quarta-feira, junho 02, 2010

Silêncio

            A Câmara Municipal de S. João da Madeira, ao manifestar interesse em participar no período de consulta pública do processo de renovação ambiental da empresa Luís Leal, assume ser porta-voz de todos aqueles que têm “queixas do mau cheiro imputado aquela empresa”. Esta tomada de posição, junto da Agência Portuguesa de Ambiente, devido às dificuldades em recolher suporte técnico, poderá não ser suficiente para a resolução deste problema que afecta a qualidade de vida da população da cidade - não esquecendo os moradores da vizinha Arrifana e também de Cucujães, além de outras localidades como Fornos e Mosteirô. Não são apenas os mais 20.000 eleitores de S. João da Madeira que são directamente prejudicados, como se pode ver. Provavelmente é o dobro da população.

            Três concelhos vizinhos, que representam mais de 220.000 mil habitantes. Se fosse feito o protesto pelas respectivas autarquias, obter-se-ia uma maior legitimidade. Se tal acto fosse em conjunto, uma maior visibilidade junto da comunicação social e consequentemente na opinião pública, seria conseguido.

            Por agora, em concreto, só existe a intenção da autarquia local. Facto notável, em coerência com o discurso assumido no passado recente. A promoção da qualidade de vida no concelho não se compadece com atentados ambientais. O fedor do “casqueira” é, infelizmente, um mal-estar, com que os habitantes da cidade aprenderam a viver. Não pode ser eterno. Um péssimo “cartão-de-visita” da cidade.

            Com esta iniciativa, a Câmara Municipal além de assumir a defesa dos interesses da população, retira qualquer possibilidade de agenda política aos partidos da oposição. Nesta fase, qualquer silêncio é crucial e mal interpretado. Seria interessante não serem apenas as autarquias e associações ambientais a participarem na consulta pública. As concelhias partidárias deviam interessar-se, demonstrando estarem atentas aos problemas dos seus eleitores. O alheamento, ou qualquer outra forma de mutismo, acarretará desastres eleitorais nos próximos anos.

              

 

(a publicar no dia 03/06/10)

                       

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