quarta-feira, março 06, 2013

Independanças

            Março entrou no calendário sem pedir licença a fevereiro.
A brusca mudança de mês deixou uma série de assuntos por tratar. Por escrever, neste caso. Agravando-se pela excessiva ocupação na divulgação e preparação do debate sobre desporto. Com tanta insistência na temática, corri o risco de ser relegado para o meio dos resultados desportivos, ou situar-me lado a lado com os relatos dos jogos. Não desfazendo.
Volto a temas incertos.
Houve vários acontecimentos em fevereiro a pedirem reflexão.
Nomeadamente política.
Em primeiro lugar, a iniciativa de plataformas independentes, ao interporem providências cautelares para impedirem a candidatura ao 4º mandato dos autarcas Luís Filipe Menezes e Fernando Seabra. 
Como a legalidade destas candidaturas é duvidosa, o esclarecimento solicitado pelo 3º Juízo Cível do Tribunal da Comarca do Porto obriga a trabalho prévio dos partidos políticos, especialmente no sentido de garantirem que não estão a violar a lei. Confrontado com esta ambiguidade, a classe política autárquica não só pretende interpretar a lei ao seu jeito, ou caso haja ilegalidade, deseja-a alterar, conferindo legitimidade às candidaturas
A iniciativa destes movimentos independentes é um sinal de que a sociedade civil tornou-se intolerante para com os políticos portugueses. Não está a julgamento a capacidade de gestão do endividamento, ou pelo contrário, a resposta aos anseios da população, apenas se pretende prevenir o oportunismo na interpretação das preposições de leis e evitar que questões gramaticais ocupem o tempo dos portugueses.
As candidaturas mencionadas ficam a aguardar a resposta da Justiça, em tempo útil, ou seja, até meados de Agosto, do presente ano.
A consciência política dos novos movimentos de independentes, à semelhança do que se passa em alguns países europeus, obrigou os partidos políticos a encenarem uma abertura.
Nestas autárquicas, por sobrevivência, as estruturas concelhias promovem grupos de reflexão. Algumas procuram programa político, outras mais redutoras procuram preencher listas, outras mais ambiciosas tentam apresentar candidatos.
Existem nomes de figuras independentes a serem testados em sondagens políticas, patrocinadas pelos maiores partidos. Concretamente em S. João da Madeira. 
Enquanto isto, há figuras independentes a apresentar candidaturas, como Rui Moreira no Porto, conseguindo apoios suprapartidários e não só.
Tudo isto para umas eleições autárquicas, marcadas como sempre, pelos perfis dos candidatos.
Depois de Outubro, tudo será diferente.
A independência encontrará afinidades nos indignados, nos movimentos de contestação, ou mesmo nos Juízes e novos valores políticos serão erguidos.
O tempo é de mudança.
Tal como o mês de março, também as modificações sociais não vão pedir licença e um novo período entrará no calendário.
 
(a publicar dia 07/03/13)
 
 

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