terça-feira, outubro 10, 2006

Reentré política sinuosa

Decididamente os tempos estão difíceis para o edil local.
Uma sucessão de acontecimentos nestes últimos meses, podem ter alterado a sua imagem perante os munícipes.
Tudo começou com a implosão da vereação. A saída da Dr. Fátima Roldão, foi um momento crítico para a proclamada coesão da “equipa vencedora”. Ainda por cima, no mesmo momento, na Assembleia de Freguesia, um dos elementos afectos ao PSD optou por abdicar. No caso da ex-vereadora ficou a ideia, com fundamento ou não, de que terá acontecido algo diferente do motivo apresentado para a demissão. Na verdade, na política por mais razões pessoais que se apresentem, espera-se sempre ouvir histórias diferentes. Como as razões apresentadas não satisfizeram, conjectura-se sobre as relações entre vereadores e destes com o Presidente.
Tudo estaria bem com a remodelação efectuada. No entanto, apesar de ser defendido o contrário, o suposto traçado da A32, mais favorável a S. João da Madeira mas, com impacte ambiental negativo, revelou que houve outros concelhos mais habilidosos na arte de negociação. Uma auto-estrada que durante anos foi apresentada como sendo até S. João da Madeira, inclusivamente foi uma das principais promessas eleitorais, afinal e na melhor das hipóteses fica afastada uns 500 metros. Se o traçado A for o escolhido (o que sinceramente espero que aconteça), inaugura-se um período novo na política, promessas eleitorais com tolerâncias, tal como as cotas nos desenhos técnicos.
A capacidade de negociação de Oliveira de Azeméis ficou mais evidente ao manter as Urgências no Hospital do concelho, depois de perder o Serviço de Maternidade. Apesar do próprio Ministro da Saúde, segundo o DN de 10 de Outubro de 2006, sossegar os autarcas dizendo que o estudo não é definitivo. É certo que a Autarquia de SJM reagiu veemente, tendo inclusivamente divulgados números demonstrativos de que a equipa que efectuou o estudo para o Ministério da Saúde não é conhecedora da realidade local. Segundo os dados revelados, em SJM são assistidos mais residentes do concelho vizinho, do que do próprio. O argumento apresentado pelo Administrador do Hospital Distrital de S. João da Madeira sobre as condições da Urgência, comparados com o Hospital S. Miguel é bastante válido. Quem teve a oportunidade de ser atendido nos dois hospitais, facilmente constata as condições de um e de outro. Todos estes argumentos, obrigam a um desgaste extra dos autarcas locais. Defesa de um serviço de saúde que pode alterar a qualidade de vida dos munícipes, é obrigatória. Todavia, o Ministério da Saúde não costuma ser flexível. A ver vamos.
Apesar do endividamento público do concelho não estar entre os setenta mais elevados, o Governo anunciou que SJM iria perder verbas canalizadas do próximo orçamento de Estado. Menos 2,5%, revelava o jornal Público, o que significa que o próximo orçamento municipal será mais apertado, situação que poderá manter-se até 2009. Como se pode ver, tempos difíceis para a gestão autárquica. Nos próximos anos, a capacidade de investimento municipal será menor e a possibilidade de endividamento será muito condicionada, segundo a nova Lei de Finanças Locais. Muitas das promessas eleitorais de 2001 não serão cumpridas.
Veja-se a reabilitação da linha do Vouga, assunto sobre o qual a autarquia ainda não conseguiu enquadrar-se com os seus parceiros geográficos. O Engenheiro Ludgero Marques, presidente da AEP, voltou a referir-se à inevitável extensão do Metro do Porto a sul, até à futura Exponor, que será transferida para o Europarque em Santa Maria da Feira, mais concretamente freguesia de Espargo. Segundo as suas palavras, será uma mais valia importante para o centro de exposições, uma ligação ao centro do Porto por Metro. Em tempos, o trajecto sugerido foi uma ligação paralela à linha do Norte e com uma perpendicular a esta, sensivelmente em Maceda, ligando ao Europarque. A concretizar-se esta ideia o “progresso” volta a ficar aqui ao lado, outra vez a 7 ou 8 quilómetros. Sem querer entrar em discussões de pormenores técnicos como bitolas e distância entre carris, parece-me que a ideia da AEP se poderia conjugar com a vontade de requalificação da linha do Vouga, integrando-a no Metro do Porto. Afinal, o actual traçado do “Vouguinha” dista apenas 2,5 quilómetros do Europarque.
Para culminar, na semana passada, uma coluna do Jornal “O Regional” colocava o Presidente da Câmara de S. João da Madeira em baixa, por não ter comparecido, nem se fazer representar no lançamento de um livro, promovido pela própria autarquia, em convite assinado pelo próprio Presidente. Esta falha, num momento conturbado como este, não foi perdoada nem pelo incógnito “José” ou “Zé”, sempre defensor do trabalho do Presidente da Câmara.
Melhores dias virão.