Em tempos fui deputado Municipal na respectiva Assembleia de S. João da Madeira.
É verdade.
O meu mandato, de substituição a terceiro, durou 6 meses, interrompido pelo regresso do membro efectivamente eleito. Durante esse período, tive a oportunidade de perceber a dinâmica da Assembleia Municipal, o seu regimento, as tácticas e as inscrições sobre um assunto a debater. Não tive propriamente uma participação activa, preferi mais escutar e assimilar do que proferir qualquer palavra sobre determinado assunto. Penso que o facto de estar a prazo e a iniciação política me inibiram um pouco.
Lembro-me que o período antes da ordem do dia me surpreendeu bastante. Reparos, simples reparos eram abordados pelos vários deputados municipais. Estado de conservação de ruas, sinalização de obras e outros assuntos similares eram motivo de intervenções sumárias. Os mais experientes adiantaram-me que essa prática era comum a vários concelhos, pelo que passei a visitar os locais com problemas levantados, para melhor perceber o assunto. Numa sessão, nesse referido período, um determinado deputado alertou para o facto de uma das ruas da cidade, em período nocturno, se encontrar completamente às escuras. Como o assunto me pareceu grave, desloquei-me a essa artéria de noite, para verificar a escuridão. A rua não era muito grande e dois simples candeeiros tinham as lâmpadas fundidas. Com a simples troca, o problema da iluminação ficava resolvido, no entanto, em noites sem luar, de facto, não se via nada. Passado uns dias a iluminação foi reposta, para sossego dos moradores dessa rua.
Recordo este curto episódio, sem importância, para introduzir uma novidade nestes artigos de opinião, precisamente, o reparo. Não por uma qualquer rua mal iluminada mas, porque na principal Avenida da cidade a iluminação nocturna é diminuta. Associada à pequena queixa está um tema importante, a segurança rodoviária da cidade.
Existem na cidade várias passadeiras bem iluminadas, devidamente pintadas, com sinalização vertical eficaz e até com um moderno sistema de sinalização horizontal, através de pequenas lâmpadas intermitentes implantadas no chão. Penso que nessas, as pessoas não têm medo de atravessar porque sabem que o farão em segurança e serão vistas pelos automobilistas. Pelo que tenho lido, ultimamente os atropelamentos rodoviários ocorrem de dia, alguns precisamente em passadeiras e outros na zona pedonal. Infelizmente alguns são mortais, o que levanta sérias reservas sobre a eficácia do patrulhamento policial. Aliás, o principal motivo de insegurança da circulação de peões na cidade é precisamente o atravessar na passadeira. Os transeuntes apesar de já estarem na passadeira, quando um carro se aproxima nunca sabem se este pára ou não.
Na Avenida Renato Araújo entre as bombas de gasolina e a rotunda do Orreiro, devido à construção do novo centro comercial, a iluminação nocturna desta artéria é bastante reduzida. Sinceramente, as passadeiras estão apagadas, a sinalização vertical mal se vê e os modernos sistemas de lâmpadas intermitentes não existem. Como as obras estão para durar, tendo ainda a agravante da construção aérea, a visibilidade nesta avenida será cada vez menor. A probabilidade de surgirem atropelamentos aumentará. Antes que isso aconteça, é urgente intervir, garantindo que o avanço das obras não retirará a visibilidade aos automobilistas e permitirá a todos os que circulam a pé e têm necessidade de atravessar a Avenida Renato Araújo o possam fazer em absoluta segurança, sem receios de atropelamento.
Não tomem este reparo, como qualquer tentativa de oposição à construção do centro comercial. É importante que a sua construção seja efectuada com segurança para todos, prevenindo-se, ou melhor, evitando-se a ocorrência de acidentes rodoviários graves. A PSP como controladora de trânsito tem uma importante tarefa neste sentido, no entanto, a autarquia como “entidade reguladora”, deve manter e projectar os meios necessários para que a circulação de peões na cidade se faça sem receio, por parte dos munícipes.