S. João da Madeira passou do “concelho mais cuidado” para “o melhor para se viver”, segundo o estudo divulgado pelo jornal semanário Sol, em parceria na elaboração com o Intec – Instituto de Tecnologia Comportamental. A evolução, da edição do ano passado para a do presente, baseia-se nas respostas obtidas junto dos munícipes e em dados estatísticos do INE.
A “satisfação com a vida” dos sanjoanenses contribuiu em muito para a classificação obtida, segundo a análise do semanário, publicada na passada sexta-feira, dia 4 de Junho.
Ao longo da divulgação do estudo foi evidenciado um contraste entre os dados subjectivos, correspondente à apreciação dos habitantes locais e os objectivos, referentes aos dados estatísticos. A título exemplificativo:
a) no item Diversidade e Tolerância, S. João da Madeira foi apresentada como liderante no campo dos direitos individuais – aspecto subjectivo positivo - e por outro lado, o aspecto objectivo negativo: “pouca diversidade de população estrangeira que solicita estatuto de residente e fraca proporção de casamentos celebrados entre indivíduos de nacionalidade portuguesa e nacionalidade estrangeira”;
b) em Urbanismo e habitação – um dos destaques do estudo – existem no concelho “os melhores espaços verdes, a maior limpeza de ruas e cuidado com os espaços”, segundo a apreciação dos moradores e em contrapartida neste parâmetro S. João da Madeira não aparece classificado entre os melhores 10 concelhos, dos vinte analisados, motivado pelo parque habitacional devoluto;
c) no parâmetro Acessibilidades e Transportes, S. João da Madeira lidera devido ao cuidado com a sinalização das estradas. Em contrapartida, o fraco acesso à rede de auto-estradas nacionais e o péssimo estado da rede ferroviária não foram considerados.
Na reportagem do Sol, efectuada nas ruas da cidade num sábado de manhã, evidenciou-se outra contradição entre o resultado do estudo e a percepção dos moradores, só que desta vez em sentido contrário: o desemprego é considerado elevado – quando a taxa de empregabilidade do concelho é das melhores, segundo o INE.
O aspecto ambiental, um ponto fraco como mencionado na reportagem, não ficou esquecido. As lixeiras e as toneladas retiradas no Limpar Portugal pesaram mais do que as boas práticas promovidas pela autarquia e mesmo neste ponto, é importante realçar novamente a contradição, pois a percepção dos moradores como se leu no ponto b) é precisamente oposta.
A estes pontos dúbios, de sensibilidade diversa, o estudo aponta alguns pontos fortes do concelho, onde não residem dúvidas, concretamente o parâmetro do Ensino e Formação, com a melhor taxa bruta de escolarização no ensino secundário e com melhores acessos às escolas, além do renovado parque escolar.
Alguns parâmetros deixaram de ser preocupantes: a saúde – apesar da perda de valências do hospital, serviço de urgências incluído, teve como contrapartida a melhoria da oferta de serviços por parte do centro de saúde, veja-se o indicador número de utentes sem médico de família; o turismo – apesar de este parâmetro ter sido uma preocupação dos autarcas e não dos moradores, mais preocupados com a sua debandada da cidade no seu tempo livre, fim-de-semana e férias.
A Felicidade, por fim. A aceitação da sua vida, com o que é oferecido pelo meio envolvente é uma característica da população. A construção do Parque América e o assunto na ordem do dia, o “cheiro a casqueira” são exemplos de resignação. O grau de exigência é baixo. As pessoas contentam-se com o que recebem. Sentem-se satisfeitas com a vida e isso é que é importante.
(a publicar dia 10/06/10)
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