quarta-feira, outubro 24, 2012

Homenagem

                No dia 11 de Outubro aproveitei o convite da direção da Academia de Música, para assistir à inauguração das suas novas instalações. Aguardei pelos convidados especiais, assisti ao descerrar da placa alusiva, à bênção do espaço e percorri os três pisos das instalações. Gostei do que vi. O projeto do arquiteto Carvalho Araújo divulgado em 2008 ainda estava presente na minha memória, por isso não tive aquele efeito de surpresa, pela transformação do interior do edifício.
Entre os presentes, revi vários amigos e conhecidos, acompanhados pelos seus filhos, estudantes na academia. Preparava-me para me ir embora e soube que professores e alunos iriam tocar umas peças.
Fiquei.
Ouvi os discursos oficiais, atentamente, até ao fim. Causou-me incómodo não haver nenhuma referência à direção da Academia. Pelo trabalho desenvolvido nestes 31 anos na formação musical e humana de vários jovens, entregando-os ao mundo… musical; pela paciência demonstrada pelo atrasar das obras; e sobretudo, pela motivação de divulgar a música, os compositores e os seus intérpretes. Este branqueamento deveria ter causado mais burburinho do que a brancura das pedras da fachada do edifício.
Valeu a inspiração do artista Armando Tavares, ou se preferirmos, o reconhecimento dos agentes da expressão artística, ao presentear a direção da Academia de Música com um dos seus quadros. Uma homenagem merecida, a duas pessoas de valor cultural reconhecido.
Na entrevista concedida por ambas ao jornal labor, evidenciaram ambição, ao constatarem a oportunidade oferecida pela ampliação das instalações, desejando alargar o leque de atividades da academia, transformando-a no futuro numa moderna e dinâmica escola de artes.
Voltar à Academia é regressar aos tempos de homenagem.
Em Novembro de 2008, desloquei-me à Academia de Música de S. João da Madeira, para assistir ao concerto de homenagem ao Dr. Renato Figueiredo, dois meses após o seu desaparecimento. Das várias músicas interpretadas, houve uma que particularmente me sensibilizou, o Adágio / 2º Andamento do Concerto de Aranjuez, de Joaquin Rodrigo, interpretada ao piano por Nelly Santos Leite e à guitarra por Gustavo Brandão, seis meses antes do seu falecimento.
                Um ano depois, voltei a entrar no auditório Marília Rocha, para assistir a nova homenagem ao Dr. Renato Figueiredo, desta feita organizada pelo grupo de teatro liderado por Magalhães dos Santos.
A evocação do encenador permite recordar o seu pedido, de uma das salas da nova Academia ser batizada com o nome do seu antigo diretor financeiro – Renato Figueiredo. Certamente que Magalhães dos Santos, não se importará de eu aproveitar as suas palavras de outrora e alargar o seu retro ao professor de guitarra Gustavo Brandão, pedindo também para perpetuarem a sua memória, atribuindo o seu nome a uma sala da nova Academia.
                Esperemos que as omissões oficiais, não inibam a direção da Academia de recordar o seu passado.  
 
(a publicar no dia 25/10/12)

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