quarta-feira, junho 18, 2008

Parques

            Nas últimas semanas, a Praça voltou a ser notícia nas páginas dos jornais locais. Praticamente um ano depois de finalizadas as obras, que repuseram o trânsito e estacionamento em algumas das artérias da zona pedonal, constata-se que pouco mudou no dia-a-dia do centro da cidade.

            Os empresários do comércio reclamam a pouca afluência de clientes aos seus estabelecimentos.

            Por seu lado, os frequentadores e moradores sentem que as alterações efectuadas, introduziram confusão e insegurança na circulação pelas ruas, desde que a total serventia de automóveis ficou assegurada.

            Neste panorama, é necessário não esquecer que no último ano surgiram na cidade dois novos pólos de atracção. Primeiro, com o novo centro comercial, com oferta de várias soluções comerciais, de restauração e de lazer. Tudo, com estacionamento grátis, em ambiente moderno e acolhedor. Em Maio, inaugurou-se o novo Parque Urbano, com áreas verdes apropriadas para o lazer ao ar livre. Estacionamento gratuito também não falta, junto às margens do Rio Ul.

            Estas ofertas dispersaram a população pela cidade.

            O problema é entendido pelos responsáveis municipais, pela forma como o apresentei aqui. Para atrair pessoas ao centro da cidade, a hipotética solução passa pela construção de um parque de estacionamento subterrâneo, em plena Praça Luís Ribeiro. Gratuito? Não. No seguimento da construção dos outros dois construídos em subsolo municipal, na Avenida Renato Araújo e na Rua João de Deus, deve-se dar seguimento à ideia inicial que previa precisamente três parques.

            As notícias de fracos resultados financeiros, da empresa que explora os referidos parques de estacionamento, poderiam inibir esta ideia antiga e incentivar a procura de outras soluções.

            É lógico que o futuro de privados, desde que garantam receitas imediatas para o município, não é um problema para alguns.

            É importante não esquecer a existência de estacionamento pago em parque na Praceta Júlio Dinis; a criação, nesta última intervenção, de estacionamento térreo, em várias ruas da zona pedonal; um outro estacionamento privado (Parque Central), precisamente na Avenida Renato Araújo, em piso subterrâneo do edifício construído nas traseiras do Parque América; para finalizar, correndo o risco de transmitir informação obsoleta ou absurda, recordo-me que precisamente neste último edifício, em plena Praça Luís Ribeiro, existe um parque de estacionamento – o seu estado, ocupação e disponibilidade, não sei precisar.

            Pelo atrás exposto, mesmo com a ressalva pelo exagero nas soluções descritas, verifica-se que existem em bom número lugares de estacionamento. Com um pouco de pesquisa, pode-se calcular o número de lugares disponíveis. Confrontando a taxa de ocupação dos parques actuais com a real necessidade de lugares de estacionamento na zona pedonal, pode-se colocar a seguinte questão: qual a necessidade de massacrar os comerciantes, os seus clientes, os moradores, enfim, os munícipes, com mais e prolongadas obras no centro?     

            A reportagem da semana passada do Jornal Labor trazia vários testemunhos de comerciantes que reclamavam, sobretudo, a necessidade de tornar atractiva a área em que estão instalados. Embora nos depoimentos recolhidos tenham surgido exageros, nomeadamente na alusão a factos ocorridos há vinte anos. Ao fim de duas décadas, toda a dinâmica urbana, ligada à criação da zona pedonal, deveria estar perfeitamente estabilizada.

            Ao longo dos últimos anos, a estratégia da autarquia para a zona central passou pela instalação de equipamentos culturais, após a requalificação de edifícios municipais existentes. O problema é que apenas o primeiro edifício ficou funcional, embora com graves carências a nível de programação. Além disso, os espectáculos por serem nocturnos não podiam atrair os desejados clientes para os espaços dos comerciantes.

            Os sucessivos atrasos, indefinições e mudança de objectivo para a transformação do espaço do antigo Cinema Imperador não permitiram que a estratégia da autarquia fosse alguma vez concretizada.

            Como se vai alterar a futura designação (Casa das Artes e da Iniciativa) deste espaço municipal, seria bom atender às preocupações dos comerciantes e aproveitar esta futura remodelação, procurando ali instalar as tais lojas atractivas, de forma a tornar a zona central atraente não apenas em horas de espectáculos nocturnos mas, durante todo o dia.

 

(a publicar no dia 19/06/08)

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