quarta-feira, setembro 17, 2008

Três anos

            - Tens que mudar de fotografia! Esta é antiga, está desactualizada.

            Estávamos em Setembro de 2005 e os meus primeiros artigos de opinião tinham começado a ser publicados. Como qualquer novato nestas lides, eu pretendia verificar a aceitação dos meus textos juntos dos leitores e conterrâneos. Não foi aquela a primeira impressão recolhida, mas ficou-me na memória. Em lugar de um maior cuidado na apreciação do conteúdo, apenas a forma era analisada. Como a opção do tamanho, o tipo de letra, ou de critérios de paginação não eram da minha responsabilidade, sobrava a fotografia que me acompanha desde que me foi solicitada pelo jornal, para o principal motivo de crítica.

Não mudei de fotografia. Não cedi a tal argumento. Antes pelo contrário, mantive-a. Passei a ser uma “imagem” do interior do jornal. Para muitos leitores, no fundo, é disso que se trata, um rosto com palavras ao lado. Enquanto outros, entre os quais amigos e conhecidos, observam o título, lêem os vários caracteres formando as palavras, seguem as frases ao longo dos parágrafos e sem esforço, chegam ao final do texto.

Pelo meio factos, relatos, opiniões, análises, contos, estórias ou crónicas foram o produto destes três anos que em me dediquei à escrita, no jornal. Iniciei-a com o objectivo de criar uma forma de “comunicação” com os leitores. Um acto de cidadania, em que procurei manter a minha independência. Escrevo sozinho. Raramente recebo recados, ou me presto a encomendas. Os temas para análise ou opinião são escolhidos por mim. Por vezes, divago na escrita, dando palavras à imaginação.

Atravessei estes três anos em concordância com as minhas convicções.

Não cedi. Não vacilei na crítica. Não me embriaguei com argumentos de outros, nem com as inaugurações sucessivas, nem com os projectos para o futuro. Mantive-me firme na análise, na procura de dados, na emissão de opiniões divergentes.

Não me resignei.

Tenho procurado ser discordante quando a propósito e o contrário a despropósito. A conciliação não me agrada. No entanto, ao longo destes três anos, nunca senti qualquer falta de cordialidade dos visados das minhas palavras.

Não ofendo.

Numa relação com o jornal perfeitamente simbiótica, saí do aconchegante anonimato, recebi palavras de incentivo e de reconhecimento. Não desisti de acrescentar valor a estas páginas, mesmo quando terminou o efeito surpresa dos meus textos e passei a ouvir “não cheguei a ler”, “não consegui ler”, “é muito grande”, entre outras escusas semelhantes.

Havia um pressuposto temporal, quando decidi elaborar as crónicas para o labor. O objectivo era escrever durante três anos e meio e depois suspender a colaboração. Como auto-didacta, sei que o voluntariado começa a desgastar a vontade ao fim de algum tempo. Por este motivo, impus este limite à minha colaboração com este jornal, de modo a não me tornar repetitivo, nem a cansar os leitores.

            Prevejo que seis meses antes das eleições autárquicas, tudo o que possa vir a escrever seja confundido com outras intenções. Como esse período, bem sazonal, termina pouco depois do acto eleitoral, caso o jornal esteja interessado cá estarei de novo, com uma fotografia mais recente, se quiserem…

             A contagem decrescente não podia começar da melhor maneira. O meu texto “Odores” publicado no dia 4 do presente mês, despertou para a escrita, nada mais, nada menos, do que a Alzira. Na coluna – “ bem Alzira” - da penúltima página do último número deste jornal, esta voz popular teceu várias considerações e pelo que pude perceber na NET, foram bem recebidas. Espero agora que a Alzira não se cale e seja a voz da insatisfação dos sanjoanenses, no caso do mau cheiro. É necessário não ficar apenas por palavras e se a Alzira tiver capacidade de mobilização, podem acontecer coisas giras.

 

Nota: o meu texto publicado na semana passada, com o título “Descriminar”, continha duas gralhas. A primeira era logo no título que deveria ter surgido com o correcto “Discriminar”. Obviamente, que não pretendo absolver ninguém, muito menos considero que o director do labor precise da minha clemência, por isso, no 3º parágrafo, o que pretendia escrever é que os argumentos ponderados anteriormente por Pedro Silva, poderiam ter sido melhor evidenciados, como ficou explícito ao longo do referido parágrafo. Dada a gravidade do erro cometido, é mais correcto eu pedir a respectiva descriminação e como tal, livrar-me de qualquer tipo de penitência.

 

(a publicar dia 18/09/08)

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