compilação dos textos publicados no jornal labor (www.labor.pt), de 2004 a 2020.
quarta-feira, janeiro 30, 2013
Mobilidade
quarta-feira, janeiro 23, 2013
Plano B
quarta-feira, janeiro 16, 2013
O sopro de Dylan
quarta-feira, janeiro 09, 2013
A Tábua de Flandres
quinta-feira, janeiro 03, 2013
Ano Velho
De 2012 ficaram alguns assuntos por tratar. A quadra natalícia faz-nos perder oportunidades. Não se proporcionam explanações alongadas sobre qualquer tema, seja de cariz aborrecido, sério, próprio, nem muito menos leviano.
O jornal labor apresentou num dos seus suplementos, uma compilação de valores dos montantes despendidos entre 2003 e o último ano, nas celebrações municipais de Natal.
Não passou despercebido.
A diferença entre o valor mais elevado, correspondente a 2007 e o valor de 2012, precisamente o menor, é superior a mais de cem mil euros. A justificação oficial para esta diferença é a redução de receitas municipais. Tal facto não sofre qualquer contestação. A população aceita. Com saudosismo evoca o passado, as iluminações faustosas, os presépios, a animação festiva na Praça.
Olhando para trás, não se percebe a estratégia da autarquia. Criou uma animação sazonal, divulgou-a exaustivamente, promovendo indiretamente os comerciantes estabelecidos na zona central. A partir do momento em que surge um centro comercial, nada mais se fez para consolidar e perpetuar no tempo esse apoio. Para chegar-se ao estado atual, não era necessário gastar tanto dinheiro, ano após ano, em eventos pontuais e sem sequência. Sem grande rigor e com base nas contas feitas pelo labor, contabiliza-se pelo menos meio milhão (500.000) de euros de desperdício nas celebrações de Natal, ao longo destes nove anos, considerando-se aceitável o realizado no presente.
É evidente que este exercício, baseado no estado atual da animação da cidade, permite listar outros desperdícios de verbas municipais. As inexplicáveis quatro edições da Volta a Portugal em bicicleta, com etapas a finalizar em S. João da Madeira - com o preço anual a fixar-se no valor próximo dos setenta e cinco mil euros - tiveram um custo total, entre 2004 e 2008, equivalente a trezentos mil (300.000) euros, desembolsados pela autarquia. Em matéria de eventos desportivos desenraizados, pode-se acrescentar uma etapa da Taça de Mundo de Ginástica Artística realizada em 2010, de pouca memória para a cidade, cujo montante despendido desconheço.
Continuando o exercício, sabendo-se que a entrada para o Centro Coordenador de Transportes (CCT) pela Rua 5 de Outubro está fechada, é natural que se questione o porquê da execução da obra no passado? Acrescente-se a remodelação da cobertura deste equipamento, a preços exorbitantes; mais um estudo encomendado para transformar o referido CCT numa plataforma bi-modal; mais o estudo que pretendia acrescentar um transporte tipo vai-vém na linha do vouga (abandonado por falta de viabilidade financeira) e chegamos a um valor altíssimo. Tudo junto deve chegar ao milhão de euros, valor mencionado frequentemente por um dos cronistas habituais do jornal “O Regional”.
É natural acrescentar-se outras duas obras de remodelação de edifícios municipais, executadas sem qualquer previsão de futura ocupação: o palacete dos Condes e a Quinta do Rei da Farinha. Para o primeiro foram aplicados setecentos e cinquenta mil euros (750.000), ao abrigo do protocolo de investimento do parceiro privado do negócio da água municipal. A remodelação do segundo ficou mais barata. Em ambos os casos, louva-se a intervenção, o que se condena é a falta de ideias para os equipamentos. Não se sabendo qual será a sua utilidade futura e se quando voltarem a ter inquilino, não será necessário novas obras de adaptação, com novos encargos para a autarquia?
Animação inconsequente, eventos desapegados, portas encerradas, edifícios fechados e sem inquilinos, tudo exemplos de uma cidade a funcionar em dias de crise. No passado recente com uma dívida municipal superior, houve dinheiro para tudo. A fazer fé nos dados atrás mencionados, retirados da imprensa local, pelo menos dois milhões e quinhentos mil (2.500.000) euros não tiveram um efeito apreciado na cidade. O esmiuçar efetuado, pode ter o acréscimo de outras rubricas.
Hoje a aplicação de verbas públicas é condicionada a um maior rigor. Está certo.
Se tivesse sido sempre assim, as contas municipais seriam outras.
Com isto, despeço-me do ano velho, transmitindo um ponto de vista ao leitor, que lhe permitirá ajuizar melhor a causa pública e ser árbitro no conflito político que uma das estruturas partidárias locais inventou.
(a publicar no dia 04/01/2012)