quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Jet lag

            Imaginem o seguinte cenário: um corte de electricidade nocturno de rápida resolução - um sujeito a dormir, sem se aperceber da falha.

            O despertador digital, equipado com pilha apropriada para manter o seu funcionamento em caso de falha de energia eléctrica, toca à hora programada. Prontamente desligado, o despertador merece desconfiança, pois estranha-se a escuridão no exterior mas, voltando a olhar para o mostrador acredita-se que, por ser Inverno, o céu está mais nublado do que o costume e por isso o amanhecer parece mais tardio.

            Antes de sair de casa, ao tomar o pequeno-almoço, uma nova surpresa, o relógio agregado ao fogão indica uma hora completamente diferente, meia - hora mais cedo do que a observada no quarto. Desconfia-se. O telemóvel, que podia servir para tirar as dúvidas, está desligado, sem qualquer carga. Olha-se para o exterior, para nascente e em lugar de nuvens vemos o céu limpo, embora sem raios de sol, apenas o clarear do dia.

            Nada melhor do que ligar a televisão, pois enquanto é emitido o noticiário matinal está sempre visível o relógio. Azar. Publicidade no ar. Espera-se um pouco, por preguiça para fazer zapping. Opta-se por executar outra tarefa rápida, como colocar o telemóvel à carga e quando se olha de novo para a televisão, surge a informação do trânsito. No ecrã dois relógios, um do canal e outro associado às imagens recolhidas das cidades. Entre eles, uma diferença de três minutos. Acredita-se que estará certo o do estúdio.

            A diferença para a hora de casa é mais quinze minutos para o fogão e menos quinze para o quarto. Aqui o cérebro começa a funcionar. Deduz-se que houve uma falha de electricidade durante a noite e o funcionamento com alimentação da bateria provoca este tipo de adiantamentos. Baralhado, involuntariamente com menos quinze minutos de sono numa noite, entra-se no automóvel e o relógio indica por sua vez, uma outra hora, ajustada à entidade patronal. Durante a viagem, na emissora seleccionada ouve-se o sinal do noticiário, mais cedo dois minutos do que a hora certa. O cérebro não se ajusta a estas antecipações, formatado durante anos para os noticiários a serem apresentados hora a hora, sem mais ou menos minutos.

            Já no trabalho, duas novas observações horárias. No monitor do computador, o relógio visível do lado inferior direito, não se sabe bem porquê, está sempre atrasado. Por seu lado o telefone portátil, com o seu relógio incorporado, tem tendência a perder a data e hora marcada, pelo que a confusão torna-se ainda maior.

            No acerto do ritmo biológico procurar a hora certa é importante. Faz-se um esforço para ajustar os relógios disponíveis, acertando-os todos e procurando que o telemóvel pessoal fique exacto também.

            Chegado ao fim do dia é o inverso. Chega-se a casa e ao deparar-se com o relógio da cozinha, a sensação que se tem, é que se chegou mais cedo do que é costume. Ao fim da noite, ao entrar no quarto e vendo o despertador quinze minutos adiantado, podem acontecer duas situações, se a noite foi mais do que alongada, o natural é adormecer e esquecer a hora certa. Caso o trauma dos quinze minutos perdidos nessa manhã não tenha sido esquecido, o melhor é mesmo ajustar o fuso horário.

 

(a publicar dia 11/02/10)

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