A Praça voltou ao debate político. No seguimento de uma iniciativa promovida pelo PSD local, as páginas dos jornais preencheram-se com o anúncio de soluções alternativas para o centro da cidade.
Ao retomar este assunto, ao qual tenho dedicado vários dos meus artigos, não posso deixar de manifestar o meu contentamento pela apresentação das mais diversas ideias, o que permitirá encontrar-se, no médio prazo, soluções para dinamizar o centro da cidade.
Reatando o tema, não posso deixar de invocar as ideias por mim expressas ao longo dos últimos anos. Algumas laboratoriais, exprimindo opiniões soltas, mais tarde enquadradas em contexto de melhoria da atratividade da Praça. Outras precursoras, pela data ou pela oportunidade. O fio condutor foi sempre o mesmo, recuperar o conceito de lazer, inscrito da zona central, dita pedonal, associando-se à manutenção de postos de trabalho e de qualidade de vida dos moradores.
Em Novembro de 2005, em texto intitulado “Assobiar Dexis” defendi a implementação na Praça de um parque infantil, como possível solução para aumentar a sua atração para jovens pais e demais família.
Em Julho de 2006, em artigo com o título “Chapéus na Praça” alertava para o início da desertificação do centro, devido aos erros cometidos na remodelação de 1999, apelando à necessidade de se ponderar uma mudança, que não se resumisse à reintrodução do trânsito, sem se descurar a necessidade de atrair pessoas à Praça.
“Zona proibida” foi escrito em Maio de 2007, no qual dissertei sobre as razões para a degradação da Praça. Estava em causa a escalada de insegurança no centro, a ausência de patrulhamento, sempre enquadrados pelo abandono da população, devido à transferência de hábitos de lazer e de comércio para outras zonas da cidade, assim como, ao envelhecimento do parque habitacional.
Em Junho de 2008, um ano após as últimas obras de requalificação da Praça e artérias envolventes, ficando com o conceito atual, abordava o assunto estacionamento, no texto intitulado “Parques”. Sem grande rigor, identifiquei vários parques de estacionamento privados existentes nas imediações do centro, um deles no piso inferior do parque América, pelo que seria penoso para todos os munícipes envolvidos (comerciantes, clientes e moradores) proceder a mais obras. Em especial, porque na grande superfície o estacionamento é gratuito e por tempo indeterminado. Na época, os comerciantes reclamavam atratividade para o centro.
O mesmo assunto foi tema em Fevereiro de 2009. A convulsão económica estava instalada. O dinheiro para investimento passava a ser contado. Ainda assim, era defendido em assembleia municipal a construção do terceiro parque subterrâneo na cidade. Em “Metamorfose” expliquei que não havendo argumentos válidos, como estudos preliminares, taxa de ocupação dos parques existentes, seria calamitoso para o interesse público defender mais um parque na Praça.
À Praça voltei pela escrita em 2012, constatando em Janeiro, no texto “Funplex” a única condição diferenciadora da zona central da cidade – a noite. Curiosamente, no período noturno apontava a marginalidade, que se tornava menos visível neste período. O mote para o texto publicado no mês seguinte, “Oito por oito”, em que o balanço de atividade dos dez anos de mandato do anterior presidente da câmara, era necessário acrescentar, à má intervenção na Praça, a ausência de políticas válidas que levaram à condução de toxicodependentes para as arcadas do centro.
Ponderados argumentos de vários anos, em Março de 2012 escrevi “Ideias Úteis”. Lançava fórmulas simples para atrair população à Praça, contrariando o movimento centrífugo da cidade: o reforço de repartições ou serviços públicos e a transferência do atendimento ao público da empresa águas S. João para a Praça Luís Ribeiro. No mesmo diapasão, continuava sugerindo o incentivo ao arrendamento à população jovem, das imensas habitações devolutas existentes no centro. Finalizava propondo animação para as ruas centrais, dando como exemplo, os eventos “A semana de juventude” e “A cidade e o jardim”, sugerindo inclusive a mudança da localização desta iniciativa. E terminava desta forma: “Ideias úteis e gratuitas. Sem investimento municipal. Com baixo custo de execução e grande probabilidade de sucesso.”
Tema recorrente nos meus textos, ainda voltei a escrever sobre a Praça em Julho de 2012. Em “Do Casal Ventoso ao Intendente” explicava a regeneração urbana de Lisboa, dando como exemplo a recuperação por demolição ou por reabilitação, seduzindo a população e fazia a analogia com a possibilidade de se aplicar uma das receitas em S. João da Madeira.
E a última vez que publiquei um texto sobre o centro foi em 2013, mais concretamente em 31 de Janeiro, explicando a diferença dos conceitos mobilidade e acessibilidade. Sendo fácil de distinguir, se pensarmos em pessoas e automóveis. Verificando como a mobilidade ganha terreno nas grandes cidades, em detrimento das acessibilidades automobilísticas - ao contrário do que é sugerido em alguns textos editados na semana passada na imprensa local.
Desta vez, nada trago de novo para a Praça.
Fica ao critério do leitor verificar a atualidade dos argumentos expressos na última década.
(a publicar no dia 17/04/14)
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