.
(a publicar no dia 05/07/07)
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