quarta-feira, setembro 16, 2015

Uma década

                A 15 de Setembro de 2005, iniciei a colaboração, de forma espontânea, com o jornal labor, através da publicação de artigos de opinião.

                Nesta semana, pela proximidade de datas, totalizo 10 anos de colaboração regular neste periódico.

                Tempo de efeméride.

                No decorrer desta década, enviei para este jornal um total de 300 textos, segundo as minhas contas. Uma média anual de trinta publicações, o que permite a aproximação aos três textos editados por mês. Embora tal valor seja excessivo e não corresponda a qualquer métrica pretendida. 

                Nos primeiros quatro anos de colaboração, até 2009, o labor publicou 106 dos meus textos. Após esse período, nos três anos seguintes, foram publicados 99 artigos e finalmente, nos últimos três anos, os restantes 95. Ou seja, nos primeiros quatro anos os textos eram publicados de forma menos intensa, dois por mês e pelos números dos últimos seis anos, passei a editar três artigos por mês.      

Uma intensificação na publicação com o avançar dos anos, facilmente explicável.

Tal como referido no primeiro parágrafo, arranquei por iniciativa pessoal. Ao longo dos meses seguintes, com periodicidade intermitente, fui publicando alguns textos, tentando perceber qual a receptividade dos leitores. O frenético lançamento de obras públicas, sobretudo lideradas e idealizadas pelo município, não me deixavam indiferente. Fazia sugestões de obras julgadas necessárias. Lá pelo meio, conseguia ter a audácia de atirar uma crónica romanceada, ou abordar um assunto nacional relacionado com o quotidiano local.

Das poucas incursões que fazia pela cidade, recebia oralmente o reconhecimento pelos textos publicados. Recebia felicitações pessoalmente, trocava uma ou outra ideia com quem tinha lido as minhas opiniões e ia verificando qual o grau de aceitação.

Pelo meio das publicações, ousei abrir um blogue. Alarguei os temas de escrita e assumi a crítica política, na perspectiva de cidadania. Estávamos em 2007. Ao meu lado, numa das páginas do jornal labor, o conceituado Doutor Renato Figueiredo, entretanto falecido, fazia uma apreciação a um dos meus textos. Quase em simultâneo, um leitor amigo sugeria o lançamento de um livro, com a compilação das crónicas. Sinais de reconhecimento e aumento da responsabilidade, enquanto cronista. Embora me mantivesse sempre fiel ao pedido de publicação, que sempre acompanha o envio do texto para o labor, pelo correio eletrónico.

Nos meses seguintes, incrementei a edição de crónicas romanceadas. Ainda assim, tive tempo para a crítica mais incisiva à atividade política. Esgrimi argumentos contra o hipotético vaivém a implementar na linha do Vouga e muito especialmente, fui, desde a primeira hora, contrário a qualquer Centro de Alto Rendimento desportivo a construir nas margens do Rio Ul. Batalhas argumentativas curiosas, que me permitiam estar mais confortável e publicar textos com maior frequência.

A partir de 2010, decidi estudar um pouco mais, fazendo uns cursos de escrita criativa. Aproveitei esse tempo para publicar nas páginas do jornal, alguns dos contos inventados, ficando meses sem me referir ao quotidiano local. Quando o fazia, repetia a fórmula de sempre, preparava-me com dados concretos e com base neles, tecia considerações. Passei a fazer maiores sugestões à política local, deixando a crítica de lado e sobretudo, abandonando as obras públicas. Descobri por essa altura, por exemplo, a proximidade entre o número de eleitores e número de habitantes de S. João da Madeira. Ainda assim, o comentário político não foi abandonado. Terminei esse ano tecendo considerações futuristas: internet sem fios, em todo o concelho, não seria concretizável; e as requalificações de edifícios tendo em vista a sua ocupação cultural não teriam suporte financeiro para ganhar escala regional e nacional.

Os anos seguintes poderiam ser mais do mesmo. Contudo, tive o convite, endereçado pela concelhia local do PS, para participar no Fórum Re:pensar S. João da Madeira e passei a estar mais próximo da cidade. A publicação de textos cruzou-se com a preparação do Fórum, prevalecendo a ideia prévia de cidadania, em lugar do pressuposto partidário. Curiosamente, muitos desses textos aproximaram-me de muitos leitores e finalmente passei a receber telefonemas de agradecimento pela referência, ou pelo tema eleito, ou mesmo, pelas palavras expressas. 

Apesar da minha saída prematura do Fórum, mantendo-me dentro da linha de independência partidária, continuei em 2013, a publicar regularmente artigos no jornal labor. Nesse ano, apenas falhei duas edições e embora tenha reduzido a presença nestas páginas no ano seguinte e no presente (um sinal de inversão na edição), continuo a receber o contacto direto de alguns leitores, com o mesmo incentivo que recebi anteriormente.

Dez anos volvidos, com pouco tempo para muito mais, continuo a escrever regularmente para o labor. Tentando agradar aos leitores e sobretudo, procurando surpreender, mais pelo conteúdo, do que pelo formato, deixando-os inquietos, sem saber qual o tema a desenvolver nas linhas deste jornal.

Neste ponto, com esta carga em cima dos ombros, é natural ponderar a continuidade desta atividade. Por um lado, pesa-se a inatividade na escrita, beneficiando as noites de leitura e sobretudo, a desobrigação de ter um serão ocupado. Por outro, a regularidade da comunicação escrita, o esquematizar argumentos, preencher com parágrafos colunas de jornal. E ainda há uma outra hipótese, suspender a atividade por tempo indeterminado.     

Por agora, no balanço dos 10 anos de escrita, fica o agradecimento aos leitores pelo tempo dispensado e claro, ao diretor do jornal pela oportunidade oferecida, não esquecendo os demais colaboradores do jornal, pela paciência manifestada em aturar os meus atrasos, ou a imprevisão de envio de artigo, em cima do fecho da edição.

 

(a publicar no dia 17/09/15)