Os autarcas de S. João da Madeira, Santa Maria da Feira, Santo Tirso e Paredes presentes na apresentação da Oliva Creative Factory, sentiram dificuldades em explicar como vão cooperar os projetos municipais de incubadoras de empresas criativas.
A constatação é da jornalista do labor, Liliana Guimarães e não surpreende.
É necessário recordar: cada município foi apresentando o seu projeto individualmente à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte; para obter o respetivo financiado exigiram-lhes a criação de um cluster regional de criatividade, na lógica de interatividade dos vários concelhos; o financiamento foi finalmente concedido, poucos dias antes da apresentação pública atrás referida.
Mais do que o respirar de alívio dos autarcas, importa realçar dois pontos.
Primeiro o negativo. Pela acessibilidade facilitada pela rede de autoestradas - A32, A1, A29, A3 e A4, – consegue-se em menos de trinta minutos alcançar qualquer um destes concelhos, a partir da principal cidade da região. Embora, tal facto se assemelhe a uma vantagem, não o é. Qualquer um destes concelhos é periférico relativamente à cidade do Porto. Cidade altamente revitalizada nos últimos anos… devido ao Aeroporto, ao Metro, à Casa da Música, ao Museu Contemporâneo de Serralves, fatores preponderantes para a tornar numa cidade visitada por imensos turistas.
Para completar a face renovada do Porto, existe um claro interesse em fixar indústrias criativas na cidade. A própria Universidade viu ser aprovado o financiamento à sua incubadora, a instalar em Cedofeita, ou seja, num local encostado à mais atrativa zona da vida noturna da cidade.
A visibilidade assegurada aos criadores, pelo centralismo natural da grande cidade, supera qualquer acesso rápido à periferia do grande Porto.
O ponto positivo está relacionado com a ideia de parceria intermunicipal. As sinergias a obter podem efetivamente evidenciar a lógica regional. Complementarem-se, em especial, os mais próximos, como os dois a sul do Porto. Ou serem promotores de pequenas regiões, envolvidos em zonas habitacionais de centena de milhares de pessoas, com os seus hipotéticos criadores.
Esta escala regional é um grande passo para S. João da Madeira. Concelho de freguesia única, voltado sobre si mesmo e que ao longo dos últimos anos teve dificuldade em estabelecer parcerias com os seus vizinhos.
Com exceção do Festival de Teatro da Escola Serafim Leite, com o envolvimento de grupos de teatros de freguesias vizinhas e do ciclo Musicatos, promovido pela Academia de Música, promovendo a atuação de jovens talentos de outras escolas de localidades próximas, o restante panorama é confrangedor.
Às parcerias da Câmara Municipal com as associações locais e com o conhecido casal colecionador de arte, pouco há a acrescentar.
Os acordos de âmbito nacional com Fundações são desenraizados da população.
Para finalizar, observe-se a capacidade de ação da Fundação Serralves, precisamente um dos parceiros da Câmara local. No fim-de-semana de porta aberta, intitulado “Serralves em Festa”, organizou 220 eventos, contando com um grande número de parceiros. Alguns institucionais. A grande maioria da cidade do Porto, desde projetos comunitários até à Casa da Música. O convite foi alargado à região norte. Houve várias atuações de grupos de Espinho, de Paços de Brandão, de Santa Maria da Feira, só para citar os mais próximos.
Esta abrangência é exemplar e o garante do sucesso da iniciativa, apesar da chuva.
(a publicar no dia 07/06/12)