Há 30 anos, ainda na Escola Primária do Parque, nos primeiros dias de Junho, pintava-se a faixa alusiva ao Campo de Férias Estamos Juntos desse ano. Era uma das primeiras tarefas de preparação para o mês seguinte. Distribuir os cartazes promocionais pela cidade, limpar as ervas dos campos e fazer as inscrições dos participantes eram as demais funções. Certos anos houve trabalhos mais árduos, como chumbar ao chão hastes e montar um campo de basquetebol. Tudo era compensado por uns jogos bens disputados nos campos arranjados e por umas braçadas no tanque piscina.
A simbologia nos Campos de Férias foi aparecendo. Os cartazes ganhavam melhor imagem - às t-shirts monocromáticas sucediam-se umas bicolores e mais tarde com várias cores estampadas e com desenhos mais imaginativos. O lago, pensado para uma forma oval, conseguiu ser construído, após várias sessões de enxada a remover terra, num mais adequado paralelepípedo. As alfaias foram aproveitadas para roçar o terreno e transforma-lo num campo de basquetebol - dotando o Campo de Férias com três recintos desportivos: futebol, com umas balizas fantásticas, voleibol e o referido novel campo com 2 tabelas. Nas hastes surgia a bandeira do Campo de Férias e houve um ano, em que apareceu a bandeira da Associação Estamos Juntos.
Cruzo a Avenida Renato Araújo e sigo pela Avenida Arantes Oliveira. Contorno a rotunda e observo, na parede do pavilhão Paulo Pinto, a faixa do Campo de Férias Estamos Juntos.
O primeiro dos símbolos. A história do clube mantem-se viva. Há também cartazes e entretanto, foram surgindo novos atributos. "AEJ o clube das Corgas" profetizei em 2001. Não me enganei. O trabalho dos seus sucessivos diretores, técnicos e atletas fizeram a AEJ ser merecedora de dinamizar uma parte do complexo desportivo das Corgas.
Desde Junho que acedi todos os dias, em alguns mais do que uma vez, ao site da Federação Internacional de Natação e da própria Federação Portuguesa, para verificar a lista de atletas apurados para os Jogos Olímpicos de Londres, nesta modalidade. Fui roendo as unhas, desesperado por não ver a informação que desejava. Tantas vezes acedi que passei a ler uma série de conteúdos disponíveis. 9 de Julho, apareceu-me como a data limite para a confirmação de presenças.
8 de Julho, à noite, o monitor do meu pc tem o nome de Ana Rodrigues, como estando apurada para os 100 metros bruços para os Jogos Olímpicos de Londres. Rejubilei. Agarrei o telemóvel e enviei um sms ao meu amigo Luís Ferreira, seu treinador. Sem resposta. Desconfiei, só atenuando devido à hora imprópria de comunicar. Tive dificuldade em adormecer, esperando uma mensagem de confirmação.
Nada.
No dia seguinte de manhã esperei, desesperei. Comecei a desconfiar do meu otimismo. Imaginei o pior dos cenários. A crise… A burocracia… Tudo me passou pela cabeça. Não consegui pegar no telefone e confrontar o Luís. Depois de almoço, recebo um sms. Era dele. A confirmação. A assinatura de sempre: Estamos Juntos.
Antes de rumar a S. João da Madeira, ao fim da jornada laboral, leio o comunicado do Comité Olímpico de Portugal dessa tarde. Percebi então o receio do Luís. Leio de novo "não ter sido objecto de Wild Card (convite) da FINA, mas sim qualificada de acordo com os rankings de qualificação olímpica (OST - Olympic Selection Time)". Aprecio ainda o destaque dado à Ana Rodrigues pela sua capacidade de trabalho, demonstrada por ser a única atleta presente nas Olimpíadas da Juventude de Singapura, a conseguir o apuramento para Londres.
Caminho para a Piscina Exterior das Corgas. Finalmente chegou o dia de felicitar a Ana pelo seu feito.
Recordo a visão da faixa do Campo de Férias. À minha frente surge a placa da AEJ à porta da sede. Relembro os 30 anos do projeto coletivo.
Atleta Olímpica. A página dourada do desporto desta Associação. Aliás, da cidade de S. João da Madeira.
Missão cumprida.
(a publicar no dia 12/07/12)
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