O Presidente da República promulgou o diploma que aprova a reforma administrativa de Lisboa. Recorde-se que o tinha vetado em julho.
Em causa estava a redução de 53 para 24 do número de freguesias da capital, criando-se a freguesia do Parque das Nações, com uma parte do território a ser transferida do município de Loures.
A Câmara Municipal de Lisboa conseguiu antecipar-se à reforma administrativa do poder local, ponderada pelo atual Governo. O executivo liderado por António Costa propôs uma diminuição significativa de número de freguesias, independentemente do importante passado de cada uma, da sua história. Pesou mais a atualidade, o número de eleitores por freguesia e o ganho que esta reorganização do poder local pode trazer ao erário público, do que quaisquer outros argumentos partidários.
A Câmara Municipal da capital foi pioneira.
Das suas congéneres espalhadas pelo país, apenas setenta, num universo de trezentas e sete, se propuseram a analisar o seu mapa de freguesias. As restantes deixaram o caso entregue ao Governo e à sua “Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território”. Ressalve-se alguns casos em que nada havia a analisar, como por exemplo, S. João da Madeira, entre outros.
Um pouco por todo o país, assistiu-se a um debate aceso entre os executivos e a respetivas oposições municipais.
Lisboa não foi exemplo, para os correligionários de partido de António Costa. Nalguns casos, como em Guimarães, aprovou-se uma redução de 21 freguesias. Noutros, em oposição, utilizou-se argumentos contrários à reforma, do mesmo nível que os apresentados em Guimarães… pelos opositores.
Nos livros de Tintim, idealizados por Hergé, surgem em algumas aventuras, dois detetives vestidos de fato preto, ambos portadores de chapéu e bengala, à primeira vista semelhantes, excetuando a ortografia dos seus nomes, um termina em “D” e outro em “T”, não sendo por isso irmãos gémeos. Dupont e Dupond, ou “os Dupondt” têm uma particularidade, se um completa uma frase, o outro acrescenta “eu diria mais”, repetindo a frase do outro. Um único detalhe físico permite distingui-los: é a forma dos bigodes - o de Dupont abre para a face e o de Dupond quebra a direito.
Na política autárquica deveria ser mais fácil distinguir os partidos. A diferença não pode ser apenas ortográfica, como a letra final dos “Dupondt”. A argumentação da política local não se pode assemelhar a uma vacuidade, repetindo-se as mesmas considerações de outros. No fundo e resumindo, tudo se assemelha, a um passatempo de jornal, descubra a diferença, com apenas uma, impercetível, como os bigodes dos detetives desenhados por Hergé.
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