Na última edição de 2013 proponho-me a fazer o balanço de um ano que foi muito marcado pelas eleições autárquicas de Setembro.
Recordando as edições impressas dos jornais locais, houve importantes inaugurações, nomeadamente da Casa da Criatividade e da Oliva Creative Factory, incluindo a devolução à cidade dos espaços da torre da antiga metalúrgica.
O poder autárquico prosseguiu com a ampliação da zona industrial e com a renovação do parque escolar, finalizando a modernização da Escola básica das Fontainhas.
Os feitos desportivos dos atletas, das mais variadas associações locais, receberam o devido destaque. Sendo importante referir que tanto em modalidades tradicionais, como em modernas sem ainda reconhecimento olímpico, os desportistas da cidade conseguiram excelentes desempenhos, a nível regional, nacional e internacional. Um sinal compensatório para quem se dedica diariamente ao treino, abdicando do conforto doméstico, comprovando a essência do ecletismo no desporto local.
Voltando ao tema político, o período da pré-campanha às eleições de Setembro começou antes da nomeação de Castro Almeida para secretário de Estado. A sua substituição causou perplexidade. O vereador, eleito como número dois em 2009, assumia democraticamente a presidência da Câmara. Ricardo Figueiredo, um mês após ser anunciado como candidato do PSD à autarquia, atingia o lugar, sobre um coro de incompreensíveis protestos.
A pré-campanha continuou a merecer o destaque da imprensa, até ao mês de Julho. A apresentação dos seis candidatos ocupou outras tantas semanas, não se destacando um discurso diferente, normal neste período, das promessas vãs, para captar descontentes.
Uma sondagem lançada no princípio de Agosto retratava os meses antecedentes. Nos primeiros dias de Setembro tudo mudou. Ao jeito da fábula da formiga e da cigarra, os partidos e movimento independente passaram a fazer o trabalho de campanha, o porta-a-porta, a criar factos para manchete dos jornais, a apresentar candidatos, programa eleitoral e a mostrar capacidade de mobilização. Um trabalho sério que alterou o sentido de voto, como ficou demonstrado na sondagem publicada, quatro dias antes das eleições, pelo jornal labor.
Os resultados eleitorais comprovaram a aproximação prevista na última sondagem. Perante tal cenário, à boa moda nacional, todos reclamaram vitória. Os que ganharam, os que perderam, os que foram eleitos e os que não foram… Um facto que condicionou o período pós eleitoral.
Os dois meses seguintes à eleição têm sido intensos. A atividade partidária intensificou-se. Os acontecimentos das reuniões de Câmara, da Assembleia Municipal e até da Assembleia de Freguesia provocaram comunicados, esclarecimentos e troca de acusações. Esgrimiram-se argumentos, num tom pouco saudável, para os leitores ajuizarem. Um clima pouco pacífico, surgindo num texto uma acusação de fascismo a um partido de esquerda. Algo inédito na democracia portuguesa, que não mereceu qualquer repúdio veemente dos dirigentes locais desse partido, ao contrário de outras picadelas, com acusações menores.
A guerrilha política prolongou-se para as páginas on-line dos jornais locais. Comentários anónimos surgiram antes da eleição a apoiar uns e a repudiar outros. Longe dos olhos da maioria dos leitores, estes comentários são uma forma cobarde de fazer política. O refúgio no anonimato, ou num falso nome, demonstram uma falta de carater para quem usa essa técnica para atacar os outros. A sua publicação não isenta de culpa as redações dos jornais, que optam por dar cobertura a esta forma de atuar, não colhendo qualquer benefício deontológico, apenas promovem um clima de conspiração, a roçar a provocação e perto do insulto.
A contrastar com tudo isto, temos a atitude silenciosa do Presidente da Câmara. Sem se esquivar ao confronto, Ricardo Figueiredo vai-se habituando a viver sem maioria, uma estratégia que coloca demasiada pressão sobre a oposição. Escrevo sem saber em que ponto está a aprovação do Orçamento para 2014, no entanto, a maioria dos eleitores espera o cumprimento do mandato até 2017. Qualquer antecipação das eleições, um cenário desejado por muitos, pode ser penalizador para quem cobiça, no entanto, a estratégia de fazer oposição quatro anos, pode trazer resultados catastróficos, como o verificado entre 1997 e 2001, pelo atual partido da oposição. Um cenário em que viveu o PSD de 1985 até ao final do século.
Dilemas…
Já entrei em capítulo de projeção, por isso, é o momento de desejar um Excelente 2014 aos leitores.
Recordo as minhas palavras da semana palavra, a edição destes meus textos passará a ser irregular, por isso, além dos votos acima enviados, aproveito para me despedir da mesma forma que outros dois cronistas do labor: um abraço e até já…
(a publicar no dia 27/12/13)