quarta-feira, março 24, 2010

Nós limpamos

 

            No passado sábado, dia 20 de Março, fui um dos 80 participantes do projecto Limpar Portugal, Limpar SJM. Destacado pela organização para a zona da Devesa Velha, tive durante esse dia, a oportunidade de verificar a quantidade de resíduos depositados em zonas verdes da cidade.

O cálculo efectuado nas acções de reconhecimento realizadas pelo grupo local, demonstrou ser deficitário. Afinal, havia muito mais lixo abandonado nas quatro zonas da cidade, cujo propósito era serem limpas por voluntários no âmbito da campanha de índole nacional, Limpar Portugal.

Às oito horas e trinta minutos, já se limpava. Ainda não tinham chegado todos os participantes, nem o funcionário municipal destacado pela Câmara Municipal, nem o material de apoio previsto para a equipa de limpeza e já os restos têxteis de dois colchões de cama, mais de uma dezena de garrafas de vidro, uma série de recipientes de plástico e de metal estavam ensacados, prontos para serem recolhidos.

Com o reforço humano e de meios, conseguiu-se limpar: restos de material de uma tinturaria, desperdícios e frascos de tinta atirados para o mato; os evitáveis desaproveitamentos da indústria de calçado; imensos cacos de vidro quebrados ao longo dos anos, provenientes de placas abandonadas por um construtor civil; roupas; botas velhas; brinquedos e uma carpete já assimilada pela natureza, com um arbusto, entretanto nascido, a atravessá-la.

Todos estes resíduos estavam próximos da estrada - aqui Rua do Visconde. O grupo desceu um pouco mais, a caminho do IC2, inclinando para a esquerda, posicionando-se sensivelmente em frente ao Centro Empresarial e Tecnológico. Ali em baixo, retiraram-se 30 pneus. Todos depositados na ribanceira, já com silvas a cobri-los e metade deles, obrigando a subir à estrada para serem empurrados, pois não havia outra forma de os retirar dali. A seguir aos pneus, estavam depositadas três carcaças de frigoríficos, cheias de pedras e com troncos sobrepostos, obrigando a um trabalho extra para a sua remoção. Dali para a frente restos de caixas de estores, de persianas, de tubos em PVC, de esferovites e de outros materiais de construção estavam inseridos na paisagem.

Este foi o entulho retirado. As fortes chuvas do dia anterior tornaram o terreno lamacento. Não se conseguia prosseguir naquela direcção, tendo ficado uma das ribanceiras com algum lixo. Da zona pantanosa, ainda retirámos dois pneus, deixando lá ficar louça de casa de banho, uma sanita, um bidé e uma pia das mãos, mais uma série de entulho. Às dificuldades devido ao excesso de água acumulada, pelo menos até a meio da canela, acresce que todo aquele canto estava impregnado por um cheiro a águas residuais, verificando-se algumas manchas gordurosas nas margens do pequeno curso de água que por ali deambula.

Podia continuar a descrição, indicando os resíduos retirados da vala criada pela abertura do colector municipal, assegurando que mais não se tirou por causa da água acumulada, só que a apresentação dos tipos de resíduos e acções desencadeadas seria muito parecida com os parágrafos anteriores.

Penso que os leitores terão compreendido o que esconde a nossa floresta. O relato aqui apresentado, do entusiasmo e empenho dos doze voluntários que optaram pela Devesa-Velha, será certamente muito semelhante ao das restantes equipas que puseram mãos à obra em S. João da Madeira e no resto do país.

Apesar de tudo, ainda ficaram muitos resíduos por retirar.

A autarquia pode agora aproveitar o levantamento prévio e completar o trabalho iniciado, corrigindo algumas anomalias detectadas, estabelecendo procedimentos de vigilância e continuando a proibir a deposição de resíduos em zonas verdes.  

Quem se mobilizou nesse dia para a limpeza da floresta espera, no fundo, que a mensagem de sensibilização transmitida nesta campanha seja bem assimilada pela restante população, ajudando a alterar hábitos que não contribuem para o bem-estar de todos.  

 

(a publicar no dia 25/03/10)

         

Sem comentários: