No debate sobre a atividade desportiva em S. João da Madeira, realizado no âmbito do Fórum Re:pensar a cidade, quatro ideias foram expressas pelo painel de convidados:
- o papel do poder local no desenvolvimento desportivo do país, expressa por Vicente Moura, tendo em conta a construção de infraestruturas desportivas municipais e pelo apoio às coletividades desportivas;
- a sustentabilidade das modalidades desportivas, sobretudo através das quotas pagas nos escalões de formação e pelos masters (atletas com mais de 25 anos), defendida por Pedro Sarmento;
- o pioneirismo de S. João da Madeira, evocado por Augusto Araújo - grande conhecedor da história desportiva da cidade - quando referiu o empreendedorismo da população local em matéria de equipamentos destinados à prática de desporto.
- a felicidade manifestada por Ana Rodrigues, por ter participado nos Jogos Olímpicos de Londres, apesar das contrariedades vividas na preparação.
Na apresentação do debate, expressei a minha ideia sobre a atividade desportiva. Defendi a existência de cinco fases no desporto: a captação, o ensino, as competições, o alto-rendimento e uma última, equivalente à manutenção da boa condição física, em idades posteriores à do período de competição.
As três primeiras fases correspondem respetivamente ao primeiro contacto com a modalidade, à noção generalizada do desporto a praticar e ao desenvolvimento de competências físicas dos atletas, através do treino e dos jogos. No topo destas fases temos a alta competição, correspondendo à participação em campeonatos absolutos, ou às equipas seniores participando nos nacionais em divisões superiores.
A quarta fase envolve o alto rendimento desportivo, caraterizado pela chamada à seleção nacional ou pela integração no programa olímpico, mediante obtenção de marcas pessoais correspondente à exigência fixada.
No último nível, temos os praticantes de atividade física, que não pretendem competir em alto nível, pretendendo apenas manter a boa forma física, procurando exercitar-se em termos individuais, ou em equipa, utilizando os espaços disponíveis da cidade.
Com este enquadramento e atendendo aos sensatos conselhos do painel como, a coordenação entre o desporto escolar e o associativo e por outro lado, o evitar megalomanias na construção de equipamentos desportivos (é sempre bom ouvir), devemos perguntar como deve ser feita a gestão desportiva municipal?
Envolvendo os técnicos das associações e professores de educação física das escolas, poderá desenvolver-se um plano integrado de desenvolvimento desportivo, lançando-se a captação e ensino de várias modalidades. Seguindo os ensinamentos do professor Pedro Sarmento, estas modalidades podem ser auto sustentáveis, pagando toda a competição.
Se assim for, uma sustentação conseguida a médio prazo, o papel da autarquia deve canalizar-se para outros campos. Se seguirmos os conselhos dos convidados e fugirmos da construção desenfreada, poderá ser lançado em alternativa um programa ambicioso melhoria da qualidade desportiva dos atletas da cidade. No limite este programa poderá dar apoio a atletas com potencial olímpico, continuando-se na senda do pioneirismo desportivo, defendido por Augusto Araújo.
Uma ideia que poderá mudar o paradigma do desporto nacional: a envolvência das autarquias nos programas olímpicos. O que a fazer fé nas palavras iniciais de Vicente Moura, só assim será garantido novo desenvolvimento desportivo do país.
Ao ouvir Ana Rodrigues a expressar o seu contentamento por toda a sua carreira, percebi que não estava errado ao propor ambicioso título para o debate, da passada sexta-feira. O sucesso desportivo não vive apenas de medalhas olímpicas. O esforço e o sacrifício de Ana foram compensados pela felicidade de estar presente nos Jogos Olímpicos.
É importante que sejam criadas melhores oportunidades para as gerações vindouras.
A população de S. João da Madeira carateriza-se pela ambição, sobretudo, a que se dedica ao desporto.
(a publicar no dia 21/02/13)
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