Amanhã realiza-se mais uma sessão do Fórum “Re:Pensar a cidade” cujo tema será: Animação Cultural para mais cidade. Ao preparar a minha intervenção, uma análise pessoal sobre a atividade cultural de São João da Madeira, senti a necessidade de validar o diagnóstico junto dos agentes locais e por outro lado, procurei conhecer as suas diferentes realidades.
Munido da minha síntese, entrei em contacto com várias instituições da cidade. Nalgumas fui recebido pela direção, noutras ouvi concertos ou assisti a aulas. Alguns encontros foram em cafés, por facilidade de ambas as partes, ou por ausência de sede da associação visitada.
Todos estes encontros preparativos do debate, obrigaram-me a percorrer mais quilómetros do que habitualmente faço, a fazer mais telefonemas por semana, a dispor do meu tempo livre e a fazer despesa extra em alguns dos cafés onde me sentei. Na maioria das vezes, atravessei sozinho as portas dos diversos locais, sem fotógrafo, nem claque de apoio, nem jornalista para ouvir o conteúdo das conversas.
O objetivo de verificar a dedicação dos munícipes ao associativismo, o aproveitamento dos seus tempos de lazer com hábitos culturais, foi amplamente conseguido.
Mais do que transmitir números da atividade das várias instituições, ou entidades comerciais, pois existem negócios na área cultural em S. João da Madeira, importa é referir a cumplicidade demonstrada por pessoas que até então desconhecia.
Expliquei o meu propósito, recolhi opiniões importantes. Fiquei mais conhecedor da história das associações que se dedicam à cultura, das suas dificuldades e das suas ambições.
Apurei os sentidos. Simpaticamente num dos locais das artes ofereceram-me fogaça, prontamente degustada. Revi velhos conhecidos, um deles ao reconhecer-me, mediante a minha apresentação, não conteve o contentamento e efusivamente deu-me abraços e palmadas, apropriadas ao momento, nas costas. Senti o cheiro das tintas numa aula de pintura, o ar abafado de uma sala após uma aula de ballet. Ouvi professores de música, apesar dos salários em atraso, a excederem-se numa atuação pública, juntamente com os seus alunos. Vi as fardas da Banda de Música armazenadas na sua sede, apreciei as cores dos quadros dos alunos do Centro de Arte. Vi instalações adaptadas, instalações obsoletas, estruturas inadequadas. Por outro lado, visitei em funcionamento letivo a renova academia de música.
Relembrei as dificuldades do associativismo. A falta de recursos humanos nas associações. As poucas dezenas de sócios. Os órgãos sociais a serem preenchidos por pessoas que pretendem dedicar-se às artes. Oferecendo o seu tempo livre a questões burocráticas, em prejuízo da sua performance como artista. Apelei à continuidade de algumas associações, em período de funcionamento intermitente.
Ficaram por ouvir algumas das associações com dedicação à cultura. Faltou-me tempo para visitar alguns empreendedores culturais.
Neste último mês procurei recolher uma amostra da cultura da cidade. Da tradição popular ao eruditismo, do clássico à modernidade, nas mais diversas áreas ou artes a que a comunidade se dedica.
Encontrei suporte, em toda esta auscultação, para a minha ideia inicial, desenvolvida na apresentação pública do Fórum Re:pensar a cidade: é preciso valorizar as pessoas.
A cultura em S. João da Madeira necessita de personalização. O lenitivo para a promoção da cidade.
O debate realiza-se amanhã – dia 23 de Novembro – às 21h30m, no Museu da Chapelaria.
(a publicar no dia 22/11/12)