terça-feira, outubro 09, 2012

A linha

            Há uma linha que distingue a crónica da cidadania. Em sete anos de escrita no labor, colocado nas suas páginas aos trambolhões, do cabeçalho para o rodapé, daqui para o centro e outras vezes nas margens, consegui sobreviver aos efeitos da paginação do jornal e exercer a minha atividade cívica. Na crónica excedi o limite do comentário. Narrei factos, tendo por objetivo alertar a comunidade para problemas existentes no quotidiano da cidade. Insuficientes vezes, introduzi temas na discussão local, utilizei expressões que entraram no léxico dos habitantes, previ acontecimentos e assim, fui transformando a minha crónica num ato de cidadania.
            Há uma linha que demarca o artigo de opinião da política. Nos textos publicados ao longo destes anos, não consegui controlar-me e algumas vezes, julguei o desempenho político dos nossos autarcas. Analisei, deduzi, critiquei e opinei, apresentando soluções para vários assuntos da cidade. Tive lutas solitárias, tão ao meu gosto. Lutei contra o unanimismo. Critiquei o vaivém para a linha do Vouga. O estado apático dos agentes políticos, em alguns períodos, serviram de pretexto para algum abanar de consciência. Defendi outra solução para a margem do rio Ul, que não passasse pela construção do centro de alto rendimento desportivo. Apesar de tudo, toda a opinião expressa foi entendida como reflexo de cidadania.
            Há uma linha que afasta a cidadania da política. É notícia, por estes dias, o aparecimento de um Fórum de debate “sobre as mais variadas temáticas decisivas para o desenvolvimento estratégico do concelho”, promovido pelo Partido Socialista local. Uma das “10 personalidades sanjoanenses, todas elas independentes de qualquer filiação partidária”, sou eu precisamente. Depois de anos a pensar e a escrever sozinho, decidi partilhar as minhas ideias sobre S. João da Madeira com outras pessoas e oferece-las a um partido local. Fui convidado, ressalve-se. Por ora, a minha disponibilidade é apenas continuar a exercer a cidadania, dentro da linha que a separa da política.
            Há uma linha que separa a independência da militância. Continuarei sem qualquer filiação partidária. Dos assuntos encomendados para o Fórum, a minha opinião será ouvida em matéria de Animação Cultural, Atividade Desportiva e Turismo. Todo o meu pensamento, sobre estas matérias, não segue nenhuma linha partidária. São expressão de reflexões elaboradas ao longo de anos, justamente nas páginas do jornal labor. Articular essas ideias, assimiladas pelos leitores em primeira mão, é o propósito e o fio condutor de apresentações futuras. A linha da independência politica jamais será atravessada.
            No próximo ano continuarei a publicar as minhas crónicas, os meus artigos de opinião e a exercer a minha atividade cívica nestas páginas, se a direção do labor assim o entender, obviamente. Divulgarei aqui as ideias a apresentar nos debates atrás mencionados, no entanto, haverá uma linha a separar o jornal do Fórum Re:pensar a cidade.    
 
(a publicar no dia 11/10/12)

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